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4 DE FEVEREIRO DE 2021

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Esta disposição é de um maior alcance, na medida em que não pode deixar de representar para o Governo

uma indeclinável obrigação de proceder, de imediato, ao aumento da rede de cuidados paliativos. E isso já

deveria ter sido acautelado se se quer cumprir naturalmente a lei aqui aprovada, no Parlamento.

O que o novo regime da morte assistida consagrará — evidentemente caso entre em vigor — para ser

cabalmente cumprido é que a oferta de cuidados paliativos deverá atingir, a curto prazo, a suficiência no nosso

País.

Protestos do Deputado do PS João Paulo Pedrosa.

E isso significa que Portugal necessita de 800 a 1000 camas de cuidados paliativos, cumprindo o rácio de 80

a 100 camas por cada milhão de habitantes.

Não basta, Sr.as e Srs. Deputados, apregoar o alargamento do número de camas, como todos os anos propõe

o Governo e não cumpre.

Cabe, agora, ao Partido Socialista mostrar com que seriedade está neste debate e em que medida pretende,

e quer, influenciar o seu Governo, no sentido de aumentar a capacidade da rede de cuidados paliativos, tendo

presentes apenas as palavras do presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos aqui, neste

Parlamento, há menos de um ano, quando disse: «Falta tudo. Está muito pouco feito e há muito por fazer».

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, pelo PAN, a Sr.ª Deputada Bebiana Cunha.

A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Infelizmente, a resposta que o nosso País garante aos doentes paliativos é manifestamente insuficiente, repleta de incongruências e discriminações;

chega, aliás, a ser inexistente em alguns territórios do nosso País.

O que afirmamos baseia-se em factos. Lembramos o Relatório de Outono de 2019 e os dados da DGS

(Direção-Geral da Saúde), de janeiro de 2021: Portugal tem menos 384 camas do que as que são recomendadas

pela Associação Europeia de Cuidados Paliativos, oferecendo apenas uma taxa de cobertura de 50% ao nível

das necessidades nacionais das unidades de cuidados paliativos.

Além desta insuficiente cobertura, também a sua distribuição não corresponde às atuais necessidades de

cada território e, por isso, exige-se uma reavaliação, um reajuste dos recursos, de acordo com estas mesmas

necessidades.

A título de exemplo, em Leiria e Viana do Castelo não existem camas de cuidados paliativos, havendo outros

casos, como Bragança, Castelo Branco e Coimbra, que têm taxas de cobertura de 120%.

Se observarmos as camas por tipologias, agudos e não-agudos, mais uma vez verificamos fortes assimetrias.

Nos agudos, apenas 11 dos 18 distritos possuem camas deste tipo, alguns deles com taxas de cobertura

superiores a 100%; nos não-agudos, 10 distritos não dispõem sequer de uma cama deste tipo. Contra factos

não há argumentos.

Também as Equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos, essenciais no apoio a doentes que

necessitam de ficar em casa têm, para além dos cuidados prestados aos doentes, um papel fundamental no

apoio a familiares e cuidadores. E, por consequência da COVID-19, sabemos que a necessidade da sua

intervenção é ainda maior.

Estas equipas e profissionais são fundamentais para disponibilizar aconselhamento a clínicos gerais,

médicos de família e enfermeiros, entre outros, e são considerados, Sr.as e Srs. Deputados, a pedra basilar de

uma adequada rede de cuidados de saúde.

Mas esta «pedra basilar», no mínimo, parece estar lascada, pois a realidade que temos é de apenas 24

Equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos para todo o território nacional. Temos uma taxa de

cobertura de apenas 28% das necessidades previstas, de acordo com a Associação Europeia de Cuidados

Paliativos.

Também nas equipas comunitárias de suporte as assimetrias entre distritos são mais do que evidentes.

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