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II SÉRIE-A — NÚMERO 40

é descrito por Alberto Sampaio nos Estudos Económicos: Agro-Velho, Aldeia, Lameiro, Eirados, Fiai (meda de feno), etc. Durante séculos, tal como elas, São Paio de Oleiros viveu do amanho das terras e da criação de gado. «Terra fértil», dizia Pinho Leal, «cria gado bovino que exporta pra Inglaterra».

Moinhos de água abundavam nas ribeiras. Mas já nas Memórias Paroquiais, de 1758, se diz que «Oleiros não só tem moinhos, mas também um engenho de papel». Era o início de outra era: em 1811, Joaquim de Sá Couto funda, no lugar do Candal, aquela que haveria de ser «uma das mais antigas e mais bem acreditadas fábricas de papel da Terra da Feira» (Pinho Leal), onde se fabricava papel de mortalha para tabaco e papel selado, (que muitos asseveram ter sido o primeiro do País, embora o seu uso em Portugal pareça datar de 1660). Foram-lhe atribuídos vários prémios em exposições nacionais e internacionais. Destruída em 1854 e reedificada em 1859, tinha motor hidráulico, empregava madeira como matéria-prima e produzia 16 contos de réis, dando emprego a 65 operários.

Em 1855, inaugurava-se uma fábrica de fiação de algodão, também premiada nacional e internacionalmente, a qual empregava 130 pessoas.

Ao advento da industrialização correspondeu uma maior afluência de gente, que duas inaugurações simultâneas iriam incrementar:

A da linha do vale do Vouga, em 23 de Novembro de 1908 (com a paragem do rei D. Manuel II na estação desta localidade);

E a do Hospital-Asilo de Nossa Senhora da Saúde (hoje Hospital Distrital de São Paio de Oleiros) em 6 de Janeiro de 1909 — facto que mereceu honras de primeira página em O Primeiro de Janeiro, de 12 de Janeiro de 1909 —, obra que decorreria das disposições testamentárias de Joaquim de Sá Couto e a que a revista A Medicina Moderna chama «um monumento de caridade».

Outro motivo de afluência, embora ocasional, e de divulgação da freguesia era (e continua a ser) a festa em honra de Nossa Senhora da Saúde, que se realiza desde tempos imemoriais no mês de Agosto e que foi considerada uma das maiores romarias do distrito de Aveiro.

A primitiva igreja dataria do século X e estaria implantada no lugar de Vila Boa. A Travessa da Igreja atesta que, junto ao cemitário actual, existiu outra igreja, não se sabe desde quando, até à construção da actual pelo padre José Ferreira de Almeida em 1855. Esta «mede 35,15 m, torre com 48 m, três sinos, bom altar-mor em renanscença D. João V e mais quatro altares laterais maiores e dois menores. Tem amplo coro, esmerado baptistério e duas excelentes e amplas sacristias. Custou 200 contos» (cónego Dr. Ferreira Pinto, in Actividade Pastoral, 1950).

São Paio de Oleiros foi curato anual da apresentação do reitor de São Miguel de Arcozelo, no Termo da Feira, e passou mais tarde a reitoria independente.

II — Caracterização de São Paio de Oleiros

I — Enquadramento na Região

A povoação de São Paio de Oleiros, sede da freguesia com o mesmo nome, possui presentemente uma área

de 4,22 km2 e localiza-se a noroeste do concelho de Santa Maria da Feira, ao qual pertence administrativamente.

Confronta a norte com a freguesia de Nogueira da Regedoura, a oeste com as freguesias de Paramos, Sil-valde e Anta, pertencentes ao concelho de Espinho, a noroeste com a vila de Mozelos, a sueste com a vila de Santa Maria de Lamas e a sul com a vila de Paços de Brandão (figura 1).

Do ponto de vista topográfico, São Paio de Oleiros enquadra-se numa área onde pontuam baixas altitudes da orla marítima que vão desde os 50 m, aproximadamente.

É banhado pela ribeira de Silvalde, que o atravessa no sentido este-oeste, e ainda pela ribeira de Rio Maior, a sul, sensivelmente no mesmo sentido, cujo leito, numa boa parte, estabelece a divisão administrativa com a vila de Paços de Brandão (figura 2).

2 — População

2.1 — Evolução

Contrariamente ao concelho de Santa Maria da Feira (que teve até ao censo geral da população de 1930 uma evolução populacional algo turbolenta), São Paio de Oleiros apresenta uma evolução lenta mas continuamente positiva. O ritmo evolutivo foi mais acelerado nas décadas de 40, 50 e 60, precisamente aquelas em que a nível nacional mais se sentiu a emigação portuguesa, não só para a Europa (em reconstrução) mas também para a América do Sul, nomeadamente o Brasil (figura 3).

Acompanhando a tendência nacional, São Paio de Oleiros apresenta, em 1990, uma diminuição da população nos escalões etários mais jovens, nomeadamente dos 0-4, 5-9, 10-14 e 15-19 anos, cujas causas, entre outras, provavelmente, se prenderão com a diminuição da natalidade a nível nacional, de cuja tendência São Paio de Oleiros, como área industrial que é e com a transformação económica e social que atravessou e continua a atravessar, não pode ser excepção à regra, à modificação do conceito de família actual, à elevação do nível de instrução, à assimilação de métodos anticonceptivos e ainda pela transformação da economia de São Paio de Oleiros, que passa do sector primário para o secundário e terciário, influindo negativamente no evoluir da demografia populacional tanto a nível local, nacional ou mesmo mundial (figura 4).

2.2 — Densidade populacional

São Paio de Oleiros já em 1981 possuía uma das maiores densidades populacionais da área, sendo até superior à da sede do concelho. Apenas é superada pela densidade que se verifica nas vilas de Paços de Brandão, Santa Maria de Lamas, Lourosa, Fiães e Arrifana.

A esta densidade populacional, muito elevada, relativamente à densidade de Portugal continental, não é estranha a grande concentração de indústrias na parte noroeste do concelho de Santa Maria da Feira e do qual São Paio de Oleiros é parte relevante (figura 1).

2.3 — Dimensão do agregado familiar e número de famílias por habitação

Em São Paio de Oleiros, o conjunto das famílias constituídas por duas, três e quatro pessoas perfazem