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2872 I SÉRIE - NÚMERO 85

de entre Lisboa e Torres Vedras e tráfegos relativamente diminutos entre Torres Vedras e Figueira da Foz. Pelo contrário, ao nível das mercadorias, os tráfegos crescem, fundamentalmente, entre Torres Vedras e a Figueira da Foz.
Existem, portanto, duas estratégias de intervenção para a linha do Oeste: por um lado, nos troços entre Lisboa e Torres Vedras, será feita uma melhoria substancial ao nível do tráfego de passageiros, através da duplicação e electrificação da via, prevendo-se um investimento de 10 milhões de contos até ao ano 2000; por outro lado, nos troços entre Torres Vedras e Figueira da Foz, os investimentos serão destinados, muito mais, a potenciar esta linha como transporte de mercadorias, ou seja, entende-se que todo o desenvolvimento desta região pode ter como suporte o caminho de ferro e uma boa acessibilidade a este.
Assim, está em estudo a sua ligação ao porto da Figueira da Foz e, ao mesmo tempo, vai tentar-se melhorar a sua inserção na Rede Ferroviária Nacional principal, isto é, a linha do Norte. Neste troço, estão em causa investimentos no valor de 2,7 milhões de contos, precisamente por causa do crescimento que se tem verificado, nos últimos anos, ao nível do tráfego de mercadorias, designadamente nas áreas do papel e das madeiras, bem como dos cimentos e dos cereais.
No fundo, os investimentos serão canalizados, fundamentalmente, para criar uma maior acessibilidade à Rede Ferroviária Nacional e à zona portuária.

O Sr. Presidente (João Amaral): - Para pedir esclarecimentos ao Sr. Secretário de Estado dos Transportes, para além do Sr. Deputado Henrique Neto, inscreveram-se os Srs. Deputados Nuno Abecasis e Roleira Marinho.
Tem a palavra o Sr. Deputado Henrique Neto, por dois minutos.

O Sr. Henrique Neto (PS): - Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado dos Transportes, devo confessar que o que me diz não é muito animador. A minha avó, que era uma senhora relativamente sábia, costumava dizer que só fica feito aquilo que se faz! Sei que é uma evidência, mas por vezes esquecemo-nos disso.
O Sr. Secretário de Estado falou de algumas dificuldades, dificuldades essas que são conhecidas e que resultam do facto de não ter existido nenhum estudo sério sobre o que pode representar uma linha férrea moderna naquela região. A linha do Oeste é essencial para as pessoas do distrito de Leiria, mas é evidente que, em presença da degradação da via, as pessoas não a utilizam - faço o caminho entre a Marinha Grande e Lisboa três a quatro vezes por semana e, se existisse um caminho de ferro razoavelmente moderno, a última coisa que me passaria pela cabeça era vir de automóvel! É evidente que, como eu, há dezenas ou centenas de milhares de pessoas que também o fariam, pessoas essas que, sendo normalmente oriundas das classes médias ou médias-altas, são as que melhor podem pagar estes serviços.
Portanto, do meu ponto de vista, a situação actual não serve de exemplo para coisa nenhuma. Penso que deve ser feito um estudo sério sobre esta questão que nos permita saber, para começar, quais as pessoas, as classes sociais que se deslocariam a Lisboa, à Figueira da Foz, às Caldas da Rainha ou a Torres Vedras, utilizando a via férrea, e quais as empresas com grandes movimentos de cargas que poderiam usar o caminho de ferro para o efeito. Posso dizer que, por exemplo, na garrafaria de que já falei existe o desejo de poder fazer o transporte das garrafas por caminho de ferro, porque seria um meio mais eficaz, mais barato, que não congestionaria as estradas e envolveria uma gestão e uma logística mais simples.
A questão do desequilíbrio da procura é evidente, Sr. Secretário de Estado, porque as pessoas das classes médias, que possuem automóvel ou podem recorrer a outras alternativas, não utilizam a linha do Oeste, que é pré-histórica! S6 as pessoas que não tem qualquer alternativa - e são muito poucas - é que o fazem.
Creio que não podemos encarar este problema da linha férrea como uma lógica do passado, antes temos de perguntar qual vai ser a forma de transporte privilegiada do futuro e em que medida uma linha férrea moderna pode servir não só os habitantes da Área Metropolitana de Lisboa, que «passa a vida na ponte», sem alternativas de transporte para outros locais, como também todas as pessoas da região Oeste, da Alta Estremadura.

O Sr. Presidente (João Amaral): - Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Abecasis, que dispõe de um minuto para formular a sua pergunta.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado dos Transportes, penso que a pergunta que o Sr. Deputado Henrique Neto aqui nos trouxe foi bastante oportuna, até porque é dificilmente explicável que se fale, com grande insistência, da necessidade de criar um corredor de transporte pesado entre Loures e Lisboa - que não se sabe muito bem por onde é que poderá penetrar em Lisboa... -, e nunca tenha ocorrido a ninguém que a linha do Oeste seria uma excelente alternativa, principalmente se fosse possível fazer a ligação de Loures não directamente a Lisboa, mas aumentando o hinterland da Linha do Oeste.
Sr. Secretário de Estado, esta é uma ideia que pode ser criadora.
De facto, também penso como o Sr. Deputado Henrique Neto: no dia em que circularem nos carris da linha do Oeste carros de bois vai ver que não passa lá ninguém! E o que se tem feito até agora é aproximar as carruagens dos carros de bois.

O Sr. Henrique Neto (PS): - É verdade!

O Orador: - Podemos desconhecer os métodos, mas há princípios que sabemos que são verdadeiros, designadamente o de que só é possível transportar grandes massas de passageiros sobre linhas pesadas. Esta é uma regra geral, em todo o mundo. Muitas vezes, o que se torna necessário é saber como é que se pode aumentar o hinterland de linhas já existentes. Francamente, não vejo como se poderia implantar uma linha pesada para lá do metro, no corredor de Loures.

O Sr. Presidente (João Amaral): - Tem a palavra o Sr. Deputado Roleira Marinho.

O Sr. Roleira Marinho (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado dos Transportes, falando de linhas férreas, lembro o descalabro que se verifica no distrito de Viana do Castelo, servido pela linha do Minho, onde se situa a passagem de fronteira mais movimentada do País - Valença -, em termos de passageiros.. E que comboio temos, com um mínimo de qualidade, a Servir o distrito? Nenhum!