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0799 | I Série - Número 22 | 09 De Novembro De 2000

Hemiciclo, o argumentário que tem habitualmente usado em outros locais.
Se assim se comportou a oposição foi porque, manifestamente, não quis discutir em profundidade o Orçamento do Estado, nem apresentou qualquer outro em sua substituição.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Ora essa!

O Orador: - Isso aconteceu porque a oposição já sabia que ia votar contra o Orçamento do Estado muito antes mesmo de o conhecer!
O que está em causa, para a oposição, não é o Orçamento do Estado nem a lei orçamental mas, sim, a obsessão com o derrube do Governo e com a abertura de uma crise política.

O Sr. Manuel Moreira (PSD): - Não é verdade!

O Orador: - Aliás, uma crise política que tenha para a oposição o mérito de coincidir com o ciclo da reeleição do Presidente da República.
Nessa linha de actuação, o criador com mérito é, na verdade, o Sr. Deputado Paulo Portas, que, sem medir as consequências, acabou por organizar uma estratégia política que gerou efeito em cadeia: primeiro, no Bloco de Esquerda, não sei se por qualquer razão de electromagnetismo familiar; depois, por indução mais ampla, por falta de capacidade autónoma para lhe resistir, no PCP e no PSD,…

O Sr. Joel Hasse Ferreira (PS): - Bem lembrado!

O Orador: - … muito centrados no debate interno e, portanto, também bloqueados na sua capacidade para exercitar maior independência na forma de contrabater a estratégia induzida pelo Dr. Paulo Portas.
Na verdade, é surpreendente que se avance para uma estratégia dessa natureza quando, no plano político, nenhuma alternativa credível, viável e claramente assumida no País existe ao actual Governo, quando, por virtude da Constituição, as eleições só poderão realizar-se quase em meados do próximo ano e quando as previsões mais consistentes não apontam para qualquer mudança política de fundo.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O Dr. Paulo Portas, que se tem exercitado, e bem, no caminho do populismo, com algumas tentações de autoritarismo chique,…

Risos e aplausos do PS.

… e também do moralismo, que é uma das suas características mais interessantes, veio agora abrilhantar-nos com a sedução pelo narcisismo perante as sondagens, pelo deslumbramento com as suas próprias frases, com o espectáculo dramático da sua aparição pública insistente.
Quem tanto se arvora em defensor da segurança, contra a intranquilidade pública, acaba por transformar-se no mais irresponsável criador de insegurança política para os cidadãos, para as famílias, para as empresas e para as instituições!

Vozes do PS: - Bem visto!

O Orador: - É a isto que chega o autodeslumbramento do líder do CDS-PP!
O pior é que, atrelado a essa estratégia do CDS-PP, o PSD, inserido acriticamente nessa linha, veio a ditar-lhe o argumentário da dramatização do cenário de uma crise económica. Estamos ansiosamente à espera do programa de emergência anunciado pelo Dr. Durão Barroso.
Também compreendemos perfeitamente o perfil baixo que o PSD utilizou neste debate, como se o mesmo lhe passasse por cima, quiçá por estar interessado num certo tipo de resultado útil deste debate, de que este debate tenha, ao menos, o mérito de vir a conservar, mais algum tempo, o Dr. Durão Barroso na liderança do PSD!

Aplausos do PS.

A verdade é que, apesar das tensões geradas pela subida do petróleo e pela descida do euro e apesar do abrandamento suave da economia internacional, não é certo nem sério dizer-se que haja uma crise económica em Portugal e, muito menos, a crise económica catastrofista que o PSD se deleita a «pintar de negro» em todas as conferências de imprensa em que o Dr. Durão Barroso aparece ladeado do Dr. Tavares Moreira.

Protestos do PSD.

Não receamos as comparações entre 1996/2000 e 1991/1995. A verdade é que se compararmos estes dois períodos, ou seja, o período de exercício de funções deste Governo com igual período da governação PSD, verificamos que, em termos médios, o investimento e o produto crescem, não baixam.

O Sr. António Capucho (PSD): - Crescem para baixo!

O Orador: - O investimento e o produto crescem relativamente a esse período, aliás crescem mais do que acontece na União Europeia.
O esforço de investimento público em Portugal quase duplica a média da União Europeia em percentagem do produto, o que representa 2,3% versus 4%.
Manifestamente - e é isso que irrita um pouco o PSD, que é um partido muito ávido do empírico -, a segunda metade da década de 90 foi, em Portugal, bem melhor do que a primeira, com mais de 70% da taxa de ocupação da economia, que é o objectivo para daqui a 10 anos em muitos países da União Europeia, e com uma situação de pleno emprego, alcançada, aliás, sem agravamento da carga fiscal.

Vozes do PS: - Muito bem!

Protestos do PSD.

O Orador: - Também com uma evolução da despesa pública menor nos últimos cinco anos da década do que nos primeiros cinco anos, o que retira completamente a credibilidade ao autor da «tese do monstro», que o PSD tanto aqui gosta de citar, directa ou indirectamente.

Aplausos do PS