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22 DE DEZEMBRO DE 2020

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criaram, constituindo uma Rota e seus percursos temáticos, salientando nomeadamente a importância do Rio

Ave como pólo aglutinador da indústria da região;

Ajudar a preservar o património industrial e pré-industrial do Vale do Ave, mostrando a diversidade e a

qualidade das estruturas arquitetónicas industriais aqui existentes.

Esta Rota percorre 24 unidades industriais e pré-industriais e conjuga vários equipamentos e realidades

sociais e de arqueologia industrial. Como nos explica Jorge Fernando Alves, «rota significa caminho, destino,

mas também rompimento e combate»9. Essa porta aberta para novas «fórmulas de pedagogia da

descoberta»10

que este projeto podia e devia ter aproveitado para aprofundar o conhecimento escolar sobre «a

cultura do trabalho, os padrões éticos de sobrevivência, a consciência dos quadros de produção e da sua

inserção no mercado, a apreensão dos modelos tecnológicos dominantes, as formas de mobilização das

pessoas e dos espaços»11

. Este património industrial não é, do ponto de vista académica e social, mais uma

tipologia de monumento a ser estudado. Ele ganha importância pelo território onde se insere, pela paisagem

onde está incorporado, pelas vivências sociais e económicas que despoletou.

Mas é no Museu da Indústria Têxtil da Bacia do Ave, fundada em 1987, que encontramos o mais bem

sucedo exemplo de um projeto na área da Arqueologia Industrial sobre esta região. A missão deste

equipamento museológico é investigar, conservar, documentar, interpretar, valorizar e divulgar todos os

aspetos relacionados com o processo de industrialização da região em que se encontra inserido, com vista à

salvaguarda dessa memória histórica e de forma a contribuir para um maior enriquecimento cultural da sua

população. As suas atividades estão diretamente relacionadas com a experimentação dos processos

produtivos de então, onde o envolvimento das comunidades escolares da sua zona de intervenção são um dos

focos principais dos serviços educativos. A conservação e restauro de equipamentos e máquinas oriundos das

unidades fabris da região do início do século XX são outra das principais tarefas.

O Futuro do Roteiro

Dada a natureza privada de grande parte do património envolvido, a «Rota foi necessariamente

condicionada por fatores que se prendem com questões de acessibilidade, permissão de visita,

potencialidades lúdicas e pedagógicas dos sítios e monumentos.»12

O problema aqui mencionado é partilhado

com outros territórios e os seus monumentos classificados. Só uma ação governativa forte e políticas públicas

robustas darão uma resposta que corrija estas entropias. O papel do Parlamento é, por isso, essencial. Foi na

Assembleia da República que este setor de estudo e preservação do património conheceu uma preocupação

mais sustentada, aquando da inserção dos valores técnico e industrial na da Lei de Bases do Património

(2001) e, a partir desse momento, da parte de vários grupos parlamentares que, de forma mais local do que

nacional, propuseram ações de salvaguarda de património espalhado por todo o território.

Há um caminho longo a percorrer. O Ano Europeu das Jornadas Europeias do Património Industrial e

Técnico (2015), podia ter significado um aproveitar da oportunidade para relançar esta rota e unir esforços

para o efeito. Infelizmente, isso não aconteceu. O que tem acontecido é que a salvaguarda deste património,

apesar de realizado, é sempre «esporádico, atomizado e culturalmente marginalizado, na orla do debate

público». Acontece mais devido à sociedade civil organizada, com massa crítica especializada e

academicamente preparada (como é o caso da APAI – Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial), mas

só isso não chega.

Existem várias tentativas na área da valorização da arqueologia moderna e contemporânea, em específico

na vertente industrial. A título de exemplo, o ISCET (Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo)

iniciou em 2010, trabalhou afincadamente no itinerário do Conselho da Europa sobre a II Guerra Mundial,

tentando incorporar a relação da exploração mineira em Portugal com esse fenómeno geopolítico e histórico.

9 Fernando Alves, Jorge. Património industrial, educação e investigação – a propósito da Rota do Património Industrial do Vale do Ave.

2003. 10

Ibidem. 11

Ibidem. 12

Alves Oliveira, Joana Cristina. Fafe, na rota do património industrial do Ave. Blog Planeamento Territorial.