O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

2406 I SÉRIE-NÚMERO 74

O Orador: - Mas, Sr Deputado Luís Amado, compreendo que a sua falta de conhecimento da região onde estivemos o leve a considerar que existem pequenas e médias empresas de fracasso. Eu também não lhe disse que não havia! Pequenas e médias empresas de fracasso há, como há grandes empresas de fracasso. Mas sabe quando é que elas acumularam a carga que as levou a estarem hoje numa situação de fracasso? Foi durante os governos do Partido Socialista.

Aplausos do PSD.

Risos do PS.

Sr. José Vera Jardim (PS): - Essa é uma boa anedota!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, a Mesa não tem mais inscrições para o período de antes da ordem do dia, passando assim à discussão e votação do voto n.º 145/VI - De pesar pelo falecimento de Agostinho Roseta (PS).
O Sr Secretário vai proceder à sua leitura.

O Sr. Secretário (João Salgado): - Sr. Presidente e Srs. Deputados, é o voto n.º 145/VI - De pesar pelo falecimento de Agostinho Roseta é do seguinte teor:
Ontem, de madrugada, faleceu Agostinho Roseta.
Dirigente sindical da UGT, socialista, membro do Conselho Económico e Social, Agostinho Roseta bateu-se ao longo de toda a sua vida, abruptamente encurtada, pelos ideais da liberdade, da solidariedade, da defesa dos direitos dos trabalhadores.
Estudioso incansável, organizador eficaz, contribuiu decisivamente, antes e depois do 25 de Abril, para moldar os rumos do movimento sindical em Portugal e adaptá-los às profundas mudanças que marcam o fim do século.
Homem de convicções, tolerante e solidário, Agostinho Roseta vê convergir no respeito pela sua obra e personalidade portugueses de todos os quadrantes.
A Assembleia da República aprova um voto de pesar pela perda desta figura cimeira do movimento sindical português e homem de perfil cívico exemplar e endereça sinceras condolências à família enlutada e à UGT.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, antes de dar a palavra a cada grupo parlamentar para uma intervenção, se assim o entenderem, sobre a figura de Agostinho Roseta, eu próprio e a Mesa queremos associar-nos a este pesar da Câmara pelo falecimento de um tão insigne sindicalista português.
O Sr. Agostinho Roseta esteve ligado ao movimento sindical desde quando ele se tornou visível na nossa comunidade, a partir do 25 de Abril, e assumiu sempre um real papel de grande eficácia e influência no evoluir das coisas. Não era um homem para avançar para o proscénio, era um homem que se via pensar, agir e ser eficaz.
Em meu nome pessoal e em nome de todos os membros da Mesa, associo-me a este voto apresentado à Câmara.
Para uma intervenção, tem a palavra a ao Sr. Deputado Jaime Gama.

O Sr. Jaime Gama (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quero associar o meu grupo parlamentar às palavras de V. Ex.ª na homenagem devida ao sindicalista Agostinho Roseta. Ele era uma exemplar figura de cidadão e também de homem politicamente empenhado, que, desde muito novo, optou pela actividade sindical na área dos lanifícios, da qual provinha, visto que a sua família se encontrava ligada ao trabalho nesse sector, na cidade da Covilhã, o que terá influenciado decisivamente Agostinho Roseta na sua escolha de militante sindical.
Dá-se também a circunstância particular de o seu próprio pai, trabalhador do sector, ter sido preso no dia em que ele nasceu, em virtude de um conflito social que afectava a indústria de lanifícios na Covilhã nessa época, pelo que só pôde encontrar o filho, pela primeira vez, alguns meses mais tarde.
Como sabem, Agostinho Roseta foi um membro do sindicato dos lanifícios, desde antes do 25 de Abril, de cuja actividade resultou a fundação da Intersindical Nacional, e, mais tarde, viria a desempenhar, já depois do advento da democracia, grandes cargos de responsabilidade na coordenação do Gabinete de Estudos da UGT, na direcção do Sindicato dos Trabalhadores de Escritório, Comércio e Serviços e na própria UGT
Portanto, trata-se de um homem cuja história está intimamente ligada ao percurso do sindicalismo, em Portugal, neste século.
Agostinho Roseta era respeitado por todos os que, nas duas centrais sindicais, o puderam conhecer; era respeitado nas formações políticas- aliás, em 1986, aderiu ao PS, mas não fez dessa opção qualquer espécie de enquadramento limitativo que lhe amputasse a capacidade generalizada de diálogo; era respeitado pelas confederações patronais e pelas autoridades governamentais. Era um sindicalista voltado para o futuro, profundamente conhecedor das realidades e das exigências da situação económica, simultaneamente empenhado e militante, mas apostado numa óptica de intervenção sindical modernizadora. Ele prefigurava bem o exemplo daquele dirigente sindical de que vamos precisar no futuro, para conjugar as exigências da modernização económica com os padrões modernos da justiça social. Era um sindicalista profundamente empenhado nos valores da concertação social como elemento constitutivo e integrante de uma democracia moderna.
Nesta hora, o grupo parlamentar a que pertenço exprime todo o seu pesar à família de Agostinho Roseta, recorda a sua memória e inspira-se na sua actuação, para testemunhar, através da sua intervenção cívica e sindical, os valores de um autêntico sindicalismo europeu do século XX.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Queiró.

O Sr. Manuel Queiró (CDS-PP) - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O grupo parlamentar a que pertenço associa-se ao pesar manifestado, neste momento, pela Assembleia da República, com sentimento de profundo respeito pela figura de Agostinho Roseta, que marcou todos os que o conheceram - e ele era uma figura pública - com uma profunda impressão de capacidade de luta pelos direitos dos trabalhadores, a par com uma grande capacidade de diálogo, na defesa desses direitos Foi um homem que viveu pela defesa de determinados interesses e, ao mesmo tempo, na luta pela liberdade política e sindical. Foi um homem que poucos ou nenhuns, alguma vez, maldisseram, tendo marcado a sua passagem pelo movimento sindical como um dos pilares fundacionais de um sindicalismo democrático e moderno.
Este pesar só pode ser manifestado por todos, e, em particular, por mim, que o quero transmitir, através de um

Páginas Relacionadas
Página 2404:
2404 I SÉRIE -NÚMERO 74 O Sr. Laurentino Dias (PS): - Sr. Deputado Carlos Oliveira, não vou
Pág.Página 2404