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626 I SÉRIE - NÚMERO 17

ponto de vista económico como do ponto de vista social: a inflação e o desemprego. Todos reconhecerão, seguramente, a importância decisiva destes indicadores.
A inflação porque é um imposto escondido e é o mais dramaticamente injusto. É este imposto escondido o que penaliza mais fortemente os mais carenciados, os pensionistas e os trabalhadores por conta de outrém.
Quem se sente bem com taxas de inflação elevadas são unicamente os especuladores. Esses ganham; a grande maioria dos portugueses perde!
Por isso, não deixa de ser surpreendente vermos, por parte da oposição, ainda há tempos bem recentes, defender medidas como a desvalorização do escudo que, inevitavelmente, conduziria à subida das taxas de juro e, concomitantemente, à subida da inflação. A ir por aí seria o regresso ao passado; seria o regresso a um tempo de perda para os trabalhadores, para os pensionistas e para a maioria dos portugueses, especialmente os mais desfavorecidos, e um tempo de ganho para os especuladores.

O Sr Rui Carp (PSD): - Exactamente!

O Orador: - Nós não o queremos. Diria mais, nós não o permitiremos!
A baixa contínua da inflação impõe-se-nos por motivos económicos, seguramente, mas mais, muito mais, por motivos sociais. É o bem-estar das famílias que está em causa.
Srs. Deputados, cada décima de baixa da taxa de inflação significa, objectiva e claramente, mais bem-estar para as famílias portuguesas.
Por isso para nós é um indicador importante - para outros pode não ser, mas para nós é!
O outro indicador importante é o desemprego. Todos sabemos que numa sociedade onde o desemprego tende a generalizar-se, dificilmente, se pode falar em confiança. O desemprego e que desencoraja, por isso - já o disse e agora repito- o desemprego, quando generalizado, pode traduzir-se num estado de espírito colectivo que pode conduzir à perda de confiança no futuro e é outro indicador muito sensível do estado geral da saúde de um país, de qualquer país. E aqui há preocupações sérias. Ë a meu ver o grande problema da Europa no seu todo, nos tempos de hoje e no futuro próximo. Não queremos disfarçá-lo. Não nos vamos consolar com a, ainda assim boa, taxa de desemprego que temos, quando comparada com as dos restantes países da União Europeia. A questão do emprego e uma questão real e decisiva para ganhar o futuro.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Por isso também nos surpreendem algumas ideias avançadas por alguma oposição. Desde logo e ainda, as consequências de uma desvalorização do escudo, que conduziria, a prazo, a mais desemprego - sempre foi assim -, mas também a ligeireza com que abordam a questão da moderação salarial.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - A moderação salarial hoje impõe-se em nome de valores que são claramente sociais A moderação salarial impõe-se hoje, muito mais do que por imperativos económicos, em nome de mais emprego disponível para as famílias portuguesas. E essa é uma preocupação maior.
E estamos à vontade a falar neste assunto. É que dos anos que vão desde 1985 a 1993 só apenas em dois desses anos - 1988 e 1993 - o aumento das remunerações reais dos trabalhadores portugueses foi inferior e aí mesmo ligeiramente inferior (nunca superior a um ponto percentual) à média do aumento das remunerações dos trabalhadores dos países da União Europeia.

O Sr. Rei Carp (PSD): - Uma grande verdade!

O Orador: - Em todos os outros anos- 1986, 1987, 1989, 1990, 1991 e 1992 - a evolução do poder de compra real dos salários foi sempre clara, mas claramente superior à média comunitária.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É mais uma característica do tempo de ganho que e diferente do tempo de perda.
Analisemos então, Srs Deputados, a evolução conjunta da inflação e desemprego. É um apelo a um esforço de análise mais global que peço aos Srs. Deputados Em 1985, a inflação em Portugal era de 19,3 % (na União Europeia a média era de 5,8 %); o desemprego era em Portugal de 9,1 % (na União Europeia era de 11 %).

O Sr. Rui Carp (PSD): - Um escândalo!

O Orador: - Reparem, Srs. Deputados, são indicadores que quanto mais elevados se apresentam pior é a situação económica e social. Em 1985, quando adicionados, em Portugal esse valor era de 28,4 %, quando para a média da União Europeia essa soma dava 16,8 %. Uma diferença para pior para Portugal (vamos desprezar as décimas) de 12 pontos. Portugal, em 1985, estava longe, mas muito longe, da média europeia em indicadores essenciais para o bem-estar das famílias. Considerando estes indicadores conjuntamente (inflação+desemprego), a distância era, em 1985, de 12 pontos.
Ora, uma política económica e social que não traduza melhorias no resultado da soma aritmética destes indicadores é seguramente uma má política. Convido os Srs. Deputados a seguir o rumo dos acontecimentos ao longo da última década.
De 1985 até 1990 Portugal melhorou significativamente. Em 1990 essa soma (inflação+desemprego) dava para Portugal 18 pontos e para a média europeia 14. Durante este período melhorou a Europa no seu conjunto e melhorou Portugal, mas com uma diferença: o espaço que nos separava deixou de ser de 12 pontos para passar a ser apenas de 4 pontos. Era o início de um percurso notável! Era preciso continuar esse rumo Estávamos em 1990.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - E havia uma euforia enorme!

O Orador: - Vamos agora à actual legislatura. O que é que se passou nesse período? Tão simples quanto isto: em 1994, a soma das taxas de inflação e de desemprego dá para a União Europeia 15 pontos e dá para Portugal 13. Durante o período desta legislatura, enquanto que a média europeia piora. Portugal claramente melhora a sua situação e fica até, e pela primeira vez, acima da média europeia em dois pontos.

Aplausos do PSD.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - A Europa de pés para o ar!

O Orador: - Em resumo: em 1985, Portugal estava muito longe da média europeia, com uma diferença para pior