I SÉRIE — NÚMERO 64
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Constituição de uma comissão eventual para o acompanhamento das iniciativas sobre a família e a natalidade
(CDS-PP), 291/XIII (1.ª) — Recomenda ao Governo que regulamente o teletrabalho (CDS-PP), 292/XIII (1.ª) —
Revisão consensualizada do calendário escolar (CDS-PP), 293/XIII (1.ª) — Consagra o dia 31 de maio como o
Dia Nacional dos Irmãos (CDS-PP), 294/XIII (1.ª) — Recomenda ao Governo que garanta e promova uma
diferenciação no acesso à habitação e nos apoios a atribuir a pessoas e casais com filhos a cargo em todos os
programas existentes ou a criar (CDS-PP), 295/XIII (1.ª) — Recomenda ao Governo que proceda à alteração do
regime legal para acesso ao apoio financeiro Porta 65 — Arrendamento por Jovens (Porta 65 – Jovem) (CDS-
PP), 281/XIII (1.ª) — Adoção de medidas integradas de incentivo à natalidade (PCP) e 296/XIII (1.ª) — Medidas
de proteção da parentalidade (BE).
Para abrir o debate, tem a palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em Portugal nascem hoje 1,2
filhos por mulher. É o índice de fecundidade mais baixo da União Europeia e o quinto pior do mundo.
Em 2014, nasceram apenas 82 367 bebés. Foi o pico mais baixo do número de nascimentos. E, no entanto,
os estudos — e, ainda esta semana, foi revelado mais um estudo — mostram que as portuguesas e os
portugueses desejam ter mais filhos, mas não sentem ter condições para concretizar esse projeto de vida.
Não é só a vida de cada uma destas pessoas que fica por cumprir, é também todo o País que vê o seu futuro
comprometido.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Um país sem crianças é um país com menos esperança, menos
energia, menos criatividade e também menos alegria para os mais idosos, que não veem netos e bisnetos a
nascer e a crescer. É um país que compromete o crescimento económico e não consegue pagar pensões de
reforma.
Mas é possível inverter esta tendência. Outros países fizeram-no com sucesso. Sabemos que um ambiente
de crescimento económico, de criação de emprego e estabilidade no mesmo, são essenciais para gerar
confiança que permita a decisão de ter filhos. E tudo o que fizermos para garantir criação de emprego e
crescimento económico ajudará certamente, mas não é suficiente. Há décadas que os nascimentos diminuem.
Desde 1982 que não repomos as gerações. Depois disso, já tivemos vários ciclos de crescimento e de
prosperidade, e nem por isso a tendência se inverteu.
É, pois, necessário insistir num conjunto de políticas coerentes em vários domínios: das prestações sociais
à fiscalidade, da conciliação trabalho/família ao apoio formal à primeira infância, passando por políticas de
habitação e por uma sensibilidade a esta questão em todas as políticas sectoriais.
Aplausos do CDS-PP.
Apesar dos progressos nas políticas públicas de apoio à natalidade e à família, é preciso insistir para garantir
uma inversão sólida e progressiva do declínio da natalidade.
Esta insistência passa certamente por progredir em diversos domínios, mas passa também por garantir que
há estabilidade e um progressivo aprofundamento dessas políticas. Desde 2007 que, para o CDS, o tema da
natalidade está no topo da sua agenda. Nessa altura, recém-entrada no partido, tive o gosto de coordenar o
grupo de missão que produziu o relatório Natalidade – O desafio português. A generalidade das medidas que
então propusemos foram executadas ao longo destes anos. E até tivemos uma — o quociente familiar — que
foi adotada pelo Governo anterior e substituída neste Governo por uma outra medida. Mesmo nos tempos de
maior restrição financeira, conseguimos não regredir, mas manter ou até progredir no domínio específico do
apoio à família. E mesmo quando a opção é outra, o tema não tem deixado de ser tido em conta por todos os
Governos.
Consideramos, pois, que é tempo de voltar a este assunto aqui, no Parlamento, onde, aliás, na sessão
legislativa passada, também pela mão da então maioria parlamentar PSD/CDS, o tema foi discutido e muitas
soluções foram recomendadas e adotadas pelo Governo. E, por isso, marcámos o nosso primeiro agendamento
potestativo precisamente com o tema da natalidade.