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17 DE FEVEREIRO DE 2021

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em Portugal estavam em estado de burnout em 2016. Um estudo nacional sobre o «Burnout na classe médica»,

divulgado no final de 2016, revelou que dois terços dos médicos portugueses estavam em elevado nível de

exaustão emocional, uma das dimensões da síndrome de burnout. Um outro estudo da Universidade do Minho

constatou igualmente que um quinto dos enfermeiros tinha sintomas de exaustão física e emocional.

Em 2019, o Conselho Nacional de Saúde no seu relatório «Saúde mental em Portugal: um desafio para a

próxima década» já apontava para uma realidade muito preocupante, no que diz respeito à prevalência de

perturbações de foro psicológico ou psicológico, assim como às lacunas nas respostas existentes.

Os resultados do estudo «Saúde Mental em Tempos de Pandemia (SM-COVID19)» indicam que cerca de

25% dos participantes apresentam sintomas moderados a graves de ansiedade, depressão e stress pós-

traumático.

De acordo com resultados deste trabalho, na população em geral, são sobretudo os jovens adultos e as

mulheres que apresentam sintomas de ansiedade e depressão moderada a grave. Já de entre os profissionais

de saúde e também como esperado, são sobretudo aqueles que estão a tratar doentes com COVID-19 que

apresentam ansiedade moderada a grave (42%), sendo que é ainda neste grupo de indivíduos que os níveis de

burnout (exaustão física e emocional) são mais elevados (43%).

A Ordem dos Psicólogos Portugueses já tinha alertado para o aumento da procura de cuidados de saúde

psicológica e mental, lembrando, no Relatório sobre impacto socioeconómico e saúde mental, que os cuidados

primários do Serviço Nacional de Saúde têm menos de três psicólogos para cada 100 mil habitantes. Isto,

reconhecendo a importância da criação da linha de aconselhamento psicológico do SNS24, mas o Serviço

Nacional de Saúde conta apenas com 250 psicólogos ao nível dos cuidados de saúde primários, um número

muito reduzido para dar resposta às necessidades das pessoas que na sua maioria não consegue aceder a este

tipo de respostas de saúde. Lembramos que ainda se encontra por concluir o reforço de 40 psicólogos no SNS,

que decorreu de proposta do PAN (artigo 48.º do Orçamento do Estado de 2018). Podemos ainda referir o tempo

que o Programa Nacional para a Saúde Mental tem levado a ser concretizado, tendo o seu coordenador referido

que esta precisava de apoio político.

É inegável que o SNS sofre de insuficiências graves no que diz respeito à acessibilidade, equidade e

qualidade dos cuidados de saúde mental, com graves assimetrias entre regiões. Não há dúvidas que a saúde

mental precisa de ser valorizada e que o seu financiamento não tem que ser proporcional à sua prevalência,

importância e gravidade.

Um estudo ora publicado pela Associação Académica de Coimbra «O Impacto do Confinamento na Academia

de Coimbra» concluiu que 74% dos estudantes pensaram em desistir devido à perda de rendimentos e

dificuldades associadas ao ensino a distância. As respostas mostram ainda que 66% dos estudantes se sentiram

ansiosos muitas vezes ou sempre e que 55% se sentiram frustrados. Sentimentos como apatia (34%), angústia

(46%), tristeza (34%) e confusão (40%) também tiveram percentagens elevadas e 20% dos estudantes revelam

«ter tido um ou mais pensamentos suicidas durante o confinamento».

Muitos dos sinais de perturbação psicológica na vida adulta surgem na infância e na adolescência, pelo que

as escolas se constituem enquanto espaços privilegiados para identificar e sinalizar comportamentos que

possam vir a consolidar problemas de saúde mental. Uma vez que continuam a ser deficitários os profissionais

de psicologia nos contextos educativos, é fundamental formar as comunidades educativas, nomeadamente o

pessoal docente e não docente para capacitar todos a melhor agirem nas sinalizações e no seguimento a dar

aos estudantes que lidam com sofrimento emocional ou com outro problema que consolide abuso ou risco

psicossocial para a criança ou adolescente.

A Associação Nacional de Cuidadores Informais veio também alertar para o papel essencial que os

cuidadores desempenham na promoção da saúde e bem-estar da pessoa que cuidam, assim como no garante

da sua autonomia e manutenção da qualidade de vida. Mas também os cuidadores informais, precisam eles

próprios de apoio, de acompanhamento, sob pena de se depararem com situações extremas de desgaste físico,

emocional, psicológico, comprometendo quer a sua saúde, quer a prestação de cuidados da pessoa que cuida.

A Associação Nacional de Cuidadores Informais também alertou para a necessidade de interoperabilidade dos

ministérios da saúde e da segurança social, que consideram ser um obstáculo estrutural à implementação do

Estatuto de Cuidador Informal.

É de referir ainda que o relatório «Evidência Científica sobre o Custo-Efetividade de Intervenções

Psicológicas em Cuidados de Saúde» (Ordem dos Psicólogos Portugueses, 2011), veio demonstrar que, para

além da efetividade das intervenções psicológicas em contextos de saúde, há também uma relação custo-