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27 DE ABRIL DE 2020

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Como nos dizia Luis Sepúlveda, um amigo de Portugal que vimos desaparecer nos últimos dias devido à

COVID-19, «admiro os resistentes, os que fizeram do verbo ‘resistir’ carne, suor, sangue, e demonstraram sem

espaventos que é possível viver, mas viver de pé, mesmo nos piores momentos».

Mas há, compreenderão, uma palavra especial que devo transmitir, em nome do Parlamento e das

portuguesas e dos portugueses que aqui representamos.

Aos profissionais de saúde de todas as áreas, pela sua dedicação, pela sua competência, pelo seu

profissionalismo e pelo enorme esforço que demonstram, muito além do estrito dever, prescindindo, em tantas

situações, do contacto com familiares para uma entrega sem limites aos outros e à causa pública.

Aplausos gerais.

Aos militares dos três ramos das Forças Armadas e às forças de segurança, pelas qualidades e virtudes

demonstradas na execução das tarefas e missões que lhes são atribuídas neste tempo particularmente exigente,

nas quais revelam qualidades de bravura, coragem e grande dedicação ao serviço da segurança pública, de

Portugal e dos portugueses.

Aplausos gerais.

A todas e a todos, muito obrigado.

São também estes os ganhos de Abril: a cultura cívica, a forma adulta como Portugal e os portugueses estão

a responder à emergência que atravessamos.

E há que evocar uma das maiores conquistas do Portugal democrático, o Serviço Nacional de Saúde (SNS),

e o seu fundador, António Arnaut, que entendeu a igualdade de oportunidades como condição essencial para o

exercício da liberdade, que hoje celebramos.

Aplausos do PS, do BE, do CH e de Deputados do PSD.

O Estado social e democrático que hoje somos teve nele um promotor visionário e um defensor exigente,

sendo-lhe devida uma sentida homenagem no momento em que o Serviço Nacional de Saúde e os seus

profissionais são testados ao limite por este vírus terrível, que alterou radicalmente a nossa vida em sociedade.

Minhas Senhoras e Meus Senhores: O Portugal de hoje deve muito a todos quantos, contra todas as

expectativas, contra muitos que pensavam nunca tal poder acontecer, foram capazes de ultrapassar bloqueios

e encontrar soluções capazes de recuperar o País da profunda crise — até mesmo de identidade e de valores

— em que se encontrava, depois de um período tão difícil e complexo como foi o período de assistência

financeira, com profundos impactos na pobreza e na exclusão social. De uma coisa estou certo: Portugal e os

portugueses estão vacinados contra a austeridade. Resta saber se a vacina tem 100% de eficácia!…

Embora a pandemia que enfrentamos tenha deitado a perder parte do que conquistámos com tanto esforço

e sacrifício, devo recordar que foi no Parlamento — que assumiu, também por isso, uma centralidade crescente

no funcionamento do nosso sistema político —, e em concertação permanente, que foi possível concretizar um

programa de recuperação de rendimentos e de alteração de política económica, sem pôr em causa os

compromissos internacionais de Portugal.

Num momento em que os portugueses esperam dos seus representantes sentido de responsabilidade, estou

certo de que todos os representantes políticos, porque todos contam, porque todos são importantes, darão o

seu contributo para um novo presente, para um futuro melhor. Todos têm sido determinados no combate a esta

pandemia e aos efeitos por ela provocados.

Ao combate à pandemia, que está ainda longe de estar ultrapassado, soma-se agora um outro desafio tão

ou mais difícil: o do combate às desigualdades, pelo desenvolvimento económico, pela prosperidade. Com

projetos diferentes, naturalmente, mas respeitando as regras de funcionamento do sistema democrático. É essa

a natureza do nosso regime.

O pior que podia acontecer à nossa democracia seria ver o trabalho de escrutínio próprio das oposições

parlamentares ser exercido por poderes fácticos ou inorgânicos, cujos intentos são pouco claros, muitas vezes