7 DE JUNHO DE 2014
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O n.º 2 desse artigo refere que a restituição incumbe à entidade bancária emissora do cartão, que, por sua
vez, pode requerer à entidade que cometeu a fraude a devolução do dinheiro. Trata-se de um artigo básico de
defesa de direitos do consumidor numa matéria tão perigosa como é a utilização fraudulenta de cartões de
crédito.
A proposta de lei revoga este artigo sem que ele seja substituído por um artigo tão abrangente e tão
protetor dos direitos dos consumidores.
O Sr. Deputado Hélder Amaral, numa entrevista, assumia que este outro diploma que existe não é tão
objetivo na defesa dos direitos do consumidor como esta norma que agora revogam. Disse que não era tão
objetivo — isto é assumido. O que quer dizer que a legislação que vai passar a existir é menos eficaz, é pior
na proteção de direitos do consumidor.
O Sr. José Magalhães (PS): — Sem dúvida!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — E apresentou-a como uma opção política. Depois, viemos a saber que,
afinal, a opção política é a obediência à Associação Portuguesa de Bancos.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Eu não disse isso!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — O apelo que fazemos é que a opção política desta Câmara seja a de ir
contra a Associação Portuguesa de Bancos, em defesa dos diretos do consumidor. Essa é a opção política
que hoje aqui tomamos, uma vez que há um consenso em torno da certeza de que a revogação desta norma
prejudica os direitos do consumidor.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção de apresentação do requerimento do PCP, tem a palavra a
Sr.ª Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O PCP apresenta este requerimento de
avocação porque, de facto, a alteração que foi proposta é gravosa e prejudica gravemente os direitos dos
consumidores.
A revogação do artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 24/2014, de 14 de fevereiro, ilustra bem a quem serve este
Governo e a maioria que o suporta: a banca manda, o PSD e o CDS-PP executam.
Protestos do CDS-PP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sim, Srs. Deputados, as declarações do Deputado Hélder Amaral, transcritas
num jornal diário, assim o comprovam. Dizia então o Sr. Deputado Hélder Amaral: «A revogação surgiu na
sequência de um alerta da Associação Portuguesa de Bancos».
Esta alteração legislativa serve o setor financeiro e a banca e não os consumidores, e confirma que era
apenas demagógico o discurso que os partidos da maioria fizeram aquando da discussão, na generalidade, da
proposta de lei.
Dizia também o Sr. Deputado do CDS-PP, Rui Barreto, na discussão, na generalidade: «Os objetivos da
diretiva são de garantir um elevado nível de proteção dos consumidores». A mesma ideia foi exprimida pela
Sr.ª Deputada do PSD, Paula Cardoso, que passo a citar: «Esta transposição vem ampliar os direitos dos
consumidores».
Ora, esta alteração legislativa em nada melhora os direitos dos consumidores, bem pelo contrário,
prejudica-os, nomeadamente na relação com a banca.