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I SÉRIE — NÚMERO 2

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É preciso ter presente que o trabalho que a Assembleia da República realiza não é um trabalho exclusivo

dos Deputados. E eu, ao mesmo tempo que quero desejar as maiores felicidades aos Deputados eleitos, hoje

já com a presença de alguns Deputados do anterior governo face às substituições que se operaram, lembro

que há um trabalho muito importante a assinalar por parte de todos os funcionários da Assembleia da

República, de todas as assessorias da Assembleia da República, da Sr.ª Secretária-Geral e de todo o corpo

que integra os serviços de apoio ao trabalho dos Deputados, seja institucionalmente, dos quadros da própria

Assembleia, seja dos quadros dos grupos parlamentares.

Lembro também como é particularmente importante o papel que a comunicação social aqui realiza, levando

ao País o que aqui se passa, que é a vivência diária da democracia, vivência nem sempre compreendida. Mas

essa incompreensão, muitas vezes, é um estímulo para todos nós, porque não recuamos um milímetro que

seja nesta afirmação diária da liberdade, da pluralidade e da democracia em que todos nos revemos.

Sr.as

e Srs. Deputados, escreveu Unamuno que um minuto de vida bem empregada vale mais do que a

eternidade da vida inutilmente vivida.

Espero e desejo que cada minuto de cada um de nós, nesta nova Legislatura — nesta XII Legislatura —,

seja um minuto de vida bem empregada pela democracia, pela liberdade, por Portugal!

Aplausos gerais, de pé.

A Sr.ª Presidente eleita, Assunção Esteves, foi acompanhada à Mesa pelo Sr. Presidente em exercício de

funções, o qual, após troca de cumprimentos, ocupou o seu lugar na bancada do PSD.

Aplausos gerais, de pé.

A Sr.ª Presidente: — Sr.as

e Srs. Deputados, Sr. Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Minhas

Senhoras e Meus Senhores: Presidir ao Parlamento constitui a maior honra da minha vida! Porque o

Parlamento é liberdade que se fez instituição, consequência da razão moderna, do pensamento das luzes, da

coragem dos justos. Porque o Parlamento se constrói sobre o discurso dos direitos e da sua força

legitimadora, evidenciado pelo voto universal, livre e igual. E porque foram os parlamentos que inscreveram a

dignidade humana no sentido das instituições e ligaram o exercício do poder ao progresso da civilização.

Nós, os Deputados, somos portadores de um mandato que se gera na igualdade e na liberdade, damos

corpo a um poder que se forma na moral universal que dita os critérios da justiça.

Que orgulho, Srs. Deputados, e que responsabilidade que é estarmos aqui!

Filhos da razão e da história da razão, somos nós o cais da esperança. Da esperança que, num domingo

de Junho, saiu de casa para nos escolher, da esperança que não saiu, que é a dos cidadãos que, lá bem no

fundo, esperam para se reconciliar com a política, e de uma outra esperança, a esperança silenciosa e triste

dos mais frágeis e dependentes. Muitos não puderam votar, muitos vivem em espaços existenciais fechados,

ou quase fechados, longe de uma opinião pública crítica e vigilante e, por isso mesmo, vendo perigar, tantas

vezes, os direitos humanos.

A esperança que nos convoca, Srs. Deputados, 230 eleitos! Que orgulho e que responsabilidade é a nossa:

ou decidimos melhorar o mundo ou teremos de perguntar como se dorme o nosso sono.

Fomos chamados à função sagrada da representação política que nos dá o poder da legislação e do

escrutínio. Fomos chamados por um povo que tem na própria história a marca da universalidade e que anda à

procura de repercutir, no futuro, a sua Odisseia. Não estamos sós, aqui. São tantos os projectos, as

expectativas, as inquietações que connosco se sentam e que exigem de nós que cultivemos, com os domínios

da vida das pessoas concretas, formas de comunicação contínua, muito para além do tempo das eleições e do

espaço dos partidos.

Verdadeiramente, o que se nos exige é a reinvenção da democracia sobre o eterno a priori da humanidade

do homem.

Somos hoje um Parlamento no horizonte da Europa e do mundo, às portas de uma época universal já

antecipada em diferentes modos pelo pensamento de Tocqueville, Kant, Goethe, Humboldt, Marx ou Simmel.

O cosmopolitismo e a globalização empurram-nos para a moralidade de uma consciência de mundo e, ao

mesmo tempo, revolvem os velhos paradigmas da política. Formas alargadas de união de Estados — como a