I SÉRIE — NÚMERO 38
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O Sr. Presidente: — Para uma intervenção em nome do Grupo Parlamentar do PS, dou agora a palavra à
Sr.ª Deputada Fátima Pinto.
A Sr.ª Fátima Correia Pinto (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Traz-nos hoje o Chega um
agendamento potestativo que mais não é do que o tentar esticar o seu aproveitamento político de um caso que,
afinal, vejamos, é um não-caso. Sim, trata-se de um caso que não é caso nenhum:…
O Sr. André Ventura (CH): — São todos!
A Sr.ª Fátima Correia Pinto (PS): — … não tem qualquer irregularidade, não tem qualquer expressão, não
tem qualquer relevância, e apenas serviu — e continua a servir, como estamos a observar — para alimentar as
já acesas campanhas partidárias, misturado, claro está, com muitas falsidades e exageros.
Senão vejamos: foi solicitada à UTAM, por parte do Gabinete do Secretário de Estado do Tesouro, em
fevereiro de 2021, a emissão de parecer acerca da operação de aquisição pela PARPÚBLICA da participação
qualificada de até 13 % dos CTT. Repito: fevereiro de 2021, portanto, muito longe do período de discussão e
aprovação do Orçamento, como os partidos de direita quiseram sugerir.
Sabemos também que o relatório da UTAM foi favorável à aquisição, pelo que claramente terá sido
demonstrado o interesse e viabilidade económica e financeira da operação de aquisição de participação social
no capital dos CTT, podendo, desta forma, o Secretário de Estado do Tesouro, querendo, autorizar a operação,
tal como veio a acontecer, no despacho do Sr. Secretário de Estado do Tesouro de julho de 2021, e,
sequencialmente, em agosto de 2021, no despacho do Sr. Ministro das Finanças, que aprovou a aquisição
faseada em bolsa das ações dos CTT, e onde estão claramente especificados quer os objetivos, quer as
condições, quer os limites para a aquisição.
Sr.as e Srs. Deputados, não há dúvidas de que se tratou de um processo que cumpriu todos os trâmites legais
tendentes a uma operação de aquisição por parte do Estado, que não foi ocultada nem escondida, na medida
em que se tratou de uma aquisição em bolsa. Portanto, forma mais pública e transparente não podia existir.
Mas, como já foi comprovado que se tratou de um processo transparente e legal, no qual foi sempre reservado
o interesse público, o que leva o Chega a agendar um debate potestativo sobre a compra de 0,24 % dos CTT?
Sim, 0,24 % das ações dos CTT — o número é tão irrisório, que merece ser repetido.
Protestos de Deputados do CH.
Bem, todos sabemos que, no Programa do Chega, é defendida a privatização de tudo o que é serviço por
parte do Estado. Dizem mesmo, e passo a citar: «Ao Estado não compete a produção ou distribuição de bens e
serviços,…»
A Sr.ª Rita Matias (CH): — Isso é de 2019!
A Sr.ª Fátima Correia Pinto (PS): — «… sejam esses serviços de educação ou de saúde, ou sejam os bens
vias de comunicação ou meios de transporte.»
Protestos do CH e contraprotestos do PS.
A Sr.ª Rita Matias (CH): — Desonesta! Isso é de 2019!
A Sr.ª Fátima Correia Pinto (PS): — E não era o Chega, em 2019?
Protestos do CH.
O Chega mudou, entretanto!…
Protestos do CH e contraprotestos do PS.