I SÉRIE — NÚMERO 52
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pequenos rendimentos, mas desaparecem também redes de solidariedade e redes de comunidade que, antes,
existiam nos bairros.
Por isso, a proteção do comércio local não se deve cingir às marcas que são conhecidas nacionalmente,
não se pode cingir às marcas e às lojas que são património do País ou daquela cidade. Essa medida deve
existir para proteger o tecido social e para proteger o tecido económico de cada bairro e de cada cidade.
Se o PS nos apresenta aqui a prorrogação do regime de lojas com história, então, vamos discutir esse
regime. E esse regime é insuficiente, porque não protege nem algumas lojas com história nem o tecido
económico e social de cada cidade.
Veja-se, como exemplo, Lisboa, onde tanto a assembleia de freguesia como a assembleia municipal
concordaram que era necessário preservar uma livraria antiga, em Campo de Ourique, e nem assim
conseguiram preservá-la, porque a comissão entendeu que não cumpria os critérios. Porquê? Porque os
critérios são abstratos, porque dependem de decisão que nem sempre é muito clara, porque não há uma
forma de decidir que seja objetiva ou verificável e porque estão feitos para lojas que sejam património e não
para proteção do tecido económico e social de cada bairro ou de cada localidade.
Por isso, Srs. Deputados, é óbvio que aprovaremos e seremos a favor da prorrogação deste regime, mas
também é óbvio que era preciso ir muito mais longe. E veremos, como já aqui foi dito, o que fará o Partido
Socialista relativamente às propostas, tanto as que aqui vão ser votadas amanhã, como aquelas que
aparecerão depois, na especialidade, sabendo que o projeto do PS tem a sua aprovação assegurada. Enfim, é
assim a maioria absoluta.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, em nome do Grupo Parlamentar do PS, tem a palavra o Sr.
Deputado Tiago Barbosa Ribeiro.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Creio que, no essencial,
embora alguns partidos tenham procurado encontrar, nas entrelinhas, algumas divergências relativamente ao
projeto que aqui apresentamos — e este projeto não é para debater nada que não seja o reforço ou a
continuidade do reforço da proteção das lojas históricas —, parece haver uma concordância generalizada
relativamente a esta matéria.
Sr. Deputado Rui Tavares, não foi nenhuma desconsideração eu dizer que o projeto ia ser aprovado. O
Partido Socialista orgulha-se muito dos seus pergaminhos de liberdade democrática, incluindo dentro do nosso
grupo parlamentar.
Protestos do L.
Risos do CH.
Mas no dia em que um projeto do PS for chumbado por uma maioria absoluta do PS penso que alguma
coisa não irá bem. Quem decidiu essa maioria foi mesmo o povo português, não foi o PS e, portanto, o projeto,
nesse sentido, será aprovado, independentemente da expressão democrática e legítima desta Câmara.
Aplausos do PS.
Sr. Deputado Carlos Guimarães Pinto, estamos de acordo com aquilo que referiu. Existem momentos em
que liberais e socialistas até podem estar de acordo — podem ser poucos, mas este é um caso.
E veja mais: no caso da Câmara Municipal do Porto, que, como sabe, conheço bem, o vereador que tem
este pelouro — e que, na próxima reunião de Câmara, que é na segunda-feira, vai levar ao executivo
municipal a proteção de mais duas lojas históricas — é um vereador que é filiado na Iniciativa Liberal e,
portanto, está estruturalmente de acordo com este projeto. E sabemos que há apoio, em concreto, desse
vereador e de outros autarcas que não do Partido Socialista, a este projeto e também damos aqui resposta a
essa expressão e a essa pluralidade.