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II SÉRIE-A — NÚMERO 34

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microplásticos são potencialmente maiores que os detritos maiores porque são mais acessíveis a mais espécies,

incluindo o fitoplâncton.»

Este impacto das micropartículas plásticas, ainda diminutamente calculado, estudado e compreendido3,

«poderá também ter graves efeitos na cadeia alimentar e nomeadamente na saúde pública» segundo a National

Oceanic and Atmospheric Administration. O nível de contaminação vai sendo cada vez mais evidente à medida

que mais estudos são realizados. Em 2017, a Universidade do Minnesota e o estado de Nova Iorque, recolheram

amostras de água de diferentes países, em vários continentes, e concluíram que 83% das amostras continham

microplásticos4. Recentemente a Organização Mundial de Saúde lançou uma revisão científica à presença de

microplásticos em águas engarrafadas depois de um estudo5 afirmar que 90% das marcas conterem detritos

plásticos decorrentes da decomposição das próprias garrafas. Foram analisadas 259 garrafas, de 19 regiões e

9 países diferentes, num raio de 11 marcas, e os resultados apontaram para a presença, em média, de 325

partículas de plástico por cada litro de água. Outro estudo6, publicado na Nature, que analisou 17 amostras de

sal de mesa vendido em oito países (incluindo Portugal), confirmou que existia contaminação com

microplásticos, sendo que uma das três amostras portuguesas atingiu o máximo observado, com dez

microplásticos por quilograma de sal.

Fonte: Revista científica Nature, Figura 3: Gráfico de barras com as partículas isoladas das diferentes marcas/amostras de sal.

Naturalmente estas partículas são também ingeridas por diversos animais. Uma investigação da Organização

de Pesquisa Industrial e Científica da Commonwealth (CSIRO, na sigla em inglês), que analisou estudos

publicados entre 1962 e 2012 sobre 186 espécies de aves marinhas, descobriu que a quantidade de plástico

presente nos estômagos destes animais está a crescer a um ritmo alarmante. Segundo o estudo, no início da

década 1960, os cientistas encontraram plástico no estômago de menos de 5% de aves marinhas aumentando

vertiginosamente para 80% em 2010. A este ritmo, o estudo indica que em 2050 cerca de 99% das espécies de

aves marinhas contenham plástico nos seus estômagos. Também o relatório da Greenpeace, Plastics in the Sea

Food7, reporta que pelo menos 170 espécies marinhas, vertebradas e invertebradas, consomem poluentes de

origem industrial. Em Portugal 3 das 9 espécies de aves marinhas estudadas8, ou seja 22,5%, ingeriram

microplásticos durante a sua vida. Outro estudo9, reportou que em 236 espécimes, de 23 espécies de peixe

comerciais, 19,8% continham microplásticos sendo que 32,7% tinham ingerido mais que um tipo de partículas

3http://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-.9326/10/12/124006;jsessionid=123F0E078E457FC6106D3ACEE956F209.c3.iopscience.cld.iop.org. 4 https://orbmedia.org/sites/default/files/Orb%20Media%20Microscopic%20Plastics%20Press%20Release%20SEP%205%202017.pdf. 5 Disponível: https://orbmedia.org/sites/default/files/FinalBottledWaterReport.pdf. 6 Disponível: https://www.nature.com/articles/srep46173. 7 Disponível online em: https://storage.googleapis.com/gpuk-static/legacy/PlasticsInSeafood-Final.pdf. 8 Disponível online em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0025326X1731007X. 9 Disponível online em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26608506.