I SÉRIE — NÚMERO 101
10
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — O PSD e o CDS nunca fundamentaram a lei dos paliativos!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Sr.ª Deputada, do que precisamos não é que venham para aqui com
pedidos de desculpa, mas, sim, que governem.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Passamos, então, à segunda ronda, com três Srs. Deputados
para pedir esclarecimentos.
Tem a palavra o Sr. Deputado João Dias.
O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Ricardo Baptista Leite, tenho de
começar logo por lhe perguntar o seguinte: com todos estes arrufos, como é que justifica as negociações que
têm com o PS sobre a lei de bases da saúde? É que, de facto, os senhores são mestres no disfarce. É o que
são!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Muito bem!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — É verdade.
O Sr. João Dias (PCP): — A vossa preocupação não é com a saúde dos portugueses, muito menos com o
acesso à saúde e com o SNS.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Ora, aí está!
O Sr. João Dias (PCP): — A vossa grande preocupação é com os lucros do privado — essa é que é a vossa
verdadeira preocupação. Para o PSD o que importa é o negócio da saúde, não temos dúvidas sobre isso. Por
isso, para o PSD, quanto pior melhor! O PSD tudo faz para fragilizar o SNS, para descredibilizá-lo e para passar
a ideia da sua absoluta ineficiência.
Mas se o SNS passa por dificuldades — e é verdade que passa, nunca o escondemos e apresentámos
propostas para as corrigir! — é consequência da política de direita que os senhores defendem, que os senhores
impuseram e com que o atual Governo não rompeu totalmente. Os seus impactos no funcionamento dos serviços
de saúde estão à vista! Estão à vista nas listas de espera para cirurgias, nos inaceitáveis tempos de espera para
realização de exames, na demora na realização de consultas e no atendimento desesperante nas urgências.
Ainda assim, podemos dizer que muito tem resistido o SNS a tão grande e violenta ofensiva de que tem sido
alvo pelos sucessivos Governos de PSD/CDS e também do PS, que opta por não corrigir a situação e por não
tomar as medidas eficazes. Apesar disso, no nosso SNS, no qual os portugueses muito confiam, consegue-se
garantir uma elevada qualidade e segurança.
No SNS, estão excelentes profissionais a quem os senhores congelaram carreiras, a quem os senhores
reduziram o valor das horas de qualidade, a quem os senhores aumentaram das 35 para as 40 horas de trabalho
semanais,…
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. João Dias (PCP): — … o que, felizmente, por proposta e intervenção do PCP, se conseguiu reverter.
Os senhores, como bons aniquiladores do desenvolvimento dos profissionais de saúde votaram contra, assim é
que foi.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Exatamente!