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31 DE MARÇO DE 1995 1991

roubos na via pública 116 % e os assaltos a motoristas de transportes públicos 260 %.
Organismos internacionais como a Interpol e a Europol já singularizaram um "caso português". Agora, à criminalidade endógena associa-se a deslocação da alta criminalidade internacional para o espaço português, com os consequentes riscos de fusão entre uma realidade e outra e a grande carência de meios para enfrentar a complexidade desse fenómeno.
0 maior problema neste campo continua a ser o tráfico de droga, pois Portugal é uma área principal de trânsito para estupefacientes destinados ao resto da Europa com relevo para o haxixe proveniente de Marrocos e a cocaína da América do Sul, designadamente a cocaína traficada a partir do Brasil por nigerianos que utilizam falsos passaportes para se introduzir em Portugal. A heroína, importada da Holanda por mafias turcas e distribuída em Portugal por gangs cabo-verdianos, ambos, aliás, associados ao roubo internacional de automóveis, é já um problema muito grave.
A lavagem de dinheiro relacionada com a droga começou a ser detectada no fim do ano passado no nosso sistema financeiro e, embora não se possa falar em grupos
organizados portugueses, operando autonomamente neste domínio, há indícios de cidadãos nacionais envolvidos com os cartéis galegos.
Algumas investigações têm como objecto casos de suspeita de envolvimento em significativas lavagens de dinheiro de cartéis espanhóis e colombianos. A lavagem de dinheiro em Portugal pode mesmo não excluir a hipótese muito consistente de que grupos russos estejam a tentar estabelecer conexões com alguns operadores no nosso país.
A extensão das famosas tríades de Macau e Hong-Kong a Portugal, sobretudo no domínio da obtenção de passaportes, adiciona-se a este quadro em que não apenas a criminalidade interna mas a alta criminalidade internacional ameaçam começar a assentar arraiais, de forma permanente, em território português.
Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: A insegurança é hoje um dado no quotidiano dos portugueses. Insegurança no emprego, insegurança nos
rendimentos das famílias, insegurança perante a crescimento da criminalidade Dezenas de milhar de drogados - 30 000, 50 000, 100 000? - aí estão para o lembrar de forma dramática.
Um modelo de crescimento com dualidade a assimetrias, que põe em risco a coesão social, esgotou-se como solução adequada para atacar a crise social e para devolver ao País a segurança, a tranquilidade e as autênticas condições de um desenvolvimento verdadeiro.

Aplausos do PS.

É para alcançar esse objectivo central e absolutamente necessário - não conseguido pelos actuais governantes que Portugal vai escolher uma nova maioria.

Aplausos do PS, de pé.

0 Sr. Presidente: - Para a intervenção de encerramento por parte do Governo, tem a palavra o Sr. Ministro do Emprego e Segurança Social.

0 Sr. Ministro do Emprego e Segurança Social (Falcão e Cunha): - Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Deputados: Sr. Secretário-Geral do Partido Socialista, começo por solicitar-lhe que apresente, em meu nome, dois cumprimentos ao presidente do seu partido, o meu amigo Almeida Santos, que, hoje, não tive o gosto de ver nessa bancada.

Aplausos do PSD.

0 Sr. Ferro Rodrigues (PS). - Pergunte ao Sr. Presidente da Assembleia!

0 Sr. António Guterres (PS)- - Está em representação da Assembleia da República!

0 Orador: - Sr. Secretário-Geral do PS, já me é proibido cumprimentar o presidente do vosso partido?

Protestos do PS.

Será que me é proibido cumprimentar o presidente do vosso partido?!

Sr. Secretário-Geral do PS, V Ex.ª disse há pouco que estava à espera que o Governo, hoje, viesse aqui demolir o projecto - "demolir" foi a palavra utilizada por V Ex.ª - que dá pelo nome de Estados Gerais.

Sr. Deputado, creio que o Sr. Ministro das Finanças o fez muito claramente, embora não fosse preciso, porque esse projecto já foi demolido pela opinião pública, pela comunicação social e pelo país

Aplausos do PSD.

0 Sr Ferro Rodrigues (PS). - 15so é que era bom!

0 Orador: - Pretenderam VV. Ex.ªs, com esta interpelação ao Governo, abordar, entre outras, a temática do emprego.

0 Sr. Ferro Rodrigues (PS) - Duas frases, duas asneiras!

0 Orador: - Em fins de 1994, o número de postos de trabalho em Portugal envolvia 4 1.58 000 pessoas, ou seja, mais 200 000 dos que existiam quando, pela primeira vez, em 1985, formámos Governo sozinhos Neste período de 10 anos, o emprego cresceu, e cresceu constantemente.
Quanto ao desemprego, assiste-se, após uma redução acentuada, que fez cair a taxa de desemprego de 9 em 1984 lembram-se, Srs. Deputados do PS? -, para 4,4 em 1991, ao seu aumento, que, em 1994, atingiu um valor médio de 6,8 %, tendo o último trimestre do ano anterior atingido o valor pontual de 7,1 %. A taxa de desemprego subiu, mas temos vindo a dizer e a demonstrar que existe uma tendência de abrandamento no seu crescimento, tendência que se verifica desde o primeiro trimestre de 1994 e que vem sendo progressivamente confirmada pelos números que o Instituto Nacional de Estatística e o Ministério do Emprego regularmente fazem publicar
Por outro lado, importa salientar que já este ano, nos primeiros três meses de 1995, as ofertas de emprego aumentaram, relativamente ao período homólogo de 1994, em 17,3 %, o que não se verificava desde 1993.

Vozes do PSD: - É verdade!

0 Orador: - Se é verdade que hoje há mais desemprego, é também verdade que há mais emprego E este fenómeno, num país em que a população total não tem aumentado, é algo que merece uma reflexão serena e