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23 DE AGOSTO DE 2021

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1435/XIV/2.ª

RECOMENDA AO GOVERNO QUE PRESSIONE A UNIÃO EUROPEIA E A ONU A REFORÇAR A

INVESTIGAÇÃO À ORIGEM DO SARS-COV-2

Exposição de motivos

Mais de quatro milhões de mortos depois, o mundo não sabe ainda explicar com rigor como surgiu o SARS-

CoV-2.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), a quem devia ser dada toda a prioridade na investigação do caso,

viu o seu trabalho de pesquisa no terreno ser condicionado pelas autoridades chinesas, como afirmou o

investigador Peter Embarek que liderou a equipa da OMS que esteve na China no início deste ano.

Quase dois anos depois de ter sido detetado o vírus em humanos, sabe-se apenas que o mesmo foi

transmitido a partir de um morcego. Porém, dizem os investigadores, não foram encontrados vestígios do vírus

no mercado de Wuhan que, segundo as autoridades, havia sido o ponto de origem da transmissão do vírus.

Peter Embarek admitiu também, numa entrevista concedida a uma cadeia de televisão dinamarquesa

divulgada esta semana, que o tema deveria ser ainda mais investigado, afirmando que a conclusão do relatório

por si assinada foi o «compromisso possível» face aos constrangimentos sentidos no trabalho de campo.

É inconcebível que em pleno século XXI se resuma uma investigação desta forma. Cabe recordar que

morreram, até ao dia de hoje, mais de 4,3 milhões de pessoas em todo o mundo e mais de 200 milhões de

cidadãos inocentes foram contaminados com o SARS-CoV-2.

A disseminação do vírus provocou milhões de falências em todo o mundo; milhões de pessoas perderam os

seus empregos ou viram os seus rendimentos diminuídos; milhões de pessoas morreram devido a outras

doenças porque os países praticamente fecharam os seus sistemas de saúde monopolizando-os para o

tratamento da COVID-19.

Todas estas consequências fizeram sentir-se um pouco por todo o mundo, com maior incidência nuns países

e menor noutra. O que não deixa de ser curioso é que a China, local de origem do vírus, já se reergueu enquanto

a Europa e o resto do mundo começam ainda a dar pequenos passos em direção à recuperação económica e

social.

Ao mesmo tempo, é do conhecimento geral que as autoridades chinesas têm bloqueado o trabalho dos

investigadores da OMS que, quase dois anos volvidos, têm apenas desconfianças a apresentar e praticamente

nenhumas certezas.

Se não há vestígio do vírus no mercado de Wuhan então a transmissão terá tido lugar noutro local, mas qual?

Os investigadores não conseguiram ainda definir com certeza porque as autoridades chinesas não lhes deram

acesso a dados e documentos. Porquê? O que têm a esconder do mundo? A sua responsabilidade? A sua

inação? A sua incompetência?

Existe ainda a possibilidade de o vírus ter sido transmitido num laboratório a que foi dada pouca importância,

mas onde estavam coleções de vírus e de parasitas de morcegos, como foi noticiado esta semana pela imprensa

nacional e internacional. E segundo os investigadores da OMS, as equipas deste laboratório mudaram de local

de trabalho no início de dezembro de 2019 para um local que fica a apenas 500 metros do mercado de Wuhan.

Por que terá passado esta informação despercebida? Estará aqui a responsabilidade da China, dos seus

investigadores, das suas autoridades na disseminação do vírus e, pior, no silêncio em que se têm refugiado

desde o final de 2019?

Mas tudo isto são suposições que não são possíveis de concretizar dadas as dificuldades das equipas da

OMS em investigar em terreno chinês.

Este é um problema que afeta o mundo inteiro, desde os países mais desenvolvidos até aos menos

desenvolvidos; desde ricos a pobres; desde países do hemisfério norte a países do hemisfério sul e, por isso, é

urgente que o mundo se una e dê plenos poderes e apoio global à equipa de investigadores da OMS para que

possa, finalmente, indagar em território chinês e perceber de que forma, onde e com quem teve início a

disseminação deste vírus que mudou a vida do mundo inteiro.

Por tudo isto, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, a Assembleia da República

reunida em sessão plenária, recomenda ao Governo que: