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2696 I SÉRIE-NÚMERO 74

à cultura normal, certo é que a produção média da Europa em 1974 foi de 40 t/hectare, o que corresponderam 6000 kg a 7000 kg de açúcar.
Por outro lado, não podemos deixar de sublinhar os reflexos que na modernização tecnológica da agricultura e nas condições de vida das populações a cultura em causa pode desencadear, e tem desencadeado, em muitas regiões e países. Neste ponto, vamos recorrer à autorizada opinião de alguém, que sempre tem lutado pela valorização do mundo rural, o Prof. Castro Caldas, economista agrário e sociólogo rural. Este autor, ao considerar a beterraba uma «cultura revolucionária», tece a seguinte apreciação:
Deve ter-se em conta que tal efeito (revolucionário) se repercute não somente na balança do comércio externo, pela redução das importações de açúcar, mas, principalmente, noutras actividades produtivas, como a pecuária e os cereais, pelo aproveitamento de subprodutos da extracção do açúcar e pela transformação alcançada ao nível das rotações de culturas na exploração agrícola que adopta a beterraba, aumentando os seus efectivos de gado. É por isso que se pode, com propriedade, afirmar que a introdução da cultura da beterraba sacarina em Portugal é problema de dimensão desmedida para quem só tenha capacidade para ver, neste problema, «uma indústria», sem ter a possibilidade de avaliar o que pode significar a introdução num sistema agrário de uma cultura «revolucionária».
Face aos diversos argumentos expendidos que apontam, sem dúvida, no sentido de um balanço nitidamente favorável à introdução da beterraba, tanto no domínio económico, como no social, imperioso se torna afirmar que a decisão de passar da fase de ensaios à realidade da execução efectiva é incontestavelmente uma decisão política. Assim, é no plano político que os responsáveis deverão tomar decisões claras sobre esta questão, cujo protelamento, excessivo a nosso ver, não tem servido, nem de perto nem de longe os reais interesses do País e da sua comunidade rural.
Ao tratar-se de um assunto tão importante, como o é de facto, a questão beterrabeira e a sua introdução em Portugal, não podemos deixar de sublinhar o que recentemente escrevia um vespertino da capital:
Apoiando-se em factos produzidos ao longo do julgamento, acusou o industrial espanhol de «ter impedido a implantação da indústria de beterraba em Portugal, obedecendo provavelmente a interesses inconfessáveis».
A este propósito, não pode deixar de apelar-se para as entidades competentes, no sentido de esclarecer os aspectos obscuros que eventualmente tenham impedido até agora a concretização do cultivo e industrialização de uma cultura que se projecta com notórios benefícios no domínio social e económico e que à agricultura portuguesa tem sido vedada. Melhoria social e económica que advirá também do facto de a partir da industrialização da beterraba sacarina os cultivadores possam beneficiar de uma parte significativa do valor acrescentado a que muito legitimamente têm direito e flagrante necessidade. Pelo que, Sr. Presidente e Srs. Deputados, se torna cada vez mais instante a necessidade de o Governo accionar de forma decisiva todos os mecanismos que gradativa, mas resolutamente, levem à prática a adopção e industrialização da cultura da beterraba. Objectivo que já sobejamente adiado, muito importa concretizar quando tanto se procura equilibrar a economia portuguesa e consolidar na nossa terra a democracia política, económica e social. Democracia menos para nós próprios, é certo, e muito mais para os nossos vindouros; mas o amanhã dos camponeses e o futuro da democracia portuguesa é o que mais nos importa e anima.

Aplausos dos Deputados independentes sociais-democratas e dos Srs. Deputados Guerreiro Norte (PSD) e Faria de Almeida (CDS).

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Adriano Rodrigues.

O Sr. Adriano Rodrigues (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não foi ainda aprovado, nem sequer discutido a nível nacional, o projecto do estatuto do professor e daí a dificuldade que, em geral, se sente para definir em termos estatutários o que é um professor.
Naturalmente há um consenso geral sobre o que deve ser um professor. Esse consenso avalia-se até pelas críticas frequentes ao deficiente exercício da docência. Mas também, em qualquer sociedade evoluída, o papel dos professores é considerado muito importante e sobre eles pesam as graves responsabilidades da preparação da juventude. A sociedade exige do professor mais do que a prática burocrática de um funcionário.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Durante os decénios do regime anterior, os professores eram proletários sacrificados às poupanças financeiras, que engrossavam os cofres do erário nacional.
Durante dezenas de anos, às vezes até atingirem a reforma, os professores profissionalizados não ganhavam férias, por falta de vagas onde efectivar. A exiguidade dos quadros exigiam serviço eventual, recorrendo, para manter o ensino, a mão-de-obra barata, só possível pela dificuldade de emprego. Ouvi uma vez formular a pergunta: «O que é preciso para se ser professor»?
A resposta, que para ser correcta exigiria o manejo de tratados de pedagogia, foi simplesmente esta: «Para ser professor basta estar desempregado!...»
A par de muitas pessoas infelizmente mal recrutadas, existem os verdadeiros docentes que, para lá das horas de aula, continuam a preocupar-se com a sua missão de educadores. É sobre estes que chamo a vossa atenção.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Há um ano aprovámos nesta Assembleia a lei das fases, que viria satisfazer justos anseios dos docentes.
Mas a burocracia retardou o processo e só agora estão a ser concedidos os direitos adquiridos pelos professores, que em muitos casos aguardavam desde 1976...