4 DE AGOSTO DE 2011
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A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Afonso Oliveira.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro de Estado e das Finanças, Sr.ª Secretária de
Estado, Sr.as
e Srs. Deputados: Os portugueses têm hoje uma clara percepção que vivemos num tempo em
que a realidade se impôs perante o País.
Vivemos um momento histórico em que é necessário assumir decisões de enorme dificuldade, com
consequências na vida das pessoas e organizações.
É neste enquadramento de grande de exigência que os portugueses esperam desta Assembleia e do
Governo coragem e determinação. Determinação que, felizmente, é visível na acção hoje evidenciada pelas
propostas do Governo.
O que está aqui em discussão é a decisão do Governo eliminar os direitos especiais detidos pelo accionista
Estado na EDP, GALP Energia e Portugal Telecom.
Como dizia o Sr. Ministro das Finanças sobre a matéria hoje em discussão, «o Governo só está a fazer o
que tinha que fazer» e «o Governo assume de forma convicta esta posição». Disse-o esta tarde nesta
Câmara.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Por outro lado, é notável a forma como o Partido Comunista se refere ao
compromisso assumido pelo Governo português perante entidades internacionais que aprovaram um plano de
ajuda financeira a Portugal. Sem avaliarem as consequências para o País, fazem tábua rasa dos
compromissos assumidos pelo Estado português.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E os senhores avaliaram as consequências disto?
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados e Sr.as
Deputadas: O que está aqui em
causa é, de facto, o cumprimento do Memorando de Entendimento.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Claro! E nós estamos aqui todos caladinhos durante quatro anos.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — O cumprimento do Programa do Governo aprovado há alguns dias prevê,
de forma inequívoca, a eliminação dos direitos especiais do Estado enquanto accionista.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Convirá ainda lembrar que o Estado português foi condenado pelo
Tribunal de Justiça das Comunidades por considerar que as goldenshares desincentivam o investimento por
parte de outros Estados-membros e traduzem uma clara restrição à livre circulação de capitais.
Pretende-se, assim, como já hoje aqui foi dito de forma muito clara, promover a concorrência e fortalecer a
regulação, condições necessárias para aumentar a eficiência e competitividade da economia.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Como sabem, o peso do Estado na economia portuguesa cresceu, nos
últimos anos, para níveis não sustentáveis. Repito: o peso do Estado na economia portuguesa cresceu, nos
últimos anos, para níveis não sustentáveis. Teremos necessariamente de promover a redução da intervenção
do Estado na economia e caminhar para uma economia mais competitiva, que estimule a eficiência e a
equidade e funcione com mais transparência nas regras de mercado, como nos dizia, aqui, há pouco, o Sr.
Ministro de Estado e das Finanças.