I SÉRIE — NÚMERO 29
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Governos, em todo o mundo, a aplicar medidas com um impacto muito significativo na atividade económica,
que, por sua vez, colocaram em stress um conjunto muito significativo de empresas que viram francamente
reduzida a sua atividade e o seu volume de negócios.
Desde o primeiro momento, o Governo definiu três fases de política económica para apoiar as empresas e
as famílias no combate a esta situação decorrente da crise sanitária. Por um lado, durante a fase de maior
emergência, permitir que, apesar de encerradas muitas atividades económicas, continuasse a chegar tesouraria
às empresas e a haver medidas de apoio ao emprego. Posteriormente, já com alguma normalização da atividade
económica, conseguir manter em funcionamento o emprego e as empresas perante uma procura ainda hesitante
e preparar, também, o processo de retoma económica, assim que a situação sanitária se normalizar.
Estamos no final deste ano difícil, num momento em que as empresas fizeram, em muitos setores, um
percurso de grande resistência que permitiu manter o emprego e contrariar as piores previsões acerca da
economia portuguesa. Os apoios públicos dirigidos ao emprego e à economia são muito significativos e terão
contribuído para essa situação. Recordo que, desde março deste ano, o Governo dirigiu 22 000 milhões de
euros de apoios à economia e ao emprego, a nível de apoios ao financiamento de tesouraria, ao emprego e ao
investimento. No final de novembro, lançou ainda apoios a fundo perdido a custos fixos não salariais através do
Programa APOIAR. São 22 000 milhões de euros de apoio, como dizia, dos quais 2790 milhões são a fundo
perdido, dirigidos às empresas. Estes apoios, como dizia também, tiveram efeitos no terceiro trimestre. A
economia portuguesa foi a quarta que mais cresceu em cadeia, no conjunto da zona euro, e a taxa de
desemprego, no final de outubro, situou-se nos 7,5%, o que compara com os 8,4% no conjunto da zona euro.
Estamos numa fase em que vivemos, neste último trimestre, a segunda vaga desta pandemia, o que obrigou
os Governos de toda a Europa a lançarem programas muito estritos de restrições às atividades económicas.
Portugal distinguiu-se neste panorama por ser, provavelmente, o País que menos restrições colocou às
atividades económicas. Basta recordar que nos nossos congéneres europeus — Alemanha, França, Irlanda,
Bélgica, Espanha — a restauração permanece encerrada até janeiro e o comércio não essencial permanece
encerrado em muitos locais. Portanto, Portugal caracterizou-se, nesta altura, por passar a segunda vaga — já
ultrapassámos esse pico — com um mínimo de medidas restritivas.
Ainda assim, percebemos que era preciso dar um apoio acrescido nesta fase decisiva. É uma fase onde
começamos a ver a luz ao fundo do túnel, a nível sanitário. Temos boas notícias em diversas frentes. Por
exemplo: já começaram os programas de vacinação em alguns países do mundo; o Reino Unido é o primeiro
país europeu onde já começou o primeiro programa de vacinação para a COVID-19; e, no resto da União
Europeia, em janeiro, vamos começar os programas de vacinação em número significativo, com vacinas seguras
e eficazes. Tivemos, ontem, também, uma boa notícia da Comissão Europeia com a conclusão do acordo relativo
ao próximo orçamento plurianual da União Europeia e à aprovação do programa Next Generation EU. Portanto,
agora, é preciso dar um novo fôlego e um novo apoio às empresas para atravessarem estes meses que ainda
restam, até à completa normalização da situação sanitária.
Ao longo destas últimas semanas, o Governo reuniu-se com parceiros sociais, com confederações
empresariais, com associações representativas de vários setores, com sindicatos no sentido de apurar qual o
nível e a natureza da resposta acrescida que deveríamos ter para os próximos meses. Ouvimos, de todo o lado,
a mesma mensagem. Em primeiro lugar, a mensagem de que era preciso manter os estímulos e os apoios à
economia nos próximos meses; em segundo lugar, o facto de ser importante podermos dar às empresas um
horizonte de previsibilidade, relativamente à natureza e ao nível dos apoios possíveis. Como sabem, durante os
meses passados deste ano, tivemos de ir lançando medidas em função da evolução da situação sanitária e,
também, da situação económica e do emprego. O que nos pediram, agora, foi que pudéssemos dar, para o
horizonte do primeiro semestre, um quadro de estabilidade para as empresas poderem fazer os seus planos e
para prepararem melhor os próximos tempos, sabendo que melhores tempos virão do ponto de vista económico,
e também podendo contar com apoios públicos importantes.
Por isso, ontem, no Conselho de Ministros, o Governo aprovou um conjunto muito significativo de novos
apoios ao emprego e à economia, dos quais destacaria a prorrogação dos nossos esquemas de proteção ao
emprego, designadamente do regime de apoio à retoma progressiva. Destacaria, a este propósito, o facto de o
apoio à retoma progressiva passar a permitir que as retribuições dos trabalhadores que são objeto deste regime
sejam pagas a 100%, sem haver esforço adicional para as empresas. Será o Estado a fazer o esforço de
compensação relativamente ao nível de apoios que, atualmente, está em vigor. Também foi possível aprovar