60 | I Série - Número: 056 | 13 de Março de 2009
nomeadamente, na disponibilização dos meios técnicos e humanos adequados, de modo a cumprir de forma eficaz a sua importante missão.
Nesta matéria, o Partido Socialista sabe bem o que quer e, por isso, sempre que deteve responsabilidades governativas procurou contribuir para este objectivo, não se revendo na posição que o PCP sistematicamente vem assumindo. Com efeito, partindo de um cenário catastrofista, o PCP vem propor, de novo, a criação de planos de emergência e reforço dos meios para a resolução dos pedidos pendentes na Inspecção-Geral do Trabalho,»
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Claro! E acha que não é preciso?
A Sr.ª Isabel Coutinho (PS): — » medida com a qual não concordamos, essencialmente pelas seguintes razões: o cenário dramático da falta de resposta da ACT a pedidos de intervenção não se encontra demonstrado (antes pelo contrário, os dados de que dispomos apontam no sentido inverso); a actividade da ACT situa-se no campo do controlo do cumprimento de normas relativas às condições de trabalho e não a quaisquer circunstâncias da relação individual de trabalho e da conflitualidade que lhe está associada, como erradamente o PCP faz; a ACT actua — e bem! — de forma proactiva e não meramente reactiva. Aliás, relembra-se que a ACT, nos seus planos plurianuais de actividade inspectiva, com a concordância dos parceiros sociais, tem vindo a priorizar a sua intervenção nos domínios considerados mais sensíveis, como é o caso do trabalho não declarado, do trabalho a termo e temporário, de resto sinalizados pelo PCP.
Finalmente, salienta-se que o Governo já impulsionou medidas de apoio à resolução voluntária de conflitos do trabalho através da criação do sistema de mediação laboral que responde às preocupações evidenciadas pelos autores desta iniciativa.
Em suma, a fixação de prioridades ao nível inspectivo, a par de criação do sistema de mediação laboral, passando pelo reforço dos recursos humanos são um claro sinal da nossa aposta e da nossa estratégia.
Nesta linha, e porque o objectivo é uma efectiva melhoria do funcionamento da ACT compatível com as melhores práticas ao nível europeu, o Governo e os parceiros sociais, percebendo a importância do papel da ACT, acordaram num objectivo equilibrado e concretizável que se traduz no seu reforço progressivo, através do recrutamento de 50 novos inspectores de trabalho por cada ano até 2011.
Significa, pois, que em 2011 estaremos a par dos países mais desenvolvidos neste domínio. As soluções avançadas pelo PCP, para além de inadequadas, implicariam um risco da desestruturação da ACT podendo mesmo enfraquecer a sua intervenção em domínios considerados prioritários.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, quis o destino, que é sempre previdente nos seus desígnios, que estivéssemos a discutir, no exacto dia em que se celebram os quatro anos da tomada de posse do Governo, uma das que provavelmente é das mais antigas promessas do Partido Socialista: 100 novos inspectores de trabalho!! Lembramo-nos, desde a discussão do Programa do Governo, de tudo o que os responsáveis desta área diziam e todos os anos cá vinham dizer: «100 novos inspectores» da área do trabalho. Não havia debate do Orçamento do Estado em que o Sr. Ministro do Trabalho não viesse a esta Assembleia dizer que a grande medida para finalmente resolver tudo o que de mal se passava na parte da inspecção do trabalho era o recrutamento de «100 novos inspectores» na área de trabalho.
Não havia interpelação na área social em que o tema sempre difícil, nomeadamente para os trabalhadores portugueses, que é o de muitas vezes existirem abusos à lei, não fosse resolvido com a criação e com a entrada nos quadros da ACT de 100 novos inspectores da área de trabalho. Nunca houve uma medida tantas vezes anunciada, tantas vezes propagandeada e tantas vezes não cumprida como esta e eu acho que é muito simbólico sobre o que foram estes quatros anos de Partido Socialista, muitas vezes a proporem, com pompa e circunstância, a mesma coisa, mas que, no campo dos resultados, era zero ou quase nada!!