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7 | II Série A - Número: 152S2 | 30 de Março de 2012

No documento da REFER, datado de 30 de dezembro de 2011, intitulado ―Diretório da Rede 2013‖, diz-se que o troço entre a Covilhã e a Guarda na Linha da Beira Baixa, estará encerrado em 2013. Isto é, o Governo ainda não assumiu publicamente qual o futuro para este troço, no entanto, ele permanece encerrado, agora até 2013, ignorando os investimentos públicos já concretizados. Há muitos indícios que demonstram a falta de vontade política para retomar a circulação de comboios em toda a Linha da Beira Baixa.
O encerramento definitivo do troço entre a Covilhã e a Guarda degrada as acessibilidades e mobilidade das populações, numa região onde é praticamente inexistente uma rede de transportes públicos, contribui para o maior isolamento das populações e de muitas localidades, a somar aos encerramentos de serviços públicos de escolas, extensões de saúde ou postos dos CTT e prejudica o desenvolvimento económico dos distritos de Castelo Branco e da Guarda, já bastante fustigados pelo encerramento de empresas, o aumento de desemprego, os baixos salários e reformas e a desertificação. Esta medida significaria um retrocesso de quase 120 anos e levaria a mais despedimentos na CP e na REFER.
A modernização e requalificação do troço entre a Covilhã e a Guarda é importante do ponto de vista regional e nacional. Retomar o transporte ferroviário na totalidade da Linha da Beira Baixa potencia o aproveitamento dos investimentos realizados nos restantes troços desta Linha, promove o desenvolvimento e o crescimento económico, através do aumento do número de utentes e de mercadorias, da maior mobilidade das populações, num meio de transporte mais eficaz, confortável e barato e uma redução dos níveis de poluição, tendo em conta a redução do trafego rodoviário neste troço.
Mas a existência de transporte ferroviário em toda a Linha da Beira Baixa, permite não só a ligação à Linha da Beira Alta, como pode constituir uma alternativa ferroviária para o transporte ferroviário nacional e internacional.
A CP suprimiu o transporte rodoviário alternativo no troço Covilhã-Guarda a partir de 1 de março de 2012, criado no âmbito do encerramento provisório deste troço, deixando as populações sem qualquer alternativa de mobilidade. A CP justifica esta decisão na ―sequência da suspensão do processo de reativação do troço Covilhã-Guarda na Linha da Beira Baixa, e conforme previsto no Plano Estratçgico de Transportes‖, segundo comunicado disponível do seu sítio da internet. E acrescenta que ―considerando a atual impossibilidade de prestação do serviço de transporte ferroviário e que a reposição da mesma não irá ocorrer no curto prazo, não deve ser o operador deste transporte a assegurar as alternativas de mobilidade das populações‖, remetendo a solução para os operadores locais, inexistentes nas localidades abrangidas quer pela linha ferroviária, quer pelo transporte alternativo.
A decisão da CP revela a sua desresponsabilização pelo serviço público de transporte e de mobilidade das populações, como demonstra o plano estratégico de transportes, que é nada mais, nada menos, um plano de encerramento de transportes e o continuado adiamento da modernização, eletrificação e requalificação do troço entre a Covilhã e a Guarda na linha da beira baixa. Está assim dado mais um passo para o eventual encerramento definito deste troço.
A conclusão das obras de modernização e eletrificação na Linha da Beira Baixa até à Covilhã possibilitou a melhoria do serviço intercidades entre Lisboa e a Covilhã e a redução do tempo de viagem. Mas logo após a conclusão destes investimentos, reivindicados pelas populações há anos, em novembro o Governo decidiu substituir o material circulante do serviço intercidades, por automotoras (unidade tripla elétrica – UTE 2240), ―recauchutadas‖ em modernizações que não garantem as condições adequadas a viagens de longo curso.
Estas automotoras não asseguram o conforto aos utentes, com níveis de ruído muito elevados e com tempos de viagem superiores ao comboio intercidades. Acresce ainda o facto de o Governo manter os preços, quando desqualificou o serviço prestado, isto é, o Governo cobra por um serviço intercidades, quando na prática presta um serviço regional.
A substituição do material circulante na Linha da Beira Baixa por automotoras revela uma atitude de desvalorização e de não aproveitamento dos investimentos já realizados. Mais, a introdução das automotoras na Linha da Beira Baixa constitui um retrocesso no transporte público ferroviário, com grandes prejuízos na mobilidade das populações e no desenvolvimento da região.
A falta de resposta do Governo quanto ao futuro da Linha da Beira Baixa, associada à manutenção do seu encerramento para 2013 e a degradação do serviço público de transporte ferroviário, são opções políticas do Governo de prosseguimento da destruição da rede ferroviária nacional. Na sequência das imposições da troika