16 DE MARÇO DE 2017
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O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Inscreveram-se três Deputados para pedirem esclarecimentos.
Como pretende responder, Sr. Deputado João Ramos?
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr. Presidente, pretendo responder um a um.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra, em primeiro lugar, a Sr.ª Deputada Isabel
Galriça Neto.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado João Ramos,
queria agradecer o facto de trazer o tema da saúde, dos recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde, que
tanta resiliência e tanto profissionalismo têm demonstrado e, de facto, queríamos dizer que não deixamos de
estar surpreendidos com o seu discurso.
É que, passado um ano e meio de governação socialista, de um Governo que o senhor apoia e, sendo
corresponsável por opções de um Ministro que ainda hoje de manhã esteve a dar respostas, o Sr. Deputado, no
discurso que fez, remeteu sistematicamente questões do presente para um Governo anterior, que enfrentou
uma situação completamente diferente daquela que atualmente se vive, que enfrentou a necessidade de
combater e de nos fazer sair da bancarrota e pagar calotes de mais de 3000 milhões de euros. Ora, estranhamos
que, ainda hoje, estando em funções um Governo que o senhor apoia, de que cada vez que são chamados a
assumir responsabilidades, os senhores mantenham uma atitude revanchista, uma atitude em que não são
capazes de assumir responsabilidades e construir respostas para problemas que os portugueses enfrentam
hoje.
Deixe-me dizer-lhe, Sr. Deputado, que várias organizações de recursos humanos da saúde, reunidas a 10
de março de 2017 — não foi em 2015 ou em 2014 —, dizem que as condições de trabalho continuam a agravar-
se e que há uma violação sistemática da legislação laboral. Quem é que o senhor vem culpar? É o anterior
Governo por aquilo que dizem, hoje, estas organizações?
Aplausos do CDS-PP.
Sr. Deputado, de facto, estamos preocupados com aquilo que se passa na saúde e não pode dizer que o
CDS não alertou, em devido tempo, para aquela que seria a reposição precipitada das 35 horas, para aquilo que
essa reposição iria implicar na fatura para os recursos humanos. Como o senhor sabe e tem de ter a coragem
de dizer, continuam a existir enfermeiros com horas extraordinárias por repor,…
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — … que não estão devidamente pagas, a ser contratados a 40 horas,
continua a existir austeridade na saúde.
O que é que esperamos, Sr. Deputado? Esperamos que o PCP assuma as suas responsabilidades e era
isso que gostaríamos de ouvir. Vai, ou não, efetivamente, questionar o Governo, que o senhor apoia, por aquilo
que é uma situação preocupante, hoje, nos serviços de saúde, ou vai continuar a querer o melhor de dois mundos
e a não conseguir assumir consequentemente a sua posição?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Ramos.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr. Presidente, agradeço à Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto as questões que
colocou.
Percebo que a Sr.ª Deputada e o Grupo Parlamentar do CDS não gostassem que o PCP lembrasse as vossas
responsabilidades na situação a que chegou o Serviço Nacional de Saúde, mas o PCP entende que o deve
fazer porque os problemas que o Serviço Nacional de Saúde enfrenta são muito profundos e as consequências
da vossa política foram graves. Esta situação não resultou só dos quatro anos do vosso Governo, uma vez que,