3 DE MAIO DE 2019
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Para isso não foi indiferente ter havido já um aumento de 20% do salário mínimo nacional, ter havido um
aumento de 11% do rendimento médio das famílias, e que esse rendimento salarial tenha sido acompanhado,
simultaneamente, de um conjunto de medidas que têm vindo a contribuir para aumentar o rendimento disponível
das famílias: a redução em 25% das taxas moderadoras, a gratuitidade dos manuais escolares, as novas
medidas relativas ao transporte público, que abrangem não só aqueles que trabalham nas Áreas Metropolitanas
de Lisboa e do Porto, mas que progressivamente se têm vindo a estender a todo o País e que, aliás, neste 1.º
de Maio, atingiram muitas novas áreas que até agora não estavam ainda cobertas.
Isto tem sido importante, como decisiva vai ser a entrada em vigor, espero que o mais brevemente possível,
do conjunto de medidas da nova geração de políticas de habitação, de forma a permitir controlar esse bem
fundamental que é a habitação e a aumentar o rendimento disponível das famílias.
É esse o projeto e o trajeto que temos de prosseguir, de um modo sustentado, de forma a permitir que a
economia continue a crescer, o rendimento das famílias continue a melhorar e o País continue a ter contas cada
vez mais certas, com cada vez menor endividamento externo.
É por isso que é necessário continuar este caminho, e tem dado resultados. Não foi por acaso que há poucos
dias ficámos a saber que tivemos o maior índice de natalidade desde há muitos anos, graças a uma maior
disponibilidade por parte das famílias, que já em 2017 tivemos um saldo migratório positivo, porque os
portugueses deixaram de ser mandados emigrar e, pelo contrário, começaram a encontrar maiores
oportunidades no nosso País.
Mas sabemos também — sabemos bem os dois — que ainda há muito para fazer para continuar a melhorar
as condições de trabalho e uma das melhorias fundamentais é o combate à precariedade.
Conhece a nossa proposta de lei, sabe que na nossa proposta de lei desaparecem dois dos fundamentos
para a contratação a prazo: ser jovem à procura de primeiro emprego ou ser desempregado de longa duração.
Se a nossa proposta de lei for chumbada, o que acontece é que essas duas condições continuam em vigor,
como fundamento para a contratação a prazo.
Com a nossa proposta de lei reduzimos o período de duração do contrato a prazo, a possibilidade de
renovação dos contratos a prazo e penalizamos as empresas que abusam do recurso a contratos a prazo. Se a
nossa proposta de lei for chumbada, nem as empresas são penalizadas, nem o tempo de duração dos contratos
será encurtado, nem o número de renovações poderá ser encurtado.
Ora, o combate à precariedade é absolutamente fundamental para afirmar a dignidade do trabalho, para
continuarmos a combater a pobreza entre quem trabalha e para podermos também contribuir para a melhoria
da produtividade das empresas, porque só investindo na formação e na qualificação dos recursos humanos as
empresas podem melhorar a sua produtividade e, melhorando a sua produtividade, podem, de modo sustentado,
continuar a aumentar o rendimento dos seus trabalhadores. Este tem de ser o nosso objetivo para melhorar as
condições de vida do nosso povo.
É esse trabalho que temos de prosseguir e está agora nas mãos da Assembleia da República aprovar ou
não a proposta de lei que o Governo apresentou.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, discordamos claramente desta
visão de acabar com a precariedade através da criação de uma taxa que, na prática, acaba por legalizar essa
precariedade.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Esta é a nossa diferença de opinião.