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0006 | II Série A - Número 001 | 20 de Setembro de 2001

 

Traçámos de forma breve a ainda também breve história desta cidade ribatejana. Foi assim que surgiu e se desenvolveu o Entroncamento, esse "filho dilecto da CP", como alguém já lhe chamou - A Companhia dos Caminhos-de-Ferro e o seu Entroncamento ferroviário, in A Hora, Jornal Ilustrado, Ano XXXVI, 2.ª Série, n.º 68, Lisboa, Novembro de 1968. No entanto, há que destacar que a origem da actual cidade teve origem na parte sul da linha férrea. Foi igualmente nesta área que o núcleo habitacional se desenvolveu, sobretudo nas primeiras décadas da sua existência. De tal forma que as populações identificam-na como a zona mais antiga, o nosso "centro histórico", e a parte norte da freguesia como a mais recente, a "zona nova". A separá-las encontra-se a linha férrea.

Razões de ordem geográfica

A actual freguesia do Entroncamento encontra-se efectivamente dividida geograficamente pela passagem da linha férrea. Esta é uma verdade inegável, pois até entre as populações se generalizaram as designações de zona norte e zona sul, atendendo à localização das mesmas em relação àquela via de comunicação.
Os caminhos-de-ferro estiveram na origem da nossa cidade. Mas, as suas linhas sempre dividiram claramente as duas partes da freguesia. Aliás, desde cedo se sentiu a necessidade, fruto dessa divisão, de unir as duas áreas. Em 1969 foi inaugurado o viaduto Eugénio Dias Poitout com o objectivo de facilitar a passagem de pessoas e viaturas entre as duas zonas da freguesia. Recentemente foi aberto à circulação um túnel subterrâneo com o mesmo objectivo e espera-se para breve a inauguração de um outro túnel. Enquanto noutros aglomerados urbanos são importantes estradas nacionais ou características naturais que os dividem, como os rios, no Entroncamento são as linhas férreas que delimitam claramente as duas partes da freguesia.
É, igualmente, importante referir que a freguesia que se pretende constituir ficará bem servida ao nível das acessibilidades. Possuirá um acesso directo ao IP6 e, consequentemente, à A1, a principal auto-estrada do País. Aquela zona já é servida por transportes públicos, nomeadamente pela Rodoviária do Tejo, que a liga a diversos concelhos vizinhos. Continuará a ser servida directamente pelo transporte ferroviário, permitindo a deslocação dos seus habitantes para qualquer parte do nosso país.
Contudo, ao nível da distribuição de variados serviços, esta parte do concelho parece ter sido largamente preterida em relação ao resto da cidade. A câmara municipal, a junta de freguesia, o tribunal, a biblioteca municipal, os CTT, e a repartição de finanças, para apresentar alguns exemplos, concentram-se todos na parte sul do concelho, o que acarreta dificuldades a quem reside na outra parte da cidade. Por muitas razões, mesmo as mais simples, aquela população vê-se sempre forçada a deslocar-se à parte sul da cidade. Mesmo os futuros edifícios do tribunal e da biblioteca municipal estão previstos para a parte sul do concelho. A criação de uma nova freguesia irá, certamente, lutar pela alteração desta realidade que nos parece injusta, beneficiando toda a população do concelho.

Razões de ordem demográfica

O concelho do Entroncamento tem, desde a sua origem, apresentado um crescimento demográfico bastante significativo. Na última década a sua população cresceu 27,4%, tendo sido o sétimo crescimento percentual mais elevado a nível nacional e o maior entre os concelhos que não pertencem à faixa litoral do País - Notícias do Entroncamento n.º 904, de 20 de Julho de 2001, p. 8.
De acordo com os Censos de 2001, a população residente apresenta o valor de 18 127 habitantes. Cerca de metade desta população reside na área do concelho a norte das linhas férreas, isto é, a área que propomos para a base territorial da nova freguesia. Trata-se de uma zona de nítido cariz urbano, apresentando, como todo o concelho, uma elevada densidade populacional.
A tendência de crescimento populacional tem sido constante em todo o concelho. Assim, no futuro, julgamos inegável a continuação desse crescimento na parte a norte das linhas férreas, mas também a sul dessas mesmas linhas. A edificação de edifícios para residências é constante. Na área da futura freguesia abundam as urbanizações em construção, o que deixa antever a continuação daquela tendência. Prevê-se, assim, também um rápido crescimento da densidade populacional.
Mas este crescimento bastante rápido da população acarreta consigo maiores responsabilidades aos responsáveis autárquicos. Uma nova freguesia iria facilitar um desenvolvimento mais equilibrado e concertado daquela parte da cidade, onde existem problemas urbanísticos delicados.

Razões de ordem económica

Todo o concelho do Entroncamento apresenta uma grande vitalidade económica. Esta cidade é, por excelência, uma cidade de serviços. Esta realidade é reconhecida por todos, principalmente na região setentrional do distrito de Santarém. Aqui se concentram inúmeros estabelecimentos comerciais e diversos industriais.
Na parte norte do concelho, aquela para onde se prevê a nova freguesia, funcionam numerosas empresas dos mais variados sectores da actividade económica. Aqui está localizada a Zona Industrial do Entroncamento, onde funcionam estabelecimentos industriais, mas também muitos comerciais. Aí podemos encontrar as indústrias de alumínios, de metalomecânica, de mármores e de serralharia e o comércio de móveis e outros variados produtos, para citar apenas alguns casos.
Nesta parte do concelho ainda se localizam outras importantes empresas. É o que se verifica com a Soladrilho, empresa de destaque até internacional ao nível da produção de materiais de cerâmica, ou da Sengurbis, que tem no fabrico de mobiliário o seu ramo de actividade, e que são dois exemplos de dinamismo empresarial.
Mas, dispersos por toda esta zona da cidade, encontram-se numerosos estabelecimentos de variados tipos. Os residentes podem, por exemplo, usufruir dos serviços de uma farmácia, de uma agência bancária, de diversos supermercados e de muitos estabelecimentos do ramo da restauração.
No sector económico a tendência tem sido de expansão. Julgamos que ela continuará no futuro atendendo à dinâmica existente e às boas condições de acessibilidades disponíveis.

Razões de ordem social e cultural

A formação histórica do Entroncamento acabou por condicionar a sua própria composição social. Como escreveu a professora e antropóloga Paula Gama do Rosário, "as pessoas que nasceram no núcleo inicial - o lugar das Vaginhas - ou que são descendentes directos desses indivíduos sentem-se, obviamente, mais entroncamentenses que os demais" - Paula Gama do Rosário, obra citada, p. 98.20 .

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