I SÉRIE — NÚMERO 72
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O Sr. Presidente: — Bom dia, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.as e Srs. Funcionários, Sr.as e Srs. Jornalistas.
Vamos dar início à sessão plenária de hoje.
Eram 10 horas e 6 minutos.
Peço aos Srs. Agentes da autoridade para abrirem as galerias ao público.
Srs. Deputados, hoje temos uma ordem do dia inteiramente preenchida com a apreciação de projetos de lei
e projetos de resolução sobre a prevenção e combate aos incêndios em área florestal, bem como sobre
agricultura familiar.
Sem mais delongas, vou dar a palavra ao Grupo Parlamentar do CDS-PP, através da Sr.ª Deputada Ilda
Araújo Novo, para apresentar os projetos de resolução n.os 1254/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo que
compile e disponibilize, nos portais eletrónicos do Governo e da Administração Pública, toda a produção
legislativa referente aos incêndios florestais de 2017 e tome as medidas necessárias à veiculação da informação
aos cidadãos nos seus territórios (CDS-PP), 1399/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo a abertura de novo
período de candidaturas à ação 6.2.2 do PDR 2020, de modo a que os agricultores afetados pelos incêndios de
outubro que não se candidataram possam fazê-lo (CDS-PP) e 1444/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo a
criação de uma unidade de missão para a reorganização estrutural do setor operacional dos bombeiros (CDS-
PP), que serão debatidos conjuntamente com os restantes diplomas que constam da ordem do dia de hoje.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ilda Araújo Novo (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Várias vezes, em diferentes
momentos, o CDS-PP alertou para a premente necessidade de se dar apoio efetivo aos pequenos agricultores
afetados pelos incêndios de 2017. Impunha-se uma ajuda próxima e continuada, um trabalho mais exaustivo no
terreno, de acompanhamento e de aconselhamento. Muitos receberam informação adequada e atempada e
atuaram; outros não agiram, muitos porque não receberam a informação ou porque não perceberam o seu
significado e alcance.
Embora se reconheça que a necessidade de um apoio urgente obriga a prazos mais curtos de candidatura,
a precipitação com que as coisas foram feitas, a pressa em aplacar os ânimos e a opinião pública ocasionou
que um número muito significativo de lesados não se tivesse apercebido sequer que as declarações de prejuízo
não configuravam qualquer candidatura às medidas específicas dos incêndios de outubro.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Ilda Araújo Novo (CDS-PP): — Isto sucedeu por razões várias, que devem ser consideradas,
salientando-se, desde logo, o facto da maior parte desses agricultores terem idade avançada e dificuldade no
acesso às novas tecnologias.
Mais: aquando da audição regimental, questionámos o Sr. Ministro da Agricultura acerca da disponibilidade
de abrir novo período para apresentação de candidaturas. Além de liminarmente ter negado tal possibilidade, o
Sr. Ministro afirmou mesmo, de forma que consideramos inqualificável, que nenhum outro governo havia tido a
generosidade deste, que se dispôs a gastar 60 milhões de euros para compensar as perdas das vítimas dos
incêndios de outubro. Fez mesmo questão de salientar que se tratava de dinheiro dos contribuintes, nosso e
dele.
Pois bem, no CDS não acreditamos que se levante um só português a reclamar por assim se dar uso ao
dinheiro dos seus impostos. Essa não é mais nem menos do que a obrigação do Governo, sobretudo pela
inegável responsabilidade do Estado nesta tragédia.
Nem que se tratasse apenas de um agricultor ou proprietário, certo é que o Estado falhou em protegê-lo. O
direito de ser reparado não pode agora desaparecer, ou ser ignorado, muito menos pela impossibilidade de
cumprir prazos curtos ou a incapacidade de entender o que não lhe foi suficientemente informado nem
claramente explicado.
O CDS-PP considera ser de inteira e elementar justiça reconhecer a excecionalidade da situação e
determinar a abertura de um novo período para apresentação de candidaturas. É o que recomenda no projeto
de resolução que apresentou.