O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

19 DE MARÇO DE 2021

35

No último ano, é justo também assinalar dois outros eventos de grande impacto mundial, já anunciados

também para 2021, o Grande Prémio de Fórmula 1 e o Moto GP, que para além do público que podem atrair ao

Algarve para assistir às provas, asseguram uma visibilidade e uma posição internacional do Algarve em termos

concorrenciais de enorme relevância para a notoriedade turística da região e de Portugal.

Em conjunto com as autarquias, a Região de Turismo do Algarve e os hoteleiros da região, o Algarve foi ao

longo dos anos tentando complementar a sua oferta base com outras experiências designadamente também na

área cultural, ainda que se admita, com menor visibilidade e reconhecimento.

Seja porque desde o Estado Novo sempre se promoveu a ideia errada de que esta é uma região

culturalmente pobre e destituída de património, seja porque a criação de circuitos culturais, materiais e imateriais,

necessitam de tempo e persistência, a verdade é que a cultura e a criação artística nunca assumiram na região

todo o seu potencial, tanto do ponto de vista económico, como de afirmação de uma nova experiência turística,

contribuindo dessa forma para a diferenciação do produto «Algarve» também do ponto de vista cultural.

Apesar da Universidade do Algarve ministrar um reputado curso de artes visuais, com destacados artistas

plásticos portugueses no seu quadro docente, de que são exemplo Xana e Rui Sanches, e da região ser e ter

sido residência eleita de um notável elenco artístico, internacional e nacional, desde Patrick Swift, a Günter

Grass, de João Cutileiro, a Jorge Mealha, de Joaquim Bravo, a Pedro Cabrita Reis, passando por Rene Bertholo,

Cruzeiro Seixas, Cid dos Santos ou Costa Pinheiro, para além dos seus naturais, Manuel Baptista, Lídia Jorge,

Viviane, Domingos Caetano, William Junqueira, Gastão Cruz, Nuno Júdice, Rodrigo Gomes, Rúben Garcia,

Áurea, Carlos Guilherme, Ricardo Valentim, Mário Laginha, Dino D’Santiago, Henrique Ralheta, Rodrigo Rosa,

José Eduardo, Vanessa Barragão, Mariana Gomes, José Carlos Fernandes, entre tantos e tantos outros, na

verdade a cultura nunca conseguiu desenvolver todo o seu potencial económico, nem o destino turístico Algarve

conseguiu materializar esta vantagem concorrencial.

Nos anos oitenta a região do Algarve foi palco do Festival Internacional de Música, tendo ficado igualmente

celebres as digressões da Gulbenkian, a Bienal de Arte de Lagos ou a Galeria Trem em Faro. Com altos e

baixos, muito dependentes da interpretação de cada um dos 16 municípios da região a este tipo de iniciativas,

haveríamos no inicio do milénio de assistir à criação do ALLGARVE, cuja polémica com o nome acabaria por

diminuir, se não mesmo tornar irrelevante, o seu contributo para uma diferenciação cultural da região e mais

recentemente ao 365 Algarve, que à sua quarta edição acabou por ficar suspenso, como praticamente toda a

atividade económica da região, em virtude da pandemia COVID-19.

O balanço efetuado pela Universidade do Algarve a este programa que se desenvolve na época baixa e

privilegia os territórios do interior e de baixa densidade não pode deixar de merecer uma referência. 70% das

empresas de alojamento, restauração e animação turística já conhece ou ouviu falar do programa, tendo mesmo

recomendado eventos e classificando o mesmo em termos de desempenho entre «de acordo com as

expectativas» e «algo melhor do que esperavam». Ainda assim, o número de turistas não ultrapassa os 20% do

total de 377 mil espectadores no conjunto das três primeiras edições. O que nos permite concluir da necessidade

de aprofundar o modelo do programa e a sua interligação com o sector hoteleiro.

Ainda assim, apesar da intermitência de uma aposta na cultura e no seu potencial económico como

experiência turística, foram ficando estruturas organizadas, de que se destacam a ACTA – Companhia de Teatro

do Algarve, a Orquestra Clássica do Sul, a Orquestra de Jazz do Algarve, o LAC – Laboratório de Atividades

Criativas, a Associação 289 e um conjunto de empresas, associações e iniciativas particulares que se juntam a

uma rede de galerias, teatros e museus municipais que proporcionam um fértil terreno criativo na região que

através do município de Faro propõe-se ser Capital Europeia da Cultura em 2027.

Sendo reconhecido que o turismo é essencialmente cultural e que a criação artística e a cultura são fatores

de competitividade e de desenvolvimento económico, parece-nos claro que o Algarve, enquanto principal destino

turístico do País, deveria desenvolver uma estratégia continuada de forma a afirmar a cultura como experiência

de vivência agradável e entusiasmante para os seus visitantes e, não menos relevante, para os seus residentes.

Sabendo que turismo é cultura e que a cultura é economia, é lógico que os destinos turísticos de maior

sucesso são aqueles que conseguem diferenciar-se, nomeadamente, criando sinergias positivas entre a

indústria da cultura e a indústria do turismo.

Assim, ao abrigo das disposições regimentais e constitucionais aplicáveis, os Deputados abaixo assinados

apresentam o seguinte projeto de resolução.

Nos termos da alínea b) do artigo 156.º da Constituição da República Portuguesa, a Assembleia da República