18 DE MARÇO DE 2021
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Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mestre em História Cultural e
Política, doutorou-se em História da Expansão com uma tese sobre os navios da expansão.
A par de João Paulo Oliveira e Costa, era um dos dois catedráticos portugueses dos descobrimentos e da
expansão mais estudados e citados nas revistas internacionais das ciências históricas.
A sua vida académica foi marcada por relevantes obras, quase todas abrindo as portas da náutica e da
construção naval, fornecendo à história uma base sólida de conhecimento que se foi construindo, durante
séculos, no saber prático.
Discípulo de Luís Albuquerque, coube a Domingues, em 1994, terminar a grande obra, hoje referência
mundial, que é o Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses. Já neste século, é da sua direção
que nasce o Dicionário da Expansão Portuguesa, marca das mais recentes leituras ontológicas sobre os
séculos XV e XVI.
A obra que produziu é vasta, mas pode encontrar-se a sua presença em edições tão relevantes como o
Dicionário Temático da Lusofonia, a Encyclopaedia Britannica, ou a Oxford Encyclopaedia of Maritime History.
Membro do International Committee for the History of Nautical Science, do International Maritime Economic
History Association, da International Society for the History of the Map, integrava a Academia das Ciências de
Lisboa, a Academia Portuguesa de História e o Centro de História Americana Colonial da Universidade de La
Plata.
Como membro da Academia de Marinha, de que se tornou emérito, presidiu à Classe de História Marítima.
Era por esta reconhecido como o ‘grande académico’ que havia consagrado a abertura civil desta prestigiada
instituição.
Contente Domingues, depois de um longo caminho em que transbordava de futuro perante a doença,
faleceu no passado dia 10 de março. A Academia, a história e todos os que com ele se cruzaram perdem a
sua presença física e garantem-no em memória e agnição, dedicando-lhe uma enorme gratidão.
Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, presta homenagem e exprime o seu pesar
pela morte de Francisco Contente Domingues, manifesta aos seus filhos Rita e Francisco, a sua irmã Maria
Elisa Domingues e a toda a sua família, à Faculdade de Letras, à Academia de Marinha e aos seus amigos as
mais profundas condolências.»
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Muito obrigado, Sr.ª Secretária.
Passamos à votação da parte deliberativa deste projeto de voto.
Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.
Passamos, agora, ao Projeto de Voto n.º 502/XIV/2.ª (apresentado pelo PS) — De pesar pelo falecimento
dos músicos Carlos Costa e Júlio Costa.
Para proceder à leitura deste voto, tem a palavra o Sr. Secretário Nelson Peralta.
O Sr. Secretário (Nelson Peralta): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o projeto de voto é do
seguinte teor:
«Faleceram os músicos Carlos Costa e Júlio Costa, os irmãos que fundaram e integraram o famoso Trio
Odemira, grupo incontornável da música portuguesa que faz parte do imaginário coletivo de várias gerações
que cresceram ao som das suas canções.
O Carlos Costa, com 93 anos, partiu primeiro, a 8 de março, e o Júlio Costa, com 85, três dias depois, a 11
de março.
A sua história começou a ser contada pelo conjunto Dois Odemira, que, em 1955, venceu o concurso de
novos talentos promovido pelo programa radiofónico Companheiros da Alegria, de Igrejas Caeiro.
Tornaram-se Trio Odemira com a entrada de José Ribeiro, músico que acompanhou o grupo durante 22
anos. Gravaram o primeiro LP em 1957 pela Valentim de Carvalho para a Columbia e, um ano depois, fizeram
a primeira digressão mundial. Sucederam-se os discos, os êxitos, os contratos e as digressões pelo País e
pelo mundo, marcando presença e revisitando mais de 40 países.
Os irmãos Costa foram sempre os grandes pilares do Trio Odemira, que contou com a participação de 13
músicos diferentes ao longo dos anos.