I SÉRIE — NÚMERO 81
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Ao fim de 15 meses fatigantes e árduos, estamos a entrar numa outra etapa. Apesar das dúvidas e
ambiguidades que a problemática da pandemia ainda encerra, temos mesmo de iniciar o caminho da
recuperação. É nisso que a maior parte dos portugueses pensa e, por isso, contam connosco.
Apesar da escalada positiva, desde 2015, em todos os setores da sociedade portuguesa, o choque dos
últimos meses abalou as bases dessa trajetória, mas não nos demoveu de retomarmos os bons resultados no
sentido da convergência económica e da redução da pobreza. Aliás, lembro que, desde essa altura até ao
início desta crise, Portugal cresceu 9,3% e acima da média da União Europeia a partir de 2017.
Ao mesmo tempo, foi possível criar quase 400 000 novos empregos. Esta performance fez um impulso nas
exportações de 18,3%, também acima da média da União Europeia desde 2016. Aliás, o oitavo maior
crescimento. O investimento cresceu 26,6%, o quinto maior da União Europeia, destacando um crescimento
de 42% no investimento privado, o que demonstra a confiança das empresas nas opções políticas, e um
crescimento de 14% no stock de investimento direto estrangeiro, o que revela que a confiança se estendeu
aos investidores externos e que as condições de competitividade da economia portuguesa são, de facto,
atraentes.
Aplausos do PS.
Ao mesmo tempo, obtiveram-se ganhos substanciais nas contas públicas, com singular obtenção do
superavit em 2019 e uma redução de 17 pontos percentuais na dívida pública, dando uma margem de
manobra de mais de 20 000 milhões de euros para os combates que ninguém previa.
Os ganhos de reputação do País, obtidos com estes resultados, refletem-se na redução das taxas de juro
cujas vantagens, ainda hoje, são evidentes: Portugal poupou mais de 2400 milhões de euros desde 2015.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, é importante que sirva de lição ao País que nem todas as opções
nos servem.
O combate à crise anterior deixou marcas que ainda não foram superadas, designadamente no aumento da
pobreza, na perda de rendimentos, na descapitalização das empresas, no aumento desproporcional e insano
dos impostos. A correção feita nos últimos anos deve prosseguir logo que o esforço de combate à pandemia
possa ser levantado.
Dissemos, desde a primeira hora, que o Estado estaria presente aos cidadãos e que tudo faria para não
deixar ninguém para trás. Estamos a cumprir essa exigência e a demonstração desse cumprimento são as
sucessivas vagas de apoio e sua respetiva calibragem, consequência do diálogo estabelecido com a
sociedade e os principais interlocutores sociais e empresariais, mas, também, e principalmente, pela evidência
dos resultados.
A economia resiste, as perspetivas do PIB (produto interno bruto) para 2020 foram melhoradas pelo Banco
de Portugal e estão compatíveis com os desafios da convergência.
O emprego está abaixo da média da União Europeia, o investimento direto estrangeiro revela recordes em
tempo de pandemia e posiciona Portugal no top 10 dos países com maior investimento direto estrangeiro em
termos absolutos.
As exportações de bens estão a reagir bem, apesar do impacto negativo nas prestações de serviços, e já
representam 43% do PIB, ou seja, estamos a apenas 7 pontos percentuais do objetivo traçado para a década.
Tudo isto é consequência de algumas coisas muito relevantes: da capacidade de resistir das nossas
empresas e dos nossos empresários, da vontade de lutar e de contribuir dos trabalhadores portugueses, da
qualidade das nossas instituições, mas também do conjunto de mecanismos que o Governo disponibilizou às
empresas e às famílias numa crise anticíclica sem precedentes. Foi dada uma resposta que contrasta com a
avalanche de austeridade da crise de 2011/2014, que maltratou portugueses e abalou a economia. A marca
daquele tempo era a recusa da implementação de medidas estabilizadoras que contrariassem o rio de
problemas que a crise trazia, marcando passo na resolução de contrariedades dos portugueses. O lema, não
nos esquecemos, era ir mesmo além da troica.
Por isso, repito: o Grupo Parlamentar do Partido Socialista faz votos de que aqueles que assim se
comportaram — aqueles que aclamaram e implementaram decisões europeias, algumas anticonstitucionais, e
que exigiam cortes de pensões, salários e aumento de impostos — tenham aprendido a lição.