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II SÉRIE-A — NÚMERO 21

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portugueses da sua pátria, enfraquecendo o elo existente entre os que partem e os que ficam. Podemos então

afirmar que temos emigrantes portugueses de jure e não de facto.

Um aspeto administrativo que iria melhorar os procedimentos tanto na ótica do português emigrado como

dos serviços consulares seria a simplificação do processo de renovação do passaporte.

Hoje, para renovar o passaporte, é necessário ter cartão de cidadão válido. Deste modo, se o cartão de

cidadão se encontrar caducado ou se se tiver extraviado, o cidadão tem primeiro de se deslocar ao consulado

para renovar este documento de identificação pessoal, regressando outra vez para o recolher e pedir o

passaporte, repetindo novamente a ida ao consulado para levantar este último. O mesmo se coloca quando

nasce uma criança, sendo necessário duplicar as deslocações ao consulado. Se em alguns casos os

consulados mais próximos são acessíveis, em muitos países, em especial, fora da Europa, ficam a centenas

de quilómetros de distância, causando dificuldades acrescidas aos emigrantes.

Ainda acerca dos consulados e embaixadas, e de modo a promover o trabalho realizado por artistas

portugueses, que vivam em Portugal ou no estrangeiro, seria importante a realização de exposições que

promovessem o trabalho destes artistas, de forma que todos aqueles que se deslocassem a uma destas

instituições pudessem apreciar e valorizar o talento e obra destes portugueses.

As diásporas são, portanto, relevantes em diversos aspetos. Em primeiro lugar, do ponto de vista da

ciência política, uma diáspora fortemente conectada pode ser utilizada pelo país de origem para influenciar as

instituições nos países de destino. As vantagens de manter ligações com os emigrantes e os seus

descendentes é também vista como forma de manter acesso a uma rede de capital humano mais amplo,

rendimentos estrangeiros adicionais na forma de remessas, e potenciais investimentos.

Estas diásporas não são apenas compostas dos emigrantes que partiram, mas igualmente dos

descendentes desses mesmos emigrantes que, embora possam não ter nascido em Portugal, mantêm uma

ligação através dos seus pais e da sua família, muita da qual permaneceu em Portugal. É, portanto, fulcral não

esquecer esses elementos tão importantes da nossa diáspora.

Mas se há portugueses que emigram, também existem portugueses que gostariam de regressar. O

inquérito de 2017 realizado pela Fundação AEP dá-nos algumas estatísticas importantes acerca das intenções

de regresso dos emigrantes portugueses entrevistados: sabemos que 65% dos inquiridos pensa regressar a

Portugal, embora nem todos com planos definidos para o regresso, enquanto 56,4% deles desejaria vir a ter

uma atividade empresarial em Portugal, apesar de 80,4% indicar como prazo expectável para a materialização

desse investimento um período superior a 3 anos.

Os fatores que explicam o não regresso imediato a Portugal prendem-se sobretudo com motivos

profissionais – 57,8% dos inquiridos revela as baixas oportunidades de carreira existentes no país, enquanto

que 51,7% refere os baixos salários na profissão que desempenham. Mais uma vez, o mercado e as

condições de trabalho revelam ser fatores determinantes.

Também o estudo «Motivações para um eventual regresso de emigrantes a Portugal», no qual são

realizadas 32 entrevistas a portugueses entre os 25 e os 55 anos a residir no estrangeiro, revela que 27 dos

32 entrevistados não tem intenções de regressar no curto ou médio prazo. São tendencialmente aqueles com

habilitações mais elevadas que se mostram mais dispostos a regressar, embora a materialização do seu

regresso, tal como mencionado anteriormente, seja mais complicada, sendo a principal razão para a

permanência a perceção de que em Portugal não conseguiriam ter o mesmo nível de vida do que dispõem no

estrangeiro.

Mas, se os jovens emigrantes portugueses apontam o mercado de trabalho nacional e os respetivos

salários como sendo fatores de desmotivação para quem regressa, o que os motiva então a regressar?

As motivações para as intenções de regresso dos emigrantes podem dividir-se em três principais fatores:

● Fatores sociais: conforto em determinados ambientes sociais, políticos e culturais, relações de género,

número de migrantes que reside no país de destino, etc.;

● Fatores profissionais: que incluem salários, condições e instalações de trabalho, e oportunidades para

desenvolvimento profissional;

● Fatores pessoais e familiares: motivações individuais, alteração da estrutura familiar e, ainda, a sua

manutenção (como o apoio a elementos idosos), bem como redes de amizade.