I SÉRIE — NÚMERO 42
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O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Ui, ui!
O Sr. NunoMagalhães (CDS-PP): — … provavelmente, o Partido Comunista Português e outros partidos
desta Câmara diriam que se tratava de uma atitude machista, sectária, discriminatória. E, Sr. Deputado,
confesso que, se o fizesse e se fosse o Governo português, seria difícil não deixar de lhe dar razão. Mas, Sr.
Deputado, para ver também a medida da convicção do Partido Comunista Português queria, sinceramente,
que não se esquecesse de fazer um comentário a este facto: 10 Ministros, 10 homens, 0 mulheres. Será esta
a mudança, os ventos de mudança que o Sr. Deputado veio anunciar na tribuna? Não creio, sinceramente,
numa perspetiva global, terá sido, neste caso, no melhor sentido.
Mas, Sr. Deputado, e quero ser muito rápido para respeitar o tempo de que disponho, há uma coisa que lhe
quero dizer: não vale a pena, por muito que interesse partidariamente, confundir a situação de Portugal com a
da Grécia. Os gregos são os gregos, que nós respeitamos e estimamos, agora, nada, rigorosamente nada têm
a ver com Portugal.
Quatro exemplos, Sr. Deputado.
Refira-se que, neste momento — e acho que este é, de resto, o primeiro dever de cada um de nós, que
estamos no Parlamento português, em Lisboa —, os juros da dívida pública, a 10 anos, de Portugal são de
2,5%, os da Grécia são de 10,5%. Isto nada tem a ver, Sr. Deputado, e é preciso distinguir.
A Grécia, neste momento, tem a troica em Atenas. Nós, porque houve um Governo que não foi nos «cantos
de sereia» de certa esquerda, sobre mais tempo e mais dinheiro, não temos a troica em Lisboa, temos a
soberania completamente restabelecida e o povo português voltou a ser dono do seu destino. Não é a mesma
coisa, Sr. Deputado!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Portugal saiu do Programa de Assistência Económica e Financeira e sem programa cautelar, de forma
limpa; a Grécia, na melhor das hipóteses, está agora a discutir o que é que significa um programa cautelar.
Portugal não é a Grécia, que estimamos e respeitamos, Portugal cumpriu com aquilo a que se
comprometeu. Pelo esforço e por mérito dos portugueses, fomos capazes de cumprir um programa difícil, sair
no tempo certo e apenas com um só programa.
Foram quatro exemplos muito simples que gostaria que referisse e salientasse. É que, Sr. Deputado, até
posso perceber a visão internacionalista do PCP, mas, entre o interesse partidário e o interesse nacional, não
podemos ter dúvidas em defender o interesse nacional. E o interesse nacional, porque esta é a verdade e é
justo dizê-lo, é dizer que a situação de Portugal, por mérito dos portugueses, não é igual à situação da Grécia.
Não há ninguém, na Europa, que não diga isso, a não ser, pelos vistos, infelizmente, alguns partidos
portugueses.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — O Sr. Deputado Nuno Magalhães beneficiou de uma distração da Mesa.
Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. AntónioFilipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Nuno Magalhães, agradeço as felicitações
que me dirigiu e passemos, então, às hostilidades políticas.
O Sr. Deputado começou por dizer que respeitava a escolha do povo grego. Registo isso, mas registo
também que, ao longo de todo o processo eleitoral, se somaram as chantagens e as ingerências em relação
ao povo grego, vindas da parte de muitos dirigentes europeus. Todos nos recordamos da visita do Sr. Mariano
Rajoy a Atenas, para participar no congresso da Nova Democracia; todos nos lembramos de várias
declarações feitas a partir da Alemanha, com todo o tipo de chantagens e ameaças relativamente ao povo
grego, se não sufragasse nas urnas a política de austeridade que lhe tem sido imposta.