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0009 | II Série A - Número 022 | 07 de Dezembro de 2004

 

Somente mais tarde, é dado novo impulso por D. Manuel, confirmando todos os privilégios da região de Ribacôa através de novo foraI em 1515 e efectuando obras de beneficiação no castelo e vila.
Durante as invasões francesas, o Sabugal também foi alvo da passagem das tropas em retirada, e aqui deu-se mesmo uma importante batalha - a do Gravato, resultando numa vitória para as tropas aliadas portuguesas e inglesas, no entanto estes acontecimentos causaram mesmo assim grandes prejuízos para a vila, para a sua população e para o seu património histórico.

3. Património Histórico-Cultural
Património Histórico

O concelho do Sabugal insere-se na ampla unidade geográfica denominada por Alto Côa, correspondente às terras do vale superior deste rio.
A região apresenta diversos indícios de importante ocupação humana, apesar das suas condicionantes naturais não serem as mais propícias ao assentamento populacional na Antiguidade. Os vestígios mais antigos, testemunhados no Alto Côa, recuam ao Neolítico. Entre as referências a diversas antas desaparecidas em Ruivós, Aldeia da Ribeira e Quinta dos Vieiros, passando por alguns achados avulsos, até ao sítio arqueológico mais recente escavado nas Carvalheiras (Casteleiro), já é possível obter uma visão destas primeiras comunidades habitantes da região.
O período do Calcolítico tem vindo, pouco a pouco, a ser melhor conhecido, fruto sobretudo dos trabalhos arqueológicos desenvolvidos no concelho. A prospecção e recolha de materiais à superfície no alto de Santa Bárbara (Aldeia da Ponte) e as escavações realizadas no centro histórico do Sabugal têm permitido reunir diversos fragmentos cerâmicos com decoração penteada e pontilhada, um machado de cobre, artefactos lascados de sílex e peças de anfibulito e silimanite, pródigas sobretudo na região raiana do Sabugal.
A ocupação humana foi pródiga sobretudo na Idade do Bronze, à qual são atribuídos diversos povoados de altitude e inúmeros achados avulsos (alguns expostos no Museu Nacional de Arqueologia). Em Vilar Maior, no Sabugal, na Serra Gorda (Águas Belas), no Castelejo (Sortelha), no Cabeço das Fráguas (Pousafoles do Bispo), em Caria Talaya (Ruvina), em Vila do Touro, e em muitos outros topos de cabeços da região poente, habitaram diversas comunidades pastoris, agrícolas e mineiras. A riqueza destas terras em mineração de estanho e cobre (produtos indispensáveis para a produção do bronze) consolidou a importância regional do Alto Côa. Deste período conhecem-se as mais belas peças arqueológicas, como as estelas decoradas dos Fóios e do Baraçal; a espada de Vilar Maior; os machados da Quarta-Feira, Soito e Lageosa da Raia.
As comunidades da Idade do Ferro também aqui permaneceram, ocupando outros topos elevados de relevos e deixando-nos vestígios dos seus povoados fortificados. Para além da Serra das Vinhas (Penalobo), do Cabeço de São Cornélio (Sortelha) e da Serra da Opa (Casteleiro), destacam-se o Sabugal Velho e o próprio Sabugal. Desde cedo aqui terá existido um povoado centralizador da região, seguramente devido à sua posição sobranceira a uma das travessias mais importantes do Côa, destacando-se pela sua riqueza de materiais cerâmicos, metálicos, contas de pasta vítrea e até das estruturas habitacionais escavadas na vila.
Os romanos ocuparam este território de forma violenta, talvez restando dessa presença militar inicial ainda algum acampamento em Aldeia de Santo António ou em Alfaiates. Também uma inscrição encontrada nesta última aldeia parece testemunhar um marco militar.
São conhecidas numerosas estações arqueológicas pelo concelho, e alguns materiais da Época Clássica, que demonstram a potencialidade da romanização desta região: aldeias, vici, villae, granjas e casais; calçadas e miliários. Destacam-se entre estes testemunhos primitivos, a enorme quantidade de epígrafes votivas e funerárias que revelam a força da aculturação romana da população indígena local.
O Sabugal poderá ter continuado a ser o ponto central de toda a administração territorial do Alto Côa, como o parecem provar os miliários e os achados existentes na vila, situada na exacta passagem de uma importante via romana de ligação entre as cidades romanas da meseta espanhola e as urbes conhecidas da Beira Baixa.
Os dados históricos escasseiam com o declínio da civilização clássica e são raros os vestígios da passagem dos suevos, visigodos e árabes. Apenas alguns topónimos persistem na paisagem. Entre eles teríamos de destacar o cabeço de Caria Talaya (Aldeia vigia) na Ruvina e até o nome de Alfaiates (possivelmente oriundo de Al-haet, muralha).