10 DE SETEMBRO DE 2015
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económicos? Porque os portugueses não são joguetes, a proposta que o PEV faz é que se aposte doravante
em políticas que, de uma vez por todas, tomem as pessoas como o eixo da governação. É por isso tempo de
que o Parlamento ganhe a cor da justiça, da igualdade, da solidariedade, da responsabilidade, da confiança e
da lealdade para com o povo português e Os Verdes assumem-se construtores dessa cor e dessa esperança
para o País.
A Sr.ª Presidente: — Peço aos Srs. Deputados que mantenham uma aproximação ao tempo que foi
atribuído a cada grupo parlamentar.
Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Vivemos hoje uma enorme
crise humanitária, que é a crise dos refugiados.
Todos os dias nos chegam notícias de terror, de histórias de vida e de histórias de morte, e todos os dias o
sofrimento de mulheres, homens e crianças nos convoca para a nossa humanidade e rejeita a nossa
indiferença. Não os podemos ignorar.
Eles e elas fogem da guerra, da destruição, da morte que espreita a cada esquina. Enfrentaram muitos
perigos até chegarem perto de nós. Primeiro, os bombardeamentos, onde a Europa tem também inequívocas
responsabilidades; depois as viagens até ao Mediterrâneo; e depois a imensidão do Mediterrâneo, que se
transformou num enorme cadafalso onde o número de vidas perdidas já não se consegue contar. Ali onde o
mar se transformou numa enorme vala comum.
Depois, aqueles que conseguem chegar à Europa, encontram barreiras, muros, preconceitos. Quando
deveria ser convocada a nossa humanidade, vemos uma enorme crueldade. E para quem? Contra quem?
Contra pessoas como qualquer um e qualquer uma de nós.
São pessoas como nós, pais, filhos, avós, famílias, amigos; são pessoas como nós que tinham profissões,
funções, percursos; são pessoas como nós que apenas procuram uma vida estável e próspera; são pessoas
como nós que estão desesperadas e nos estendem a mão.
Esta é uma questão de direitos humanos e era aqui que deveríamos ser grandes e mostrar que estávamos
à altura da situação. E vimos exatamente o contrário na ação do nosso Governo, um Governo que se vê
pequenino: primeiro, apenas queria recolher um número mínimo de refugiados; depois, face à pressão da
sociedade civil, aumentou a disponibilidade, mas ficando sempre abaixo do que podia e devia.
Um Governo pequenino, que não percebe o momento histórico que vivemos e a resposta digna que
deveríamos dar.
Um Governo pequenino, que agiu sempre empurrado e nunca empenhado. Não está à altura do País nem
da nossa história.
Um Governo pequenino, que não sabe o que significa a solidariedade nem com os seus, nem com os
outros.
Um Governo pequenino, que ficará para a História mas não fará história.
Protestos do PSD.
Sr.as
e Srs. Deputados: Nesta última intervenção desta Sessão Legislativa e desta Legislatura, há um outro
tema que gostaria de trazer a debate, porque este Governo, muitas vezes, não faz o que deve, mas é muito
persistente no que não deve.
A menos de um mês das eleições ainda vemos o corrupio das privatizações. Se não vai de uma forma, faz-
se de outra, numa urgência incompreensível, contra tudo e contra todos. O ajuste direto para entrega a
privados dos STCP é disso o melhor exemplo.
Contra os trabalhadores, contra os utentes, contra os municípios, o Governo insiste na privatização. Contra
o interesse público, faz a privatização por ajuste direto. Sem qualquer pingo de vergonha, insiste, a menos de
um mês das eleições!
É este o exemplo da governação ao longo dos últimos quatros anos: sempre contra o interesse coletivo,
sempre com uma agenda ideológica profunda para dar a privados o que é de todos, sempre contra o interesse
dos utentes, das pessoas, dos trabalhadores.