I SÉRIE — NÚMERO 44
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, como sabe, definimos a regra de avaliarmos: o
que for bom continuaremos e o que for mau não continuaremos. Condição: a de que quem exerce essa função
queira continuar a exercê-la e não aproveite para renegociar o contrato, porque isso não iremos fazer. Foi por
isso que renovámos em Cascais e é por isso que não iremos renovar em Braga, porque quem tem o contrato
não o quer manter.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, cá estaremos para fazer essa
avaliação.
Sr. Primeiro-Ministro, passando a um outro tema, ouvi aqui o Sr. Deputado Carlos César, muito feliz, falar do
que se passa do ponto de vista da devolução de rendimentos.
Sr. Primeiro-Ministro, acho que vale a pena fazer-lhe algumas perguntas sobre um setor dos trabalhadores
— os trabalhadores independentes — que, neste momento, estão a ver cortados os seus rendimentos, fruto da
reforma feita pelo seu Governo.
Vou dar-lhe só dois ou três exemplos.
A Ana, que recebia 1200 € e pagava 124 € para a segurança social, foi notificada para pagar 180 €. Achando
muito estranho, foi à Segurança Social e disseram-lhe que podia tentar pedir uma exceção que passaria a pagar
135 €, ou seja mais 10 € do que anteriormente.
Já o António, que recebe por trimestre 933 €, ou seja, 311 € por mês, vai descontar, obrigatoriamente, 49 €,
quase 50 €, por mês.
Sr. Primeiro-Ministro, estes são dois exemplos, mas poderia trazer muitos outros, mesmo do lado das
empresas que, neste momento, estão a braços com um regime iníquo, que retira rendimento aos trabalhadores,
que lhes coarta a liberdade de escolha e que serve tão-só para garantir, a curto prazo, uma sustentabilidade
que, porventura, não está garantida a médio e longo prazos.
Sr. Primeiro-Ministro, o que é que diz a estas pessoas que estão hoje a ter um corte nos seus rendimentos?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, direi aquilo que a Sr.ª Deputada também poderia
dizer: este Parlamento aprovou, e bem, um novo regime de segurança social para quem é trabalhador a recibo
verde, de forma a garantir a proteção social que não tinham e que passaram a ter; e que, para beneficiar da
proteção social no nosso País, e bem, cada um deve contribuir em função daquilo que ganha.
É assim que se assegura a justiça social para todos e é isso que a Sr.ª Deputada também poderia responder
se a sua ideologia não fosse uma ideologia contrária à proteção social pública através do sistema de segurança
social.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Passamos ao Grupo Parlamentar de Os Verdes.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, dá-me ideia que tem estado
todo o debate a tentar fugir, concretamente, à questão dos CTT. Gostava, pois, de colocar a questão ao Sr.
Primeiro-Ministro de outra forma: se hoje acabasse o contrato de concessão, e sabendo aquilo que sabe sobre
a degradação dos serviços postais no nosso País, o absoluto desastre que foi a privatização dos CTT, o que é
que o Sr. Primeiro-Ministro faria? Punha ou não a hipótese do controlo dos serviços postais e dos CTT?