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10 DE MAIO DE 2018

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dos plásticos, onde a produção e o design respeitam as necessidades de reutilizar e reciclar os produtos,

sendo que até 2030 todas as embalagens de plástico na União Europeia deverão ser ou reutilizáveis ou a sua

reciclagem deve ser mais eficiente. Os objetivos desta estratégia passam não só pela redução dos resíduos

como também pela necessidade de transitarmos para uma economia menos dependente de carbono, assim

contribuindo para o cumprimento dos objetivos previstos no Acordo de Paris.

Em 2015 a produção mundial de plástico atingiu as 322 milhões de toneladas (desde 1960 a produção de

plástico aumentou 20 vezes) e espera-se que nos próximos 20 anos este valor duplique. Só na Europa geram-

se 58 milhões de toneladas de plásticos por ano, sendo que dessa quantidade apenas 30% é reciclada.

Significa isto que os restantes 70% de plástico produzido ou vão para aterro (onde demoram cerca de 450

anos a decompor-se) ou são incinerados. Segundo dados da Comissão Europeia, a incineração de plástico

contribui aproximadamente para a emissão anual de 400 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera. Se

todo o plástico produzido fosse reciclado evitaríamos a utilização de 3,5 biliões de barris de petróleo por ano.

Tudo isto valida a importância não só da redução da produção de plástico, como da reciclagem daquele

que necessariamente tem que se produzir.

Segundo dados divulgado pela Quercus ANCN, anualmente em Portugal utilizam-se em média, 721

milhões de garrafas de plástico, 259 milhões de copos de café, 1 milhar de milhões de palhinhas, 40 milhões

de embalagens de fast food.

Ainda segundo a Comissão Europeia, na União Europeia entram anualmente no oceano entre 150 000 a

500 000 toneladas de plástico. Estes resíduos acabam por se acumular em zonas vulneráveis tais como o Mar

Mediterrâneo ou o Oceano Ártico. Esta situação tem-se agravado com o aumento da utilização de

descartáveis que, sendo de utilização única, vão imediatamente parar ao lixo. Isto acontece com os copos de

plástico, palhinhas, talheres de plástico, em suma, utensílios práticos e de baixo custo, que claramente não

refletem o valor das externalidades que produzem.

Os objetos mais encontrados nas praias europeias são garrafas de água, sacos, copos, pacotes de batatas

fritas, cotonetes, balões, beatas de cigarros, embalagens de comida, sendo que todos estes objetos são feitos

de plástico.

Os plásticos descartáveis representam 50% de todo o lixo marinho. Com a sua deterioração acabam por se

transformar em microplásticos, um perigo para a saúde humana e para o ambiente. Os microplásticos

disseminam-se pelo mar/oceano, acabando por servir de alimento aos peixes, que por sua vez acabam por

entrar na cadeia alimentar humana. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(PNUMA), os rios, pequenas correntes de água, o vento, os sistemas de drenagem municipais e os sistemas

de tratamento de águas residuais transportam o plástico desde as micro e nano partículas até aos objetos de

grande dimensão. Estima-se que na União Europeia sejam libertados para o ambiente entre 75 000 a 300 000

toneladas de microplásticos.

Infelizmente, a quantidade de plástico não reutilizável tem vindo a aumentar ao longo dos anos, não sendo

acompanhado por medidas eficazes e capazes de retornar o seu valor à economia global nem tão pouco que

minimizem os seus impactos ambientais.

Muito do plástico que se encontra disperso pelo mundo, poluindo o ambiente, é utilizado uma única vez

antes de ser colocado no lixo. De acordo com estimativas europeias, apenas 5% do seu valor económico tem

retorno para a economia. De acordo com a UE5, o prejuízo anual encontra-se entre 70 e 105 biliões de euros.

Em Portugal, as embalagens produzidas geraram 1,06 biliões de euros, mas apenas 42% foram recicladas6.

Cientistas estimam7 que se todo o plástico mundial fosse reciclado poupar-se-ia 3,5 biliões de barris de

petróleo por ano, reduzindo a dependência do petróleo na produção de plástico, e consecutivamente reduzia-

se as emissões de CO2 para a atmosfera contribuindo para o cumprimento do Acordo de Paris. A uma escala

mais reduzida, por exemplo, 1 tonelada de plástico permite economizar 130 Kg de petróleo, com a reciclagem

de uma lata de alumínio economiza-se a energia suficiente para manter ligada uma televisão durante três

horas, 1 tonelada de embalagens cartonadas para líquidos alimentares – Tetra Pack – permite evitar o abate

de 20 árvores8.

Face a esta problemática, a Comissão Europeia desenvolveu e publicou a Estratégia Europeia para os

5 Estatísticas dos resíduos 2014, Instituto Nacional de Estatística, 2016 6Relatório do Estado do Ambiente 2017, Agência Portuguesa do Ambiente, 2017 7 A. Rahimi, J.M.Garcia, Chemical recycling of waste plastics for new materials production, Nat. Chem.Rev.1, 0046,2017 8 https://www.lipor.pt/pt/mitos-urbanos-da-reciclagem/vantagens-da-reciclagem-de-embalagens-de-plastico-metal/