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I SÉRIE — NÚMERO 5

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A Sr.ª Deputada falou, por exemplo, na Unidade de Missão para a Valorização do Interior, que foi muito

apregoada, tendo, na altura, sido instalada em Pedrógão Grande — um bom exemplo. Mas eu pergunto: ela

ainda existe, ainda está a trabalhar? É que, de facto, na prática, vimos muito pouco.

Na sequência dos incêndios de 2017, foi criada a FlorestGal para coordenar os projetos de florestação.

Sediaram-na em Figueiró dos Vinhos, mas foi só a sede, porque, tanto quanto sabemos, a gestão propriamente

dita está aqui, em Lisboa. Estão lá dois ou três funcionários, Sr.ª Deputada.

Mas mais: falando, por exemplo, no caso da TAP, nos últimos três anos, existiram prejuízos de quase 3000

milhões de euros, sendo que, só no último ano, tivemos prejuízos de 4,3 milhões de euros por dia. Ora, é uma

companhia que serve Lisboa, serve mal o Porto, não serve as ilhas e, claro, muito menos serve o interior.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr.ª Deputada, peço que conclua.

A Sr.ª Fátima Ramos (PSD): — A minha pergunta é esta: tendo em conta que vamos ter um novo Orçamento,

que múltiplos deste valor é que o Governo prevê investir no interior, para apoiar as empresas do interior e as

pessoas que aí queiram viver?

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado João

Dias, do Grupo Parlamentar do PCP.

O Sr. João Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Berta Nunes, permita-me que

faça duas considerações e que coloque duas questões.

A primeira consideração é esta: corrigir as desigualdades territoriais requer muito mais do que uma

distribuição de escassos recursos por um punhado de medidas avulsas. De facto, como a senhora disse, muitas

delas são apenas simbólicas e não se traduzem na alteração daquilo que verdadeiramente corrige e combate

estas desigualdades territoriais.

Uma segunda consideração tem a ver com o diagnóstico que a Sr.ª Deputada nos deixou, o qual parte de

um erro bastante grave. A Sr.ª Deputada considera que as causas das desigualdades territoriais resultam dos

próprios territórios e das gentes que lá vivem. Não, Sr.ª Deputada! A senhora confunde as consequências com

as causas e, de facto, são as políticas que têm sido implementadas e as opções que têm sido tomadas pelos

sucessivos Governos que se traduzem na acentuação e no agravamento das desigualdades territoriais.

A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Muito bem!

O Sr. João Dias (PCP): — Assim, a primeira questão que lhe coloco é esta: como é que a Sr.ª Deputada

quer combater as desigualdades territoriais se não defende o rompimento com as políticas que têm sido

continuadas, nomeadamente quanto à destruição da capacidade produtiva? Falo da agricultura, das florestas,

da pecuária, da indústria, para as quais a senhora não teve uma palavra.

Outra questão para a qual não teve uma única palavra, e que é fundamental e decisiva para o combate às

desigualdades territoriais, tem a ver com os baixos salários, a perda de direitos e as remunerações baixas dos

nossos portugueses, que se debatem com dificuldades económicas e sociais bastante grandes.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Muito bem!

O Sr. João Dias (PCP): — Depois, além de uma política de abandono dos recursos existentes, temos outras

políticas, nomeadamente no que tem a ver com a municipalização, que a senhora defendeu, que não são mais

do que passar encargos para os municípios em muitas áreas que deveriam estar sob a responsabilidade da

administração central.

São necessários investimentos nos transportes e na mobilidade, nomeadamente na ferrovia, onde foram

perdidos milhares de quilómetros, e, no que tem a ver com as portagens SCUT (sem custos para o utilizador),

é mesmo a sua abolição que é preciso, não é a sua redução, como a senhora aqui defendeu.