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27 DE ABRIL DE 2020

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Quero começar pela liberdade, sempre a liberdade. Nasceste a 25 de abril, uma coincidência feliz para te

lembrar que nunca deves tomar a liberdade como garantida. Muitos tiveram de lutar para que possas desfrutar

dela hoje. E tu deves estar preparado para fazer o mesmo, se um dia, sob um qualquer pretexto, te quiserem

privar da tua liberdade, mesmo que seja só um bocadinho, mesmo que seja só por um bocadinho. Tu e a tua

geração.

Percebeste cedo que a tua liberdade acaba quando a dos outros começa. Mais: foste entendendo que não

te sentirás livre enquanto ao teu lado houver quem o não seja. Por isso, nunca deixes de olhar à tua volta, de te

interessar e de cuidar dos outros, de lutar ao seu lado ou à sua frente, se tiver de ser. Tu e a tua geração.

Percebeste cedo que a tua liberdade acaba quando a dos outros começa e, graças ao 25 de Abril e ao 25 de

Novembro, nasceste num País democrático e livre. Mas a liberdade que verdadeiramente interessa não é a dos

países, é a das pessoas. E não há verdadeira liberdade enquanto não houver igualdade de oportunidades e

possibilidade de escolha. É que, embora tu e os jovens da tua geração tenham nascido num País livre, não

nasceram num País próspero.

Sinto uma parte da responsabilidade por isto. Eu e a minha geração não te deixamos, a ti e à tua geração,

um País à altura das vossas ambições. O País que vos deixamos quase não cresce desde que nasceste, há 18

anos. O País que vos deixamos foi ultrapassado por países que eram mais pobres do que nós há 18 anos. O

Portugal que vos deixamos é hoje menos produtivo em termos relativos do que era quando nasceste. Por isso,

tu e a tua geração terão menos oportunidades do que eu tive, menos escolhas do que eu tive, menos liberdades

do que eu tive. Pela parte que me toca, desculpa.

Mas não desesperes. É possível mudar: lutando, trabalhando, criando. Confio que os portugueses são

capazes de mais, se os deixarem escolher o seu caminho na vida, se os deixarem escolher, por exemplo, a sua

escola ou o seu médico, se não dependerem do Estado para tudo e para nada, se a burocracia não os atrasar

ou impedir. Se mudarmos isto, os portugueses serão tão bons como os melhores e mais livres do que nunca.

Se resistirmos ao conformismo e aos falsos unanimismos, se não deixarmos que o Estado se confunda com

um partido, se a crítica e a diferença forem vistas como a força que efetivamente são, os portugueses, repito,

serão tão bons como os melhores e mais livres do que nunca.

Mas nada disto cairá do céu. Temos, cada um de nós, os mais novos e os mais velhos, de fazer a nossa

parte. Eu entrei na vida política, no Iniciativa Liberal, para defender o liberalismo, que, em Portugal, não tinha

voz. Tu, Miguel, escolherás a tua própria forma de lutar. Mas, seja ela qual for, meu filho, fá-lo com a coragem

que já demonstraste ter.

Luta por ti, luta pelos jovens como tu, pelos que serão como tu, pelos que já foram como tu e também pelos

que não pensam como tu. Nunca desistas de melhorar o mundo à tua volta, à tua maneira, com a ajuda dos

teus ou sozinho, se tiver de ser.

Foi para isto que se fez o 25 de Abril: para te libertar de uma ditadura, sim, mas, acima de tudo, para te

libertar de tudo e de todos os que não deixam a tua geração procurar aquilo que livremente deseja.

Um beijo do teu pai, que te deseja, neste 25 de abril, um dia — e uma vida — livre e muito feliz.»

Aplausos do PSD, do PAN e do CH.

O Sr. Presidente da Assembleia da República: — Em representação do Chega, tem a palavra o Sr.

Deputado André Ventura.

O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente da República, Sr. Presidente da Assembleia da República, Sr.

Primeiro-Ministro, Altos Funcionários do Estado, General Ramalho Eanes, Sua Eminência Cardeal Patriarca de

Lisboa:

Assinalámos o fim de uma ditadura numa manhã importante de Abril. E hoje, 46 anos depois, continuamos

confinados, já não por força de nos retirarem as liberdades, mas por uma pandemia que nos retirou a maior

parte da nossa liberdade.

Não devíamos estar aqui hoje. E não devíamos estar aqui hoje porque os portugueses não puderam estar

ao lado daqueles que perderam, daqueles que celebraram e daqueles que queriam abraçar no dia de hoje.

Por isso, hoje é o dia de dizer que, por muito importante que seja, não deveríamos estar aqui e, arrisco-me

a dizê-lo, uma grande maioria dos portugueses não queria que estivéssemos aqui.