I SÉRIE — NÚMERO 79
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É por isso que este é um voto que não atribui responsabilidades a ninguém. O ataque aconteceu, sabe-se lá
porquê, sabe-se lá de onde…! Caiu do céu…! Não foi isso e é preciso que as responsabilidades sejam atribuídas
a quem as tem.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Ah, desta vez sabem quem foi…!?
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, queria também referir-me ao voto n.º 284/XIII (2.ª),
apresentado pelo PCP, de grande preocupação pela escalada de belicismo que se está a verificar nos últimos
dias.
Temos assistido ao bombardeamento da Síria, por parte dos Estados Unidos; assistimos ao teste de uma
bomba chamada «a mãe de todas as bombas», ao que se diz, utilizando uma linguagem que consideramos, no
mínimo, muito discutível, mas trata-se de uma bomba de uma potência extraordinária; assistimos a uma
escalada de confrontos e de desestabilização na península da Correia; assistimos a ameaças de agressões
militares preventivas e mesmo de utilização de arma nuclear; assistimos a um aumento significativo de despesas
militares, à instalação de sistemas antimíssil junto das fronteiras da Rússia e da China, às pressões inquietantes
de belicismo e de uma retórica belicista, que ameaça ser responsável por gravíssimos conflitos regionais e,
mesmo, por conflitos globais, e nós não podemos deixar de manifestar a nossa extrema preocupação por esta
escalada, que não é apenas de retórica, como já vimos, mas que tem expressões muito concretas de atitudes
belicistas.
Achamos que isto exige da parte deste Parlamento, da parte de todos os que se preocupam com a paz no
mundo, uma preocupação e uma condenação muito veemente deste tipo de atitudes que ameaçam globalmente
a paz no nosso planeta.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, do Grupo
Parlamentar do Bloco de Esquerda.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os acontecimentos quase
quotidianos na Síria devem merecer a nossa condenação, a solidariedade para com o povo sírio e o pesar pelas
vidas perdidas.
Mas estamos a assistir, na Assembleia da República, de forma repetida, à tentativa de introduzir cada um
dos acontecimentos em duas narrativas que são, em si, contraditórias, uma pró-Assad, outra contra Assad, e
queríamos demarcar-nos dessas tentativas de interpretar de forma simplista o que acontece na Síria.
Já dissemos no passado, repito-o hoje: não há apenas um mau da fita nos terríveis acontecimentos da Síria.
Assad tem feito crimes de guerra, mas também os Estados Unidos, a Rússia e terroristas têm cometido crimes
de guerra na Síria e nós não retiramos nenhuma das condenações, nenhum destes é inocente. Os inocentes
são aqueles que têm morrido às bombas que quotidianamente caem na Síria.
Não há diálogo com bombas! No diálogo com bombas só há mortes e essas, na sua maioria, são de civis —
homens, mulheres e crianças —, que morrem indiscriminadamente. E é por isso que insistimos naquilo que
dissemos desde o início: é preciso que haja respeito pelo povo sírio, pela sua liberdade, pela sua
autodeterminação e pela garantia de que não vão ser joguetes num jogo desta geopolítica que, na prática, só
tem sacrificado as suas vidas.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar o voto n.º 288/XIII (2.ª) — De pesar e condenação pelo
ataque ocorrido em Alepo (PSD e CDS-PP).
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
É o seguinte: