26 DE JANEIRO DE 2019
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A nota é que tenho para mim que, em democracia, mais importante do que o que nos une é saber bem o que
nos separa, com respeito, frontalidade e lealdade. Entendo que só assim é possível construírem-se alternativas,
e alternativas que proporcionem uma verdadeira liberdade de escolha ao povo português.
O Parlamento é, por excelência, esse espaço de confronto de projetos e de apresentação das nossas
diferenças, num exercício de liberdade e de representação que não nos deve fazer esquecer nunca que ser
Deputado é mais do que uma profissão; não é uma profissão e muito menos ainda um emprego. É essa
dimensão da relação de mandato com os nossos eleitores que deve ser a inspiração sempre presente e que
impeça, em alteração de Estatuto que ocorra, que se conduzam os Deputados a meros funcionários da política.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. José Pedro Aguiar Branco (PSD): — Uma saudação, que queria última, é relativa aos grupos
parlamentares, e aqui recorro à minha encarnação de líder parlamentar em 2009 e 2010.
Lembro os chefes ou os líderes dos grupos parlamentares da época e neles saúdo os partidos políticos
respetivos: José Manuel Pureza, do Bloco de Esquerda, Bernardino Soares, do Partido Comunista Português,
Francisco Assis, do Partido Socialista, e Pedro Mota Soares, do CDS-PP, todos Deputados de referência que
muito honraram os grupos parlamentares a que pertencem. E aqui permitam-me um destaque especial a Pedro
Mota Soares, com quem partilhei, nas últimas eleições legislativas, uma vitória muito expressiva da coligação
no distrito do Porto.
Quero deixar uma última palavra, e especial, para o meu grupo parlamentar. Foi uma honra enorme ter
presidido ao meu grupo parlamentar em 2009 e 2010, mas foi ainda um privilégio maior integrar, no exercício do
meu mandato de Deputado, durante 14 anos, este grupo que, para além da identidade ideológica indiscutível,
sempre soube ser fiel aos eleitores que representou, nomeadamente na última Legislatura, com grandes
dificuldades e em nome do interesse nacional, e também foi sempre leal para com as diferentes lideranças do
partido — todas! —, ajudando assim a que o PSD merecesse, por várias vezes, a confiança de milhares e
milhares de portugueses.
Aplausos do PSD e do CDS-PP, de pé, e de Deputados do PS.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos então votar este parecer da Subcomissão de Ética, da
Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — Sr. Presidente, peço a palavra para uma interpelação à Mesa.
O Sr. Presidente: — Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — Sr. Presidente, o Grupo Parlamentar do PSD apresentou ontem um voto
de pesar relativo à situação na Venezuela e é com muita surpresa que não o vemos no guião de votações de
hoje.
Certamente não é necessário relembrar o Sr. Presidente da Assembleia da República que o conteúdo dos
votos é da exclusiva competência dos Deputados que os subscrevem e qualquer género de intromissão por
parte do Presidente da Assembleia da República seria, certamente, censurável. Mas certamente que não é essa
a vontade do Presidente da Assembleia da República.
Exigimos, por isso, que seja votado hoje este voto, que foi feito dentro dos trâmites regulamentares da
Assembleia da República, e não alteramos nenhuma vírgula do texto que apresentámos.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, evidentemente que todos os votos são da exclusiva responsabilidade
dos grupos parlamentares, mas acontece que não é isso que está em causa. O que está em causa é que, sob
a capa de um voto de pesar, há considerações de ordem política com importância na política externa portuguesa
e o prazo para entrega deste voto era até anteontem e não ontem.