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1620 I SÉRIE-NÚMERO 44

Partido do Centro Democrático Social - Partido Popular (CDS-PP)

António Carlos Brochado de Sousa Pedras
Augusto Torres Boucinha
Francisco Amadeu Gonçalves Peixoto
Jorge Alexandre Silva Ferreira
Luís Afonso Cortez Rodrigues Queiró
Maria Helena Pereira Nogueira Santo
Rui Manuel Pereira Marques
Rui Miguel Gama Vasconcelos Pedrosa de Moura
Sílvio Rui Neves Correia Gonçalves Cervan

Partido Comunista Português (PCP)

Alexandrino Augusto Saldanha
António Filipe Gaião Rodrigues
António João Rodeia Machado Bernardino
José Torrão Soares
João António Gonçalves do Amaral
João Cerveira Corregedor da Fonseca
Joaquim Manuel da Fonseca Matias
Lino António Marques de Carvalho
Maria Luísa Raimundo Mesquita
Octávio Augusto Teixeira

Partido Ecologista Os Verdes (PEV)

Carmen Isabel Amador
Francisco Isabel Maria de Almeida e Castro

Deputado independente

José Mário de Lemos Damião

O Sr Presidente - Dando inicio as intervenções programadas tem a palavra, em representação do Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes», a Sr.ª Deputada Carmen Francisco

A Sr.ª Carmen Francisco (Os Verdes): - Sr. Presidente Ilustres Convidados, Sr.ªs e Srs. Deputados Ao evocarmos hoje, no Parlamento português, o homem, o escritor o político Almeida Garrett, evocamos alguém que, fazendo parte da nossa Historia, não ocupa lugar menor João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, se pudesse presenciar esta nossa comemoração do segundo século sobre o seu nascimento, neste ano, o vigésimo quinto depois do 25 de Abril de 1974, quereria certamente continuar o seu combate contra os ainda existentes atentados contra a liberdade, mas não menos certamente se orgulharia desta Nação, dos homens e mulheres que fazem hoje Portugal
Saberia que são homens e mulheres de quem se pode continuar a dizer, como ele disse «O povo há-de erguer o braço não o duvidemos, há-de pelejar, e há-de vencer Façamos quanto em nos está para que bem o erga, bem peleje bem vença, e bem saiba usar da vitória»
Garrett deixou a sua marca indelével nas letras, no Teatro na cultura portuguesa Impulsionador inquestionável do Romantismo Literário em Portugal, tem o grande mérito também de ter apoiado definitivamente o teatro, nomeadamente através da produção de peças, da própria formação de autores e de actores, mas, sobretudo, através do seu valioso contributo para a reorganização de organismos votados ao incremento da cultura e do gosto a Inspecção Geral dos Teatros e o Conservatório de Arte Dramática, que acompanharam o projecto de fundação de um Teatro Nacional, o actual Teatro Nacional D. Maria II.
Enquanto estudante, Garrett, já dado às letras, escreveu por então numerosas obras «comprometidas», que acusavam o «obscurantismo» e a «tirania» por atrofiarem a Nação e deformarem o indivíduo e exaltavam a liberdade como promotora de energia, prazer e virtude nos planos individual e cívico
Dele diz José de Arriaga, na Historia da Revolução Portuguesa de J 820, editada em 1889 «Garrett é de todos os jovens poetas deste período o que mais se avantaja pelo fogo inspirado que o abraza, pelo entusiasmo que lhe vibra na alma e pelo sincero amor à liberdade nascente, ao progresso e ao futuro da humanidade
A liberdade, a pátria, a revolução, os seus heroes, a natureza, os direitos do povo e da nação, o futuro da pátria e da humanidade, tudo e cantado em vigorosos versos por este poeta de sentimento e de verdadeira inspiração.
( ) Nós já vimos que a revolução política arrancara os portugueses do velho mundo, e os impelira para as lutas do futuro e para os assumptos da época Faltava, porém, uma inteligência superior, cheia de crenças no porvir e sincero apostolo da liberdade, na qual reverberasse fortemente o espirito da revolução e a alma popular, para no meio da derrocada do velho mundo lançar os primeiros alicerces da poesia moderna e revolucionária Esse grande espírito apareceu logo, foi Garrett, esse entusiástico defensor da revolução de 1820, dos seus heroes e das suas reformas, que ele cantou »
E cantou em obras como Camões ou D.ª Branca, publicadas no exílio Estas obras constituem, no campo literário, os primeiros exemplos, aos quais se seguiram inúmeros outros, de que o exílio, como experiência dolorosa, significou também o contacto com outros ambientes culturais e, simultaneamente, a distância que permite a construção de uma imagem do nosso país correspondente a um ideal
Há uma «consciência, ora agónica ora optimista, do intervalo inevitável entre um mundo que morre (o já não) e um mundo que está para nascer (o ainda-não) O presente será, por excelência, o tempo do exílio, um factor propiciador de uma consciência infeliz, quer pelo nostálgico apelo a um mítico passado de valores e afectos, quer pela saudade da pátria futura».
Garrett, como Herculano, «trovadores do exílio» Em Almeida Garrett, o sentimento de que há uma «pátria de liberdade que seria necessário restaurar para que ser português voltasse a ter sentido ( ) é uma imagem obcecante sempre que o liberalismo se desviou dos seus fundamentos ideológicos e se tornou no reino abjecto dos 'barões' materialistas»
O político Almeida Garrett demonstrou sempre uma grande preocupação com as questões da independência e maior importância da causa pública face a interesses particulares Nesta Casa, será forçoso lembrar aquilo que escreveu na sua Carta de Guia de Eleitores - em que se trata da opinião pública, das qualidades para Deputado e do modo de as conhecer -, editada em Setembro de 1826 «Uma cousa muito essencial é bem distinguir o espírito do partido, do publico ( ) Examinemos dois indivíduos sustentando, na mesma circunstância, opiniões e princípios diametralmente opostos, não há (dizem eles) em seu proceder senão o mesmo movei e causa Mas um deles entra nas discussões sem azedume, conserva toda a phleugma da prudência todo o sangue frio da convicção, se às deliberações do governo dá a sua aprovação im-