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0159 | I Série - Número 005 | 26 de Abril de 2002

 

das várias bancadas também se lembram, desde a nossa infância, de o vermos, senão no teatro, pelo menos, na televisão, em tantas peças, em tantas obras. Por isso, é uma pessoa que, de alguma forma, se tornou parte da nossa família, faz parte da nossa memória e da nossa memória colectiva, e que nós achamos que não vai desaparecer nunca.
A sua obra, enquanto homem do teatro, está expressa no voto: mais de 150 peças; como encenador, 40 peças; a fundação de teatros, designadamente do Teatro Moderno… Enfim, uma obra vastíssima.
E era um homem de grande talento. Um escritor americano dizia, e vou citá-lo de cor, que o teatro é fundamentalmente a arte de conseguir que uma determinada plateia não comece a tossir a partir de determinado momento. Pois bem, o Armando Cortez era um grande homem de teatro e um grande talento.
Tive ocasião de o conhecer pessoalmente. Ele acompanhou-nos em parte do seu percurso, foi, inclusivamente, Deputado municipal na cidade de Lisboa e, para quem o conheceu pessoalmente, como foi o meu caso, devo dizer-vos que fora do teatro ele era a mesma figura generosa que conhecíamos do teatro.
Fundou a Casa do Artista, e isso é um exemplo daquilo que outros cidadãos, noutras áreas de actividade, deveriam ser: um homem que, além do seu enorme talento, além da sua enorme carreira, chegando à idade da reforma, tem a preocupação de constituir uma obra social, que, neste caso, é das obras sociais mais notáveis que existem neste país e em relação à qual todos os artistas estão agradecidos.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - Creio que isto fundamenta este voto, para um grande talento, para um grande actor, para um grande cidadão mas, sobretudo, para um homem bom.

Aplausos do CDS-PP, do PSD e do PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Luísa Mesquita.

A Sr.ª Luísa Mesquita (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Também o Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português se associa a este voto.
Actor, encenador, Armando Cortez ficará para sempre ligado também ao projecto solidário da Casa do Artista e à sua concretização.
Muitos foram os espaços e os textos que registaram a sua presença, a sua interpretação ou simplesmente o seu humor.
Se o teatro, a televisão e o cinema preencheram a sua agenda de vida artística, também a diversidade das suas interpretações lhe conferiram talento e reconhecimento público.
O homem afastou-se, mas o actor, como tantos outros, permanece na memória da representação que é simulação, que é verdade, que é solene, que é lúdica e que é, sobretudo, escola de choro e escola de riso, tribuna livre, no dizer do, também saudoso, Lorca.
O actor ficará para sempre nos emocionar e surpreender.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.

O Sr. Luís Fazenda (BE): - Sr. Presidente, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, Sr.as e Srs. Deputados: Também o Bloco de Esquerda se associa a esta homenagem ao actor Armando Cortez.
Podemos apenas exprimir palavras singelas, mas partilhamos da ideia de que Armando Cortez tem algo a ver com a nossa memória colectiva e com a vida inter-relacional das últimas gerações.
Recordo-me, enquanto jovem, num país bisonho e triste, que conhecemos, também ele enclausurado, de ser uma das boas partes da nossa vivência colectiva - as tiradas humorísticas, as duplas com o Nicholson, e outras - que ajudaram a dar um pouco mais de alegria a esses dias que não tinham muita expectativa e de onde a esperança andava arredia.
Sobretudo na última fase, acompanhei com muito interesse o seu dedicado esforço para a edificação da Casa do Artista em todas as suas valências, o que mostra que Armando Cortez era uma alma superior, uma pessoa com um pensamento dedicado, e que alargadamente dignificou os artistas portugueses e procurou aquilo que pode ser entendido como um respeito diferente da sociedade em relação a uma profissão tão exaltante como é a de ser artista mas, ao mesmo tempo, tão sacrificada e tão cheia de dificuldades e, por vezes até, de armadilhas, que eles tão bem souberam tornear, chamando a si este estímulo e este apelo à solidariedade.
Da parte do Bloco de Esquerda, compartilhamos este sentimento, inclinamos o nosso respeito e votamos conjuntamente esta homenagem sentida ao actor e encenador Armando Cortez.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Elisa Domingues.

A Sr.ª Maria Elisa Domingues (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, Srs. Deputados: Ao intervir, pela primeira vez, nesta Assembleia, cabe-me a honra de, também eu, evocar um homem que foi, em minha opinião e no juízo bem mais relevante de grandes nomes do nosso teatro, o maior actor de uma geração de grandes actores - Armando Cortez.
Muitos, nesta Sala, recordarão, como já foi dito, as suas intervenções em numerosos programas de televisão, nomeadamente telenovelas, séries dramáticas, programas de humor ou também na chamada «revista à portuguesa». Não serão tantos, porventura, os que se lembram das suas inúmeras e, tantas vezes, notáveis prestações nas duas noites de Teatro, que, durante anos e anos - desde os tempos do directo -, a RTP manteve nas suas emissões, divulgando dramaturgos portugueses e estrangeiros e constituindo, verdadeiramente, o movimento impulsionador dos programa teledramáticos, movimento esse em que se destacou um grupo de grandes realizadores de televisão, em que é justo mencionar Nuno Fradique, Artur Ramos, Oliveira Costa e Herlander Peyroteo, este último desaparecido uma semana depois de Armando Cortez e que aproveito esta ocasião para recordar também como um profissional incansável, de espírito criador e irreverente.

Aplausos do PSD, do PS e do CDS-PP.

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