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1736 I SÉRIE - NÚMERO 52

do se fala em memória é preciso ser rigoroso e evitar as incongruências e as contradições -, permita-me que lhe diga, as Jornadas Parlamentares do PSD decorreram sob o signo da contradição, da incongruência e, no fundo, representaram, sobretudo no seu final, uma tentativa esforçada e esgotante de combater a realidade. Tal é difícil.
Onde estão as contradições? Em primeiro lugar, estão num inusitado tempo de antena, com o qual o Sr. Primeiro-Ministro nos brindou, em que falou, longa e placidamente, sobre a familia e a pátria. 0 PSD combate a realidade, dizendo que esse tempo de antena estava preparado há três meses, mas não deixa de ser embaraçoso o facto de a única relação entre esse tempo de antena e a realidade ser a proximidade do Dia do Pai. Não há qualquer outra relação entre essa importante comunicação ao País e a vida normal do povo português.
Em segundo lugar, há um discurso importante, que foi o objecto da atenção, justa, da comunicação social: o do Sr. Deputado Pacheco Pereira, que constituiu, para a opinião pública, o ponto mais significativo das jornadas. Esse discurso envolvia, para quem o lê de fora, uma critica evidente a uma tentativa perigosa, para o PSD - de se posicionar em áreas que habitualmente não trilha. Ora, o PSD veio logo dizer, combatendo a realidade com todo o esforço, que esse discurso era, afinal e especialmente, uma crítica ao CDS-PP.
Mas as contradições e as incongruências não ficaram por aqui, Sr. Deputado. 0 Sr. Primeiro-Ministro fez, depois, um discurso final, onde, ao contrário do seu tempo de antena e num processo que muitos já chamam de "um passo em frente, um passo atrás", apenas fez votos pios sobre o futuro e falou das vantagens da União Europeia para Portugal, apesar de não se ter pronunciado sobre um só dos problemas que os pequenos países vão enfrentar nos próximos tempos, de não ter apresentado uma única posição do PSD sobre as modificações ou as eventuais renegociações do Tratado que ocorrerão, nem de ter apresentado uma posição firme do PSD...

0 Sr. Presidente: - Sr. Deputado, queira terminar.

0 Orador: - Termino já, Sr. Presidente.
... sobre calendários e critérios de convergência. Pelo contrário, o Primeiro-Ministro fez um discurso especialmente voltado contra o PS e, permita-me que lhe diga, de um simplismo absolutamente confrangedor. 0 Primeiro-Ministro acusa o PS de que as propostas da oposição só gerarão défice e, por via deste, aumento dos impostos, aumento das taxas de juro, redução do investimento, recessão, desemprego e - pasme-se! - colocam em risco as pensões.
Uma crítica contra o défice, uma crítica contra a despesa vinda do Primeiro-Ministro, que ainda há pouco tempo disse que via com gáudio as politicas keynesianas, que era partidário da despesa para o relançamento da economia, etc. Então, como é que se pode compreender isto?
E mais: as conclusões das Jornadas Parlamentares, apresentadas pelo Sr. Deputado Braga de Macedo, porventura um dos mais envolvidos nessas criticas que o Sr. Primeiro-Ministro fez ao PS, porque as criticas ao défice, ao despesismo, ao aumento brutal do défice, ao aumento incontrolado das despesas, à elevação das taxas de juro ou, pelo menos, à sua permanência em níveis elevados são,
perdoe-me que lhe diga, uma crítica directamente dirigida a si, crítica essa que não é justa, porque todo o partido devia estar empenhado em respeitar o seu passado e os protagonistas desse passado.

Por isso, Sr. Deputado Braga de Macedo, apesar de o seu discurso aqui ter sido um discurso que, em matéria de questões europeias, está na linha do pensamento que sempre lhe conheci, ele emerge de uma semana de incongruências, de uma semana de confusões e de uma semana de tentativas de disfarce e de lançamento de névoas para que as coisas não fiquem bem percebidas.

Vozes do CDS-PP e do PS: - Muito bem!

0 Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Braga de Macedo.

0 Sr. Braga de Macedo (PSD): - Sr. Deputado António Lobo Xavier, a densidade de contradições naquilo que parecia ser a sua pergunta é difícil de ultrapassar. De facto, o senhor conseguiu, realmente, dar quase razão à ideia de que, como dizia Mao-Tsé-Tung, sem contradições não haveria mundo!... 0 senhor quase que deu essa ideia e, no entanto, escapou-lhe o essencial.

0 Sr. António Lobo Xavier (CDS-PP): - Mostre lá!

0 Orador: - É que, repare, as Jornadas Parlamentares do PSD eram subordinadas ao tema "0 contributo de Portugal para a construção europeia". Ora, Sr. Deputado, o que é a Europa senão a unidade na diversidade? Para alguém ignorante ou com má-fé isto parece contraditório. Ou seja, há unidade ou diversidade? Sr. Deputado, é as duas coisas!

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - É que daqui não podemos sair! Unidade e diversidade é a Europa, é Portugal!
Agora numa coisa o Sr. Deputado tem razão: eu fiz um apelo à nossa língua materna, para que ela se tornasse língua de negócios, científica e paterna também. Aliás, era o Dia do Pai e a minha filha até me deu um desenhozinho muito simpático a dizer: "Pai, una a família!". Ora, foi exactamente isso que aconteceu nas Jornadas Parlamentares do PSD, ou seja, foi exactamente o contrário daquilo que o Sr. Deputado quis dar a entender.

Aplausos do PSD.

Mas não é só a minha filha, Sr. Deputado António Lobo Xavier! No Programa do PSD a família vem lá, absoluta e claramente, referenciada, e só não citei mais para não cansar os Srs. Deputados.
Em todo o caso, se calhar, valia a pena os Srs. Deputados lerem o Programa do PSD ....

0 Sr. António Lobo Xavier (CDS-PP): - Eu conheço, eu conheço!

0 Orador: - ... porque assim algumas das coisas que julgam ser contradições talvez deixassem de sê-lo - aliás, permitir-me-ei oferecer uma cópia do Programa do PSD ao Sr. Deputado António Lobo Xavier.
Não vou responder à contradição em que o senhor entrou quando falou do défice, pois tudo isto está perfeitamente esclarecido e, cada vez mais, à medida que os números chegam, pois eles demonstram que não há qualquer ultrapassagem do tecto das despesas e um acontecimento, como o do aumento do défice que se verificou na maior parte dos países, inclusivamente na Suiça ele aumentou

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