58 | I Série - Número: 024 | 26 de Novembro de 2010
O Sr. Afonso Candal (PS): — Percebo a descontracção de alguns membros das bancadas que não estão no Governo, mas já foram governo, e que contribuíram, de forma determinada, para agravar a nossa situação.
Aplausos do PS.
Contribuíram, de forma determinada e quase militante, com medidas e propostas que geraram encargos e despesa durante dezenas e dezenas de anos.
Protestos do PSD.
Para terminar, vou dar só dois exemplos: 1989, novo sistema retributivo, que faz com que ainda hoje estejamos a pagar muito fruto das medidas tomadas há 20 anos; Citigroup, já pagámos quatro vezes o que recebemos e continuaremos a pagar durante vários anos.
Vozes do PS: — Ouviram?!
O Sr. Afonso Candal (PS): — Não são medidas pontuais. São medidas com um lastro de consequência grave para o País.
Aplausos do PS.
Portanto, Srs. Deputados, não se trata de esquecer o passado. Trata-se de nos concentrarmos hoje no presente e no futuro. No entanto, o passado deve e será certamente avaliado.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Luís Fazenda): — Tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Frasquilho.
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Afonso Candal, não deixa de ser curioso que venha reconhecer, após vários anos, que, de facto, o nosso principal problema, além da falta de crescimento económico, é o endividamento a que estamos submetidos. Sabe há quantos anos dizemos isto aqui?
Vozes do PSD: — Muito bem!
Risos do PS.
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Dissemos em 2005, em 2006, em 2007, em 2008, em 2009 e os senhores nada! Tivemos de chegar a 2010 para que fossemos ouvidos. Mais vale tarde do que nunca! O Sr. Deputado nomeou alguns casos que, no seu entender, são pesados fardos para o futuro, mas não falou nas parcerias público-privadas.
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Não falou em projectos de investimentos faraónicos que vão precisar de ser reavaliados e reanalisados para se saber se, de facto, devem ou não continuar. O Sr. Deputado ignora — ou finge ignorar — que, a partir de 2014, inclusive, esses pesados projectos irão cair nas nossas contas públicas e torná-las ainda mais pesadas! Sr. Deputado, não nos devemos esquecer, convenientemente, de opções que foram tomadas no passado e que, estas sim, colocam um fardo pesadíssimo sobre as futuras gerações. É exactamente isto que esta bancada pretendeu e pretende evitar!