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1516 I SÉRIE - NÚMERO 48

O tenente-coronel Salgueiro Maia foi, acima de tudo, um homem de coragem, um homem de espinha direita, um homem que enfrentou todas as questões que a vida lhe colocou com grande dignidade, grande sentido da responsabilidade e grande compreensão dos desafios que a história lhe colocava. A coragem de Salgueiro Maia começou a revelar-se publicamente, ainda durante a guerra colonial, quando ele, comandante de companhia, já a questionava e aos seus soldados insinuava a necessidade da resistência e do fim da guerra. Continuou com o acto heróico do 25 de Abril em que, no Terreiro do Paço e no Carmo, teve um papel decisivo, cumprindo de forma altamente dignificante, para si próprio e para o Movimento dos Capitães, a responsabilidade que a história lhe colocou.
Também não quero deixar de sublinhar o sentido da participação popular que, de imediato, ele introduziu no Movimento dos Capitães, ao perceber que toda aquela gente que se concentrou no Terreiro do Paço era quem iria dar o sinal profundo das transformações do 25 de Abril. Depois há a coragem com que enfrentou uma hierarquia militar que não dignificou devidamente o seu papel nem o que Salgueiro Maia merecia.
Finalmente, quero sublinhar a grande coragem com que enfrentou a doença, desde o primeiro momento, sabendo o que o esperava, sempre de cabeça erguida e sempre sem diminuir o seu empenho e o seu trabalho na lula pela democracia e pela liberdade que todos tanto lhe devemos.

Aplausos do PS e do PCP.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Raul Castro.

O Sr. Raúl Castro (Indep.): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Naturalmente, associo-me inteiramente ao voto de pesar apresentado pelo Partido Socialista, visto que se trata, ao menos agora, na morte, de prestar justiça ao tenente-coronel Salgueiro Maia.
Mas não podemos esquecer-nos que a morte daquele que foi uma figura exemplar de militar do 25 de Abril tem atrás de si uma vida que, segundo a biografia publicada no Expresso, inclui as notas que passo a citar. Comandou no dia 25 de Abril, no Largo do Carmo, a força militar que obrigou Marcelo Caetano à rendição; dois anos depois da Revolução foi «despachado» para os Açores e colocado na secretaria do quartel-general; em Dezembro de 1979, ó apresentado na direcção da arma de cavalaria e, «à falta de ocupação, aproveitou a oportunidade para estudar e concluir o curso de Ciências Sociais e Políticas», tendo sido nomeado comandante do presídio militar de Santarém. Neste período, nunca a Escola Prática de Cavalaria, a que sempre pertenceu, o convidou para as comemorações do dia da unidade.
Agora que Salgueiro Maia morreu, é estranho que aqueles que com ele tinham uma «conta corrente com saldo fortemente negativo» sejam incapazes de levantar a voz e de se unirem ao coro de elogios que lhe são prestados.
Possa ao menos a Assembleia da República corresponder agora, embora tarde, e ir ao encontro daquilo que é devido à memória de Salgueiro Maia, prestando-lhe a nossa comovida homenagem.

Aplausos do PS e do PCP.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Depois de o meu colega de bancada ter apoiado o voto de pesar apresentado pelo Partido Socialista, é agora (empo de apoiar as palavras de V. Ex.ª sobre a morte de monsenhor Moreira das Neves.
Pároco de aldeia no começo da sua vida eclesiástica, monsenhor Moreira das Neves foi um grande jornalista da sua época e, acima de tudo, foi o biógrafo do cardeal Cerejeira. Por mais distintas que sejam as interpretações da história nesta Câmara, ninguém poderá negar que o cardeal Cerejeira foi um dos grandes bispos da Igreja portuguesa e o seu biógrafo deixou para a posteridade, uma marca indelével da personalidade que descreveu e também a sua própria, devido à mestria com que soube fazê-lo.
A morte de monsenhor Moreira das Neves traz a dor aos que o conheceram e saudade aos que o admiraram, independentemente das suas ideias políticas. Foi um intelectual da época e, além disso, morreu conhecido como amigo dos pobres.
A nossa bancada quer prestar-lhe a devida homenagem e, por isso mesmo, apoiamos as palavras de justiça do Sr. Presidente da Assembleia da República com que quis homenageá-lo do alto da sua cátedra.
(O orador reviu.)

Aplausos do CDS e do PSD.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em nome do Grupo Parlamentar do Partido Ecologista Os Verdes, quero associar-me ao voto de pesar pela morte de Salgueiro Maia, aqui apresentado pelo Partido Socialista, e assim referir o nosso sentimento de pesar pela perda de um, dos capitães mais generosos e mais importantes que participaram, no processo libertador, de Portugal. É este o sentido desta minha intervenção que quero deixar-vos.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, proponho à Câmara que guardemos um minuto de silêncio pela intenção de ambos os ilustres falecidos.
Neste momento, a Câmara guardou de pé um minuto de silêncio.
Srs. Deputados, vamos agora passar ao debate de urgência sobre a integração do escudo no mecanismo de taxas de câmbio do sistema monetário europeu.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Ministro das Finanças.

O Sr. Ministro das Finanças (Draga de Macedo): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A entrada do escudo no mecanismo de taxas de câmbio do sistema monetário europeu - o SME - tem de ser encarado numa perspectiva de continuidade nacional e comunitária. Constitui o culminar da mudança gradual do regime económico simbolizada pela adesão de Portugal à Comunidade em 1986.

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