63 | I Série - Número: 075 | 2 de Maio de 2009
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Declarações de voto enviadas à Mesa para publicação 
Relativa ao voto n.º 216/X (4.ª) 
Respeitando a indicação de voto do meu grupo parlamentar (GP PS), compreendendo e sendo sensível 
aos argumentos apresentados pelo grupo parlamentar proponente do presente voto (GP BE), o facto de, no 
dia 25 de Abril — dia em que se celebra o fim de uma ditadura, que teve em António de Oliveira Salazar o seu 
mais importante protagonista, e a instauração de uma Democracia, na qual o Parlamento deve ser o mais 
decisivo guardião dos direitos e liberdades fundamentais —, uma autarquia, na materialização de uma 
decisão, legítima e legal, inaugurar uma obra de requalificação urbana e lhe atribuir a designação toponímica 
que muito bem entendeu, de acordo com os seus critérios e juízos, não deve ser objecto de protesto formal, 
por parte da Assembleia da República. 
Este episódio é, ele mesmo, um exemplo paradoxal: na realidade, a utilização do nome e do simbolismo do 
ditador António Oliveira Salazar, no dia em que se celebra a Liberdade e a Democracia, é a prova mais 
evidente de que valeu a pena a luta contra a ditadura e que o espírito do 25 de Abril — com todos os valores a 
ele associados — permanece bem vivo e se consolidou na sociedade portuguesa. 
Não me identifico com a homenagem concretizada em Santa Comba Dão, com o homenageado ou com o 
momento escolhido para a iniciativa. No entanto, respeito a vontade e a decisão da autarquia 
santacombadense. 
A melhor forma de combater todas as ditaduras é praticar toda a Liberdade e respeitar todas as diferenças. 
O Deputado do PS, Bravo Nico. 
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Relativa ao projecto de resolução n.º 481/X (4.ª) 
Votámos contra a apreciação parlamentar solicitada para os decretos-lei que extinguem o Arsenal do 
Alfeite, para o transformarem em empresa pública e aprova a concessão das infra-estruturas portuárias e 
fabris, aí localizadas, pelas razões que passamos a expor: 
O Arsenal do Alfeite, com os seus cerca de 70 anos de existência, acumulou uma longa e rica experiência 
no sector da construção e reparação naval. 
Mas é hoje opinião generalizada que esta unidade se encontra cristalizada e a necessitar de uma nova 
dinâmica que a conduza ao encetar de novos desafios e ao trabalhar não exclusivamente para a Marinha mas 
para outros clientes, investindo, inovando e assumindo novos desafios no delicado e competitivo sector da 
construção e reparação naval. 
Nesta perspectiva, parece-nos útil e desejável que venha a integrar o estratégico «cluster» das empresas 
de defesa por forma a tirar proveito do conhecimento e capacidade comercial deste conjunto e da investigação 
e saber que as universidades e os politécnicos têm vindo a produzir e podem continuar a desenvolver em 
associação com esta indústria. 
Ora, o estatuto que o Arsenal do Alfeite possuía não lhe permitia redinamizar a sua actividade e realizar os 
investimentos necessários à sua modernização. Era, quanto a nós, imprescindível dotá-lo de um estatuto que 
lhe permita concorrer aos trabalhos da Marinha e, em simultâneo, poder oferecer os seus serviços a outros 
clientes. 
Assim, o estatuto de sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos e a sua integração no 
universo da holding «Empordef, SA» parece-nos ser a solução que, acautelando o cliente privilegiado Marinha, 
lhe permita lançar-se em novas experiências e oferecer os seus serviços a outros potenciais clientes. 
Parece-nos, assim, que deverá respeitar-se a experiência do que sucedeu nas OGMA, corrigindo alguns 
erros e assegurando a Marinha como cliente privilegiado do futuro Arsenal, SA.