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2 DE JUNHO DE 2012

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A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, pelo PCP, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Tiago.

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as

e Srs. Deputados: Sr.

Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, se corre tudo bem — é o que a troica e o Governo nos dizem —,

então porque é que não param de vir sugerir ou, aliás, impor cada vez mais exigências e cada vez mais golpes

nos direitos dos portugueses?

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Se dizem que tudo corre bem, quando o desemprego atinge níveis recorde e

coloca já mais de 1,3 milhões de portugueses sem trabalho, porque é que dizem que é preciso continuar a

cortar nos salários? Porque é que a troica tem o descaramento de vir ao Parlamento dizer que Portugal não

tem de se dar ao luxo de ter hospitais modernos e que devia encerrá-los e que não tem nada que ter uma rede

pública de cuidados continuados, porque isso até é uma grande despesa? Se tudo corre bem, das duas uma,

Sr. Secretário de Estado: ou os resultados esperados eram estes ou estão a enganar-nos, porque se tudo

corre bem com o País nesta situação, então o Governo deve muitas clarificações ao povo português.

Já agora, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados que sustentam o Governo, é importante que nos

digam qual é a vossa postura perante estes golpes que têm vindo a ser desferidos por diversas vozes contra

os direitos dos portugueses, nomeadamente contra os salários, quer seja pelos senhores da troica, quer seja

até por António Borges, consultor do Governo, que vem dizer que mais do que uma política é uma medida

urgente cortar os salários dos portugueses.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Trata-se de uma campanha que este Governo e os grandes patrões e a

banca em Portugal levam a cabo para salvaguardar os seus interesses, contra os trabalhadores portugueses.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Os senhores do Governo, do PSD e do CDS fazem esta campanha porque

sabem — e sabem já tão bem como o PCP sabe — que esta dívida é impagável nestes termos, porque o rumo

que o País está a seguir é precisamente o rumo da bancarrota, é o rumo da destruição da capacidade de

recuperação do nosso País, é o rumo da recessão e de castigar precisamente os mesmos que não têm

qualquer responsabilidade na crise que estamos a atravessar.

Para salvar os bancos, para salvar os grandes interesses económicos, este Governo castiga e insiste em

destruir os direitos daqueles que têm pago sempre, com o seu trabalho, a riqueza dos que destroem o País.

Porque é que insistem, Srs. Membros do Governo, PSD e CDS, neste rumo de destruição e não na

renegociação da dívida? Porque não agora, ainda de cabeça erguida, renegociar a dívida em termos que

sejam favoráveis ao País? Porque não renegociar agora, em vez de insistir no rumo de destruição?

Srs. Membros do Governo, o rumo que a Grécia toma, com um ano de avanço sobre Portugal, demonstra

bem o que nos espera. E, lá, a renegociação foi imposta a um povo, foi imposta nos termos dos credores,

prejudicando ainda mais, numa renegociação já de joelhos.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — É para aí que querem conduzir o povo português, Srs. Membros do

Governo?

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

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