6 DE MAIO DE 2021
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E o que fez o Governo do Partido Socialista? Ignorou e esqueceu! Esta é a tendência da governação
socialista que temos e isso, também em relação ao teletrabalho, vê-se perfeitamente.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Emília Cerqueira, do Grupo Parlamentar do PSD.
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Secretários de Estado: No fim deste longo debate, estivemos a discutir, nestas intervenções, algo que não é o que está em causa.
Passou-se o debate inteiro a confundir o regime do teletrabalho, dizendo-se que, agora, iria passar a ser
voluntário, com horários de trabalho, com direito a «desligar». Permitam-me, mas o PSD não pode sair deste
debate sem vos recordar o n.º 5 do artigo 166.º do atual Código do Trabalho, que diz respeito ao teletrabalho,
porque é bom que todos nos recordemos do que ele diz: o contrato está sujeito a forma escrita e deve conter a
identificação, assinaturas e domicílio ou sede das partes; a indicação da atividade, com menção expressa do
regime de teletrabalho e correspondente retribuição; a indicação do período normal de trabalho…
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Exatamente!
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — … se o período previsto para a prestação de trabalho em regime de teletrabalho for inferior à duração previsível do contrato de trabalho; a indicação do responsável pela respetiva
instalação e manutenção dos equipamentos e pelo pagamento, bem como a identificação do estabelecimento.
O que parece que se debateu hoje foi a imposição aos trabalhadores, pelo Governo, da prestação de
trabalho domiciliário. Isso não é teletrabalho! Esse é voluntário, por natureza. Foi aqui anunciado como se de
algo de novo se tratasse. Não é!
Aplausos do PSD.
O que aconteceu foi que vimos milhares e milhares de trabalhadores relegados para o seu domicílio,
enquanto tomavam conta dos seus filhos, que estavam em casa por causa da pandemia e não podiam
frequentar a escola. Tinham os seus dependentes sem tempos livres, sem apoio domiciliário, sem centros de
dia, sem absolutamente nada, e viram-se obrigados a conciliar o impensável: tomar conta dos filhos, dos
dependentes, dos idosos e, simultaneamente, exercer as suas funções, funções que nunca pensaram exercer
em regime de teletrabalho. Isso foi o que aconteceu!
O PSD, ao contrário do PS, ouviu os parceiros sociais no seu grupo parlamentar, antes de apresentar as
propostas e isso é fundamental. Não falamos em concertação social para, depois, ignorarmos os parceiros
sociais. Somos coerentes, hoje, ontem e sempre, portanto, antes de apresentar qualquer iniciativa, sim,
ouvimos os parceiros sociais e todos nos disseram: «É necessário um amplo debate.»
Neste momento, ainda não se consegue perceber exatamente o que é preciso mudar, porque não se
legisla bem quando não se está em tempo de normalidade.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Exatamente!
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Por isso, o PSD, de forma muito coerente, apresentou um projeto de resolução que recomenda ao Governo que dialogue na concertação social. E, Sr. Secretário de Estado, ainda
bem que o apresentámos, porque pode ser que, assim, ouça os parceiros sociais. Tendo em conta a postura
do Partido Socialista e do Governo, é preciso recordar-lhe que tem de respeitar os parceiros sociais, o que
sistematicamente não tem feito, como, aliás, eles nos têm dito ao longo desta e da anterior Legislaturas — o
pró-formanão é concertação, não é diálogo. Ainda bem que apresentámos o projeto de resolução para vos
lembrar que é importante dialogar.
Relativamente ao projeto de lei, o PSD, em coerência, fez aquilo que sempre disse que iria fazer:
apresentou as alterações cirúrgicas que todos sentimos que seriam necessárias, nomeadamente em relação
ao pagamento de despesas e aos acidentes de trabalho, porque parece que se confunde teletrabalho com
trabalho no domicílio. Teletrabalho é trabalho fora do local da empresa e é importante que o trabalhador não