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2458 I SÉRIE-NÚMERO 56

da mar, e em toda a sua reduzida população poderia - Deus nos livre de tal situação - ser utilizada como reféns para fins inconfessáveis.
O PPM entende ser essencial a presença das forças militares de terra, mar e ar de Portugal na ilha de Santa Maria ou, no mínimo uma eventual transferência da Força Aérea Portuguesa das Lajes para aquela ilha, o que, independentemente do atrás exposto, viria obviamente a activar a economia de Santa Maria, cuja população não pode continuar a fazer figura de parente pobre perante outras existentes no arquipélago.
Ao saudarmos a decisão agora tomada, quanto à política aérea, pelo Governo Regional não quisemos, porém, deixar de avançar com estas sugestões, que julgamos pertinentes e para os quais o PPM chama a atenção quer do Governo Regional, quer do Central.
Porém, a última palavra deve caber sempre aos nossos irmãos portugueses açorianos, ao seu desejo de autonomia e liberdades autênticas, que vêm das profundezas legítimas da história, bem expressa, aliás, na sua bandeira.

Aplausos do PPM, do PSD, do CDS e do Sr. Deputado reformador Medeiros Ferreira.

Durante esta intervenção reassumiu a presidência o Sr. Presidente Leonardo Ribeiro de Almeida.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados; A AD prometeu mudança, progresso e competência.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Sentem agora na carne os Portugueses, mesmo aqueles que votaram AD, o que é a política reaccionária traduzida na estagnação e na mais descarada corrupção e incompetência. Exemplos? Muitos por esse país fora! Hoje apontaremos aqui apenas dois, mas que são bem demonstrativos do que atrás dissemos: a luta do povo da ilha de Santa Maria e a corrupção na Câmara de Vila Flor.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: O povo de Santa Maria, os próprios autarcas da AD - e, pasme-se -, a própria organização local do PSD -, iniciaram um processo reivindicativo contra a prepotência e a política ruinosa, para as populações de Santa Maria por parte do Governo Regional do PSD.
O Governo Regional do PSD dos Açores decidiu, em Abril último/que o Aeroporto das Lajes, na ilha Terceira, passasse a ser a placa giratória para os voos intercontinentais e o de Santa Maria para as escalas técnicas.
Esta arbitrária decisão provocou a imediata demissão da vereação e de alguns membros da Assembleia Municipal de Santa Maria.
É claro que a questão central não é evidentemente o problema técnico das escalas. O problema de fundo é que o Governo Regional não segue uma política de desenvolvimento regional que favoreça as populações e, estas, sem alternativa, vêem na questão do Aeroporto a solução dos seus graves problemas.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Devido à situação desesperada em que o povo se encontra, todos os anos abandonam a ilha milhares de açorianos. Mas são cada vez mais as vozes que se levantam clamando que o ostracismo a que a ilha foi votada faz parte do plano do Governo Regional e da NATO para despovoarem a ilha, a fim de aí se poder instalar a NATO com todo o seu potencial bélico de agressão aos povos do mundo em luta.
O povo de Santa Maria respondeu a estes planos com a sua unidade e a sua luta.
A greve geral na ilha teve uma aderência de 100% e a manifestação que ao fim da tarde de ontem se realizou teve a participação de cerca de 1500 pessoas.
Assim começa o fim da AD. O povo, mesmo aquele que, enganado, nela votou, levanta-se por toda a parte em manifestações de protesto e de exigência das promessas não cumpridas.
O povo começa a ver o que é a «mudança» dos senhores da AD e começa, de facto, a lutar pela mudança no sentido da liberdade e ao progresso, no sentido do 25 de Abril.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: O clamor contra as traficâncias e a corrupção dos políticos da AD e dos seus servidores ganha cada dia uma nova dimensão,
É de mais uma denúncia firme e consequente contra a utilização, abusiva e criminosa, de bens que pertencem à comunidade que hoje aqui vou falar.
Tino Navarro é membro do Conselho Nacional da UDP e membro da Assembleia Municipal de Vila Flor.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Acumula tudo!

O Orador: - No dia 12 do corrente endereçou uma carta pública ao Presidente da Câmara de Vila Flor, um conhecido cacique da AD, o Sr. Ramalho.
Nessa carta pública, Tino Navarro fazia uma série de graves denúncias sobre a utilização de material e pessoal da Câmara ao serviço da construção de uma moradia para o presidente da Câmara.
Igualmente o representante da UDP requeria uma sessão extraordinária da Assembleia Municipal para que o presidente da Câmara respondesse às acusações que lhe eram feitas.
A resposta do presidente, cacique da AD, e dos seus acólitos não se fez esperar. Assim, arregimentaram cerca de uma dezena de trabalhadores que se dirigiram à sala do liceu onde Tino Navarro dava aulas, provocando-o e exigindo-me explicações.
Igualmente o director do liceu onde o representante da UDP lecciona recebeu ameaças telefónicas de que seriam colocadas bombas no edifício.
O presidente da Câmara respondeu por escrito ao representante da UDP não desmentindo uma única das treze acusações que lhe eram feitas, só que as justificava com autorização que teria do executivo AD na Câmara para se banquetear com os bens do povo.
Durante a Assembleia Municipal o Sr. Ramalho, e perante uma sala cheia de populares, não abriu a boca. Durante as intervenções o povo manifestou-se a favor da posições da UDP.
No recomeço da Assembleia Municipal, às 20 horas, o presidente da Câmara não compareceu e o povo que se encontrava na reunião desfilou pelas ruas de Vila Flor gritando: «A luta continua, Ramalho vai para a rua!».