I SÉRIE — NÚMERO 63
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para poderem ser ouvidos e que viram, uma vez mais, as suas vontades e os compromissos assumidos serem
protelados.
Sr. Deputado, gostaria de lhe dizer que espero que, agora, o CDS venha, efetivamente, trazer para a
discussão política de primeira linha as questões da deficiência.
Sr. Deputado, custa-me muito, não só a mim, mas também às associações, às famílias e às pessoas com
deficiência de quem o senhor também falou, ouvir falar em «deficientes», em «portadores de deficiência». Sr.
Deputado, peço ao CDS que, de uma vez por todas, se adapte à linguagem das convenções internacionais e
dos documentos internacionais. É muito degradante e custa muito ouvir falar dessa forma.
Aplausos do PS.
Mas estamos disponíveis para, com humildade, participar na discussão e ajudar a construir melhores
políticas, que o Governo, por sua vez, também já está a desenvolver.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia):— Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Filipe Anacoreta
Correia.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jorge Falcato, em primeiro lugar,
queria dizer-lhe que, da parte do CDS, temos a capacidade de olhar para estas matérias muito para além
daquela que é a nossa pertença partidária.
Sr.ª Deputada, devo dizer-lhe diretamente – e já disse o mesmo à Sr.ª Secretária de Estado – que a nossa
profunda e verdadeira expetativa é a de que a intervenção política, nomeadamente a sua e de muitos outros
cidadãos que sofrem na pele esta realidade, possa ser a bem do País, a bem de todas as pessoas que vivem
este drama e, portanto, olhamos com esta abertura e com esta expetativa também para a sua intervenção.
Devo dizer que, desse ponto de vista, esperaria mais da sua intervenção, porque, na verdade, usou o seu
tempo fundamentalmente para falar do passado e, se há coisa que tem de nos unir, é o futuro, mais do que
estarmos preocupados com o passado e até com o presente. Aliás, a minha resposta a essa sua referência
podia ser a de termos um Governo com mais de 15 meses de funções e ainda nada ter executado.
A Sr.ª Idália Salvador Serrão (PS): — Não é verdade!
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Nós poderíamos estar sempre a discutir o presente e o
passado, mas creio que aquilo que tem de nos unir é o futuro. E a melhor resposta que podemos dar é discutir
medidas, é discutir propostas concretas, venham elas de onde vierem, e foi isso que aqui fizemos, não estando
preocupados em defender o nosso passado. Podíamos fazê-lo — temos, com certeza, muitas coisas a defender,
não foi tudo com certeza mau –, mas discutimos as propostas que nos são exigidas pelos cidadãos e foi ao
encontro das instituições e das famílias que tentámos ir.
Portanto, olhamos com grande expetativa pela abertura que manifestou em relação ao conhecimento das
nossas propostas, tendo muitas delas já dado entrada nesta semana e outras darão entrada posteriormente.
O mesmo se aplica à Sr.ª Deputada Idália Serrão que, sei, teve responsabilidades nesta matéria e quem tem
responsabilidades nesta matéria sabe que podemos ter sempre o discurso do passado, da avaliação crítica, do
escrutínio.
Todos nós reconhecemos que não fizemos tudo o que era necessário, e, portanto, se não tivermos
capacidade, enquanto políticos, de ultrapassar essa retórica partidária e política, que está sempre a atirar à cara
dos outros aquilo que eles não fizeram, não fazendo um exame de consciência sobre aquilo que têm capacidade
de propor, não conseguiremos dar passos em frente.
Ora, é com isso que queremos romper. O CDS, ao vir aqui com este conjunto alargado de propostas em
diferentes áreas, seja na vida independente, seja na capacitação profissional, seja na resolução de problemas,
é isso que pretende. Algumas destas questões estão a ser ponderadas no seio do Governo e nós congratulamo-
nos com isso, mas não estão todas…